Panda
Há uma febre de listas do tipo “Os maiores…” em revistas especializadas. Já disse aqui que gosto do tema, principalmente se houver amigos e cerveja por perto.
A lista que mais chamou minha atenção saiu em Motorsport de janeiro, apontando as cem melhores corridas de todos os tempos em todas as categorias. A seguir, as dez melhores:
1 – GP da Alemanha de 57. Fangio, de Maserati, em sua última vitória, batendo as Ferrari de Hawthorn e Collins com malícia e velocidade.
2 – GP da Europa de 93. Esta, todo mundo conhece: Senna, no chove-e-para de Donington, humilhando Prost.
3 – Mille Miglia de 55. Vitória de Stirling Moss, de Mercedes esporte, percorrendo as estradas italianas. Não sei detalhes da prova. Talvez o Alexandre Zamikhowski possa nos dar uma mão.
4 – GP da Alemanha de 68. Vitória de Jackie Stewart em meio à chuva forte e neblina. Uma pilotagem espetacular, como a de Senna em Donington.
5 – GP da Inglaterra de 87. Urgh! Esta, nós temos de engolir: Mansell batendo Piquet na Stowe depois de trocar pneus e recuperar trinta segundos de vantagem para o brasileiro.
6 – GP da Itália de 67. Obra prima de Jim Clark. Com um pneu furado, ele perde uma volta no começo da corrida. Troca o pneu e vai recuperando posições até terminar em 3º, baixando o tempo de volta em quatro segundos.
7 – GP da Alemanha de 35. Tazio Nuvolari com uma diminuta Alfa Romeo derrota a Alemanha Nazista inteira.
8 – GP de Mônaco de 61. Stirling Moss com um Lotus bate a equipe Ferrari rodando praticamente toda a corrida abaixo do tempo da pole.
9 – GP da Espanha de 81. Vitória de Gilles Villeneuve por um fio de cabelo frente a quatro competidores. Panda pode contar mais sobre esta corrida.
10 – GP da França de 79. Nunca um disputa roda-a-roda foi tão literal quanto as duas ou três últimas voltas desta corrida, opondo Gilles e René Arnoux. O que os dois fizeram naquelas voltas é indescritível.
Na lista das cem maiores corridas, os jornalistas que as elegeram, todos ingleses, cometeram pelos menos dois erros crassos. Comedores de miúdos, filhos da p… “Esqueceram-se” de duas corridas vencidas por brasileiros:
– GP da Argentina de 73, quando Emerson jantou Jackie Stewart e François Cevert na raça, pois o Lotus do brasileiro era menos veloz nas retas do que os Tyrrel e uma imensa mancha de óleo cobria o único ponto de ultrapassagem possível.
– Uma corrida de Fórmula 2 em Nurburgring (o velho, o inferno verde, com 22 km de extensão, e não o carrossel de hoje em dia), vencida por Alex Dias Ribeiro, competindo contra a nata da categoria, inclusive equipes apoiadas pela BMW. Alex ganhou a corrida com uma vantagem de um décimo de segundo sobre um certo Keke Rosberg.
Os ingleses podem alegar esquecimento sem aspas ou o que quiserem mas para mim, a ausência de Emerson e Alex na lista – que tem até vitória do Johnny Hebert na Fórmula Ford – trai apenas preconceito daqueles boiolas enrustidos contra nós brasileiros.
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Que idiota que sou. Só ao ler já no ar minha última coluna é que me dei conta de que esqueci de uma importantíssima pergunta a ser respondida pela temporada 2002 – quem vai levar a melhor: Ralf Schumacher ou Juan Pablo Montoya?
Já disse em outras colunas do meu fascínio por esta disputa que irrompeu no ano passado e terminou com a impressão geral de que Montoya é mais braço apesar do alemão ter vencido três provas e Montoya uma só.
Meu palpite é o de quase todo mundo: deve dar Montoya. Mas veremos um combate épico: de um lado o colombiano, puro talento e intuição a tal ponto de ser capaz de rivalizar com O Grande Michael. De outro, Ralf lutando contra o fantasma do irmão mais velhos, mais maduro, mais premiado, mais talentoso.
Como se vê, na briga entre os dois, o pivô será Michael, assim como de todo o resto da temporada.
Abraços irados – só contra ingleses
Eduardo Correa