E Rubens Barrichello foi buscar o terceiro lugar, depois de uma perseguição encarniçada a Jarno Trulli nas voltas finais do GP da França, ajudado por um vacilo quase imperceptível de Jenson Button na saída do último pit stop dele e provavelmente por algum pequeno erro de Trulli não mostrado pela TV nas últimas curvas da última volta, provocado por pneus pra lá de desgastados.
Não esperava nada de muito especial de Rubinho, muito menos que ele fosse para o ataque logo cedo. Acho que a equipe simplesmente não permitiria uma direção agressiva no estágio inicial da corrida, preferindo apostar na paciência.
A estratégia da Ferrari deu certo mas na hora em que precisou acelerar, Rubinho não negou fogo. Parabéns para ele.
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Pneus desgastados também foram a provável causa de um desempenho decepcionante de Fernando Alonso quando teve pista livre para acelerar, antes do seu 2º pit stop.
Mas não foi necessariamente culpa da Michelin. Vocês viram como Alonso atacava as zebras de Magny-Cours? Viram como Michael Schumacher conduzia seu Ferrari de forma muito mais suaves?
Pois é. É por isso que o alemão já ganhou nove corridas este ano e, com todo respeito pela inteligência estratégica da Ferrari, é ele quem faz a diferença, no final das contas.
Parabéns para ele, este monstro devorador de recordes, este fenômeno de motivação, concentração e velocidade, que nos tem dado o privilégio de vê-lo vencer tantas e tantas vezes.
Pena que alguns achem isso apenas aborrecido.
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Sobre os maltratos aos pneus, quem for paciente e tiver gravado a corrida, procure reparar no que aconteceu com o pneu dianteiro direito do Renault de Alonso nos momentos imediatamente antes e depois de ele abrir a 30ª volta.
Um dos sulcos do pneu torna-se muito mais escuro, quase brilhante – imagino que por causa do aquecimento -, na medida em que ele freia para aquela chicane ridícula antes da linha de chegada e ataca impiedosamente as zebras. Depois, a faixa volta à cor do resto do pneu.
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Por falar em Alonso – estou me antipatizando com este cara –, ele teve o que mereceu hoje, sendo duramente humilhado por Schumacher depois das reclamações histéricas e despropositadas contra Felipe Massa.
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Ulalá! Que pista idiota esta de Magny-Cours, perdida no equivalente francês à nossa caatinga (pela desolação da paisagem).
Aliás, nunca gostei do GP da França. A única pista de lá na qual vi corrida (pela TV) e gostei foi Clermont Ferrand, construída em meio a uma serra – imagine só – e isso foi em 72.
De Paul Ricard nunca gostei mas depois dela as coisas estão como no Brasil: só pioram. Primeiro Dijon e agora Magny-Cours. Pensei que ia ficar livre dessa mas o seu Bernie Ecclestone acabou arrancado os caraminguás dos franceses e lá vamos nós de novo.
Além disso, nunca demos sorte por lá: uma única vitória brasileira em 35 participações – Piquet 85, uma vitória surpreendente, que muitos não entenderam até hoje pois ele amargava o desenvolvimento dos pneus Pirelli pela Brabham. Não havia conseguido quase nada até aquele GP e quase nada conseguiu depois. E a França, é bom lembrar, foi o único país onde Senna não venceu nenhum GP.
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Perguntar não ofende:
1 – por que o carro da Sauber, equipado com o motor Ferrari, é tão ruim?
2 – A McLaren terá coragem de comemorar a estréia do novo carro, com os 6º e 7º lugares de Coulthard e Raikonenn?
3 – E será que Montoya estava com tanta dor no pescoço assim, a ponto de fazer a corrida que fez?
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Arma-se uma Fórmula 1 renovada para 2005.
Williams, Toyota e muito provavelmente, Jaguar, Jordan e Minardi terão dois pilotos novos (não que estas três últimas façam muita diferença); McLaren e provavelmente Sauber trocarão um piloto, restando alguma dúvida se Renault e Bar farão o mesmo.
De certo, até agora, só a preservação da dupla da Ferrari, com Schumacher já se firmando como o maior favorito ao título do ano que vem.
Ou seja: muda tudo mas continua o mesmo.
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Max Mosley falou com todas as letras na sexta-feira algo que temo já desde o ano passado: “a questão é que a F1 está muito rápida, e algo precisa ser feita. Desse jeito, logo voltaremos a ver pilotos morrendo”.
Sim. Os carros são velozes demais e Mosley tem toda a razão em buscar formas de segurar seus desempenhos, principalmente em curvas.
O problema é: como? A única forma é esterilizar o desenvolvimento dos pneus e a melhor idéia que ocorreu a Mosley (alguém tem outra?) é limitar o fornecimento a um único fabricante.
A idéia de impor sulcos nos pneus foi acenada no passado como uma solução mas o que se viu foi o desenvolvimento frenético dos compostos. As velocidades continuaram a crescer, o que levou Mosley a dizer que havia sido traído pelos técnicos das equipes.
Agora, ele armou um tiro de canhão que não está sendo aceito pelas equipes.
Mas eu não acredito numa renúncia de Mosley, anunciada para outubro. Lembrem-se que Mosley solta balões de ensaio na mesma proporção que Paulo Maluf promete realizações caso eleito. Não foi Mosley quem propôs embaralhar carros e pilotos no meio da temporada?
Além disso, sabe-se que Mosley planeja separar as atividades da Fia, entidade da qual é presidente, deixando de um lado o esporte e de outro segurança, trânsito, turismo etc., sendo que ele cuidaria desta última deixando o esporte, segundo se comenta, aos cuidados de Jean Todt.
Enfim, vamos aguardar outubro e ver o que o seu Mosley e a Fórmula 1 fazem da vida.
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Enquanto isso, não muito longe dali, os melhores ciclistas do mundo concluíam o segundo dia de provas do Le Tour de France. Um espetáculo maravilhoso de superação humana (descontadas as acusações de doping) e esportividade.
Quem tiver a oportunidade, não deve perder. Passa diariamente, até dia 25, na ESPN Internacional, ao vivo ou em boletins noturnos de primeiríssima qualidade, inclusive pela narração e comentários em português de Roby Porto e Marco Alfaro.
Boa semana a todos
Eduardo Correa |