Luis Fernando Ramos |
Foi em 13 de maio de 1999, mas parece que foi ontem. Era o primeiro dia de atividades da Rio 200, a etapa brasileira no calendário da CART. Um verdadeiro dilúvio despencou sobre o autódromo de Jacarepaguá e, por volta das 13 horas, todas as sessões de treinos programadas foram oficialmente canceladas. Em pouco tempo o paddock ficou vazio. Pilotos e chefes de equipe já haviam debandado para o conforto de seus hotéis de luxo. Sobraram apenas o pessoal da organização, os jornalistas e os mecânicos das equipes. E Cristiano da Matta.
O diminuto mineiro passou o dia empoleirado nos boxes de sua modesta equipe, a Arciero-Wels. Ficou ali, o tempo inteiro ao lado dos mecânicos, acompanhando a montagem do carro com que disputaria a prova. Interessado em aprender cada detalhe sobre seu carro (era uma de suas primeiras corridas na CART), deixou o autódromo apenas às 10 horas da noite. Era claro demais que ele iria chegar longe.
A dedicação extrema de Cristiano – algo sempre latente durante toda sua carreira – rendeu frutos. No ano seguinte, conseguiu sua primeira vitória na categoria – e a primeira também de um motor Toyota. Passou para Newman-Haas em 2001 e ganhou mais três corridas. No ano passado, sete triunfos e o título conquistado com quatro etapas de antecipação.
Mais do que seu histórico na CART, o que abriu as portas da Fórmulaal conhecendo a pista de Melbourne, realizou um ótimo traba 1 para Cristiano foi seu ótimo trabalho com os motores Toyota. Sua seriedade no trabalho e sua vontade de vencer são características que não passaram desapercebidas aos dirigentes da Toyota. Tanto que a alta cúpula da empresa impôs sua contratação contra a vontade do chefe da equipe de F-1, o sueco Ove Andersson.
Mas Cristiano tratou de apagar quaisquer dúvidas que se mantivessem na cabeça de Andersson logo no primeiro dia da temporada quando, mlho no treino cronometrado da sexta-feira. Só não ficou entre os quatro primeiros por um erro feito na última curva.
Marcou os primeiros pontos da equipe na quinta corrida, o GP da Espanha, e liderou 16 voltas do Grande Prêmio da Inglaterra como gente grande, sem sucumbir ante a pressão imposta por Kimi Raikkonen. Encerrou o ano com o terceiro lugar no grid de largada da corrida em Suzuka.
Para ajudar Cristiano, um companheiro de equipe dos sonhos: Olivier Panis. Experiente e simpático, o francês sempre apostou que a colaboração entre os pilotos só faz uma equipe crescer. Assim, o ambiente na Toyota é dos mais positivos. Como o brasileiro gosta. Foi assim na Arciero-Wels e na Newman-Haas, onde tem amigos até hoje.
Aos 30 anos de idade, Cristiano da Matta parte para sua segunda temporada na Fórmula 1. Conhecendo melhor os circuitos e o ambiente do circo, bem diferente do que estava habituado nos Estados Unidos, o mineirinho vai viver um ano decisivo. A Toyota vai injetar 500 milhões de dólares na F-1 em 2004 e quer brigar por vitórias.
Com Mike Gascoyne projetando o chassis, Gustav Brunner na parte aerodinâmica e os japoneses cuidando do motor, pode estar nascendo uma nova potência na categoria. Dinheiro para isso não vai faltar. Melhor para Cristiano que ao final de 1996, quando trocou a F-3000 pela Indy Lights, declarou que não estava desistindo do sonho de chegar à F-1 e ser vencedor nela, apenas tomava um outro caminho. Quem acredita, sempre alcança.
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É neste fim de semana a decisão do Mundial de Rali. Após Richard Burns ser acometido por um estranho desmaio às vésperas do evento no País de Gales (há quem diagnostique sintomas de amarelite), sobraram apenas três para brigar pelo título: Sebastien Loeb, Carlos Sainz (ambos Citroen) e Petter Solberg (Subaru).
O norueguês Solberg venceu o Rali da Grã-Bretanha no ano passado e conta com a eficiência dos pneus Pirelli em piso molhado. O francês Loeb tem o ímpeto da juventude e luta para ser o primeiro francês a vencer o WRC desde 1994. Para terminar, o espanhol Sainz conta com anos a mais de experiência que seus rivais para levar o título. Pelo que mostraram neste ano, qualquer um dos três será um justíssimo campeão.
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Devido a uma série de contratempos, o especial sobre as corridas na Gávea que eu havia prometido para outubro irá ao ar apenas em dezembro. A produção está em curso e vale a pena aguardar.
Abraços e até a próxima,
Luis Fernando Ramos