Dezesseis dias atrás, Carlos Sainz dava entrada no Hospital Militar de Jedá para realizar uma cirurgia de retirada de apêndice, após o espanhol passar alguns dias se sentindo mal. Perder o final de semana saudita era apenas mais um revés nesse ano de 2024 para Carlos Sainz. Mesmo tendo chegado à frente de Leclerc no Bahrein, Sainz recebeu a notícia nada agradável de que estava fora dos planos da Ferrari em 2025 antes mesmo da temporada 2024 começar, sendo substituído por Lewis Hamilton na transação mais bombástica dos últimos anos na F1.
Sainz foi para Melbourne sem estar 100% fisicamente e seu substituto na Arábia Saudita, o talentoso Oliver Bearman, estava de prontidão no caso de Carlos não puder correr na Austrália. Correndo com uma proteção no lugar da cirurgia, Sainz começou os treinos livres com cautela, mas sentindo a força da Ferrari no final de semana australiano. Após ficar atrás de Leclerc na sexta-feira, Sainz superou o companheiro de equipe na classificação e foi ele quem lutou com Max Verstappen quando os problemas no freio da Red Bull apareceram ainda na segunda volta da corrida, capitalizando o abandono de Max com uma vitória contundente.
A terceira vitória de Sainz na F1 foi a mais inesperada pelo contexto do que vinha sendo 2024 para a F1, com a Red Bull iniciando outro domínio e toda a situação contratual do espanhol. Tanto que ao sair do carro para dar a entrevista antes de subir ao pódio, Sainz usou a palavra que resume bem as últimas semanas do espanhol: uma montanha-russa.
Mesmo dispensado pela Ferrari, Carlos Sainz foi o único piloto não-Red Bull a vencer na F1 de 2023 para cá. Vindo de nove vitórias consecutivas e largando da pole, era esperado que Max Verstappen desse outro passeio no parque (literalmente!) em Albert Park, ainda quando o neerlandês apontou na primeira curva na frente. Max logo impôs oito décimos em cima de Sainz, mas Verstappen deu uma ligeira escapada na curva 3 e permitiu à Sainz uma ultrapassagem na longa reta oposta. Cena rara, mas que o ritmo avassalador de corrida da Red Bull resolveria isso rapidamente. Enquanto isso, pelo rádio, Verstappen reclamava do comportamento do seu carro. A resposta para isso não tardaria a aparecer. Uma fumaça branca surgiu na traseira da Red Bull e o que inicialmente poderia ser o motor Red Bull/Honda indo para o espaço, nada mais era que o freio traseiro direito superaquecido. Quando a fumaça se transformou num incêndio de proporções consideráveis, Max tirou o pé e encostou seu carro nos pits com as chamas já tendo provocado a explosão do pneu do seu Red Bull. Game Over para Max. E o sonho de um campeonato 100% para a Red Bull tinha ido embora.
O final de semana australiano não foi dos mais fáceis para a Red Bull, com a pole de Max sendo o melhor momento da equipe em Melbourne, abrindo espaço para algumas dúvidas após a corrida em Alberto Park. Após a corrida Sergio Pérez afirmou categoricamente que mesmo com Max na pista, a equipe austríaca não venceria em Melbourne, indicando que o modelo RB20 possa ter alguns pontos fracos que não ficaram evidentes nas duas primeiras provas do campeonato. Juntando a isso, o ótimo ritmo da Ferrari na pista vitoriana significa uma evolução dos italianos ou apenas um ponto fora da curva, com a Ferrari se adaptando muito bem ao circuito citadino de Melbourne?
Essas perguntas serão respondidas ao longo do ano.
Cumprindo aviso prévio, Sainz simplesmente não deu chances à Leclerc, que completou a dobradinha da Ferrari, a primeira em dois anos. Sainz dominou a corrida como quis, não sendo ameaçado em qualquer momento e até deixando a Ferrari numa situação difícil em determinar qualquer ordem de equipe à favor de Leclerc, que teve um final de semana bem opaco, sendo totalmente eclipsado pelo companheiro de equipe que está de saída do time. Afora o VSC causado por Hamilton, onde Leclerc chegou a ficar 1s atrás de Sainz, o monegasco mais se preocupou em deixar as duas McLarens a uma boa distância do que efetivamente atacar Sainz. Leclerc fez a volta mais rápida da corrida para ficar isoladamente na vice-liderança do campeonato, superando a outra grande decepção do dia. Com os problemas de Max ainda no início da prova, é esperado que o segundo piloto da equipe dominadora da temporada capitalize os problemas do líder do campeonato e da equipe. Contudo, Pérez já havia tomado uma punição de três posições no grid por uma fechada em Hulkenberg na classificação, relegando o mexicano à sexta posição, que virou sétimo após a ótima largada de Russell. Pérez ficou várias voltas atrás do inglês, mas só se livrou de George na primeira rodada de paradas. Com pista livre, parecia que Checo iria partir para o pódio, com um ritmo bem forte, mas Pérez acabou perdendo rendimento no último terço de corrida, sendo até mesmo perseguido por Alonso antes de sua segunda parada.
A Red Bull argumentou que após ultrapassar Alonso, o carro de Pérez sofreu um dano no assoalho que tirou bastante downforce do mexicano, mas ficar um minuto atrás do vencedor tendo o melhor carro do pelotão não pegou muito bem para Checo.
Sem a Red Bull, a McLaren assumiu a tocha de segunda força em Melbourne e o time comandado por Zak Brown cumpriu o que dela se esperava nessa situação, ficando em terceiro e quarto, com Norris conseguindo o primeiro pódio da McLaren em 2024. Lando forçou bastante em cima de Leclerc, mas não houve uma verdadeira briga por posições. Norris retornou ao pódio, enquanto o local Piastri fez uma corrida bem sem graça, tendo ainda que ceder sua posição para Norris via ordem de equipe, acabando Piastri em quarto a praticamente 30s atrás do companheiro de equipe. A Mercedes saiu de Melbourne zerada, mas por motivos distintos. No pior início de temporada em sua já longa carreira, Lewis Hamilton abandonou com o motor quebrado ainda no primeiro terço de corrida, com o inglês mal conseguindo pontuar no momento, depois de ficar no Q2 na classificação. Observando os inícios de temporada de Sainz e Hamilton, será mesmo que a Ferrari fez a melhor escolha para 2025?
Já Russell fazia uma corrida decente, bem superior à de Hamilton e se aproximava de Alonso na briga pela sexta posição nas voltas derradeiras da corrida. Na última volta Alonso fez o chamado ‘brake test’ e Russell acabou estampando o muro com força, ficando com o carro quase capotado no meio da pista, implorando por uma bandeira vermelha. Depois da corrida, a FIA impôs uma forte punição à Alonso, que caiu para oitavo após tomar 20s, beneficiando seu companheiro de equipe Stroll e Tsunoda.
Apesar de que o ‘brake test’ seja algo que os pilotos não gostem, essa intervenção da FIA abre um precedente perigoso para as disputas entre os pilotos nas corridas de F1. A FIA irá medir em todas as corridas e em todas as voltas quando um piloto freou mais cedo quando estiver disputando posição?
Com George Russell estampado no muro, se confirmou uma estatística curiosa: toda vitória de Sainz significa um forte acidente de Russell…
A Haas vem sendo a surpresa positiva desse início de campeonato e o time americano colocou seus dois pilotos na zona de pontuação, colocando a Haas numa situação interessante no Mundial de Construtores, após uma pré-temporada sombria do time agora comandado por Ayao Komatsu. Falando em Komatsu, foi triste ver a Williams tendo que sacrificar a corrida do segundo piloto Logan Sargeant após Albon destruir seu carro na sexta-feira e o time não ter um chassi reserva. Mesmo tendo agora um patrocinador máster (Komatsu), a Williams vai se distanciando cada vez mais dos seus tempos de glória.
Tsunoda marcou os primeiros pontos da Racing Bulls, escancarando a diferença que hoje há entre o japonês e Daniel Ricciardo. O australiano fez outra corrida para esquecer, dessa vez correndo em casa, não vislumbrando a pontuação e nem a amizade com o encrencado Horner, que tem mais com o que se preocupar, parece ajudar Ricciardo, que já viu a transmissão da TV mostrar Liam Lawson nos boxes. Basta ligar os pontos…
No esporte é bastante comum observamos o passado e o futuro se encontrando, numa troca de guarda que marcaram vários momentos bonitos nos esportes ao longo dos anos. Na F1 vimos isso claramente no pódio do Grande Prêmio EUA-Oeste, com Nelson Piquet vencendo pela primeira vez, tendo ao seu lado Emerson Fittipaldi, que subiu ao pódio na F1 pela última vez. Nesse domingo podemos ter presenciado isso na MotoGP, com a belíssima corrida de Pedro Acosta, que ultrapassou seus dois experientes companheiros de equipe até chegar nas estrelas Marc Márquez e Pecco Bagnaia, ambos campeões e estabelecidos na MotoGP, deixando-os para trás em manobras decididas. Aos 19 anos, Acosta se tornou o terceiro mais jovem a subir ao pódio da categoria principal, mas pelo o que vem mostrado, esse não será o único milestone de Acosta em 2024.
Numa temporada que deve ter a Red Bull dominando, ver um pódio sem nenhum piloto da equipe austríaca chama a atenção de todos, trazendo algo novo para a F1 em 2024.
Sainz deu uma bela volta por cima, se colocando em evidência no agitado mercado de pilotos de 2025, mesmo com todas as dificuldades que enfrentou nesse primeiro quarto de ano. O certo foi que o freio traseiro de Verstappen ter pegado fogo deixou a corrida australiana bem mais animada do que o esperado, além de ter levantado e derrubado o moral de muitos pilotos. Que outras corridas sejam atingidas pelo imponderável!
Abraços!
João Carlos Viana
4 Comments
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E que montanha-russa!
Estatisticamente e pela natureza do piloto, na próxima corrida Max irá correr com sangue nos olhos para recuperar o ‘orgulho’ e o tempo perdido, sempre foi assim.
Sobre as equipes do fundo, bacana demais ver a reação da Haas, mas triste pela Williams e pela Alpine, uma equipe baseada em uma marca de pequena produção (ok, subsidiada pela Renault, mas ainda pequena). Espero que durante a temporada caia alguns pontinhos para eles não desistirem da categoria.
J.C. Viana,
assim como Edu, apostei 24 moedas que o Max ganha o Tetra … e fui além apostei mais 24 que ele e RBR venceriam todas as corridas dessa temporada … perdi uma moeda …
Não vou me empolgar com essa vitória da Ferrari … o Max só perde pra ele mesmo … o conjunto está uns 5 degraus acima dos demais, inclusive de seu companheiro de equipe …
A dinâmica das corridas de Formula 1 em 2024 promete 24 corridas chatas … Max voando na frente e os demais atrás comendo poeira … a diferença das corridas vão ficar por algum problema na RBR do holandês … podem ficar menos chatas … somente isso … foi o que vimos na Austrália … Sainz assumiu as redeas com o abandono do Max e conduziu a corrida a seu bel prazer …
A Ferrari é a segunda força e tem uns 2 degruas acima da Mclaren …
A Mercedez mais uma vez decepciona e assim como na temporada passada demonstra que não fez um bom carro, nem ao menos pra ser a segunda força desse campeonato … Hamilton fez o certo em assinar com a Ferrari …
Carlos Sainz venceu e continua desempregado para 2025 … se a opção for a Mercedez é bom pensar muito bem no assunto … é lá que teóricamente tem uma vaga livre para 2025 …
Fernando Marques
Niterói RJ
Grande Fernando, tudo bem com você?
Se você não se empolgou com essa vitória da Ferrari, somos dois! Por sinal, não duvido nada que Verstappen domine em Suzuka, como ocorreu ano passado, quando perdeu em Cingapura.