O GP da Malásia joga novos ingredientes na disputa apimentada entre os companheiros da Mercedes
Dezenove anos, não perca a conta. Dezenove anos de GP Da Malásia. Foi ali mesmo em Sepang que fomos apresentados a F1 do século XXI, moderna, expansionista, Tilkiana.
O campeonato aterrissa na pista malaia longe das famosas monções, mas não distante o suficiente das variações climáticas que a pista pode sofrer durante o GP.
No seu 19º aniversário no circo máximo da F1, o clima Malaio é mais um saboroso ingrediente na disputa apimentada entre os companheiros da Mercedes. Não há mais favoritos entre os dois, os ventos mudam de direção e em pequenos grupos de provas o favorito é trocado.
Bem-vindo ao GP da Malásia de 2016, fique, vai ser bom!
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Você pode até não ter gostado do GP de Cingapura. Crescemos vendo uma F1 “pé no fundo”. Senna em voltas infernais. Depois Schumacher dando giros de 10-12 voltas em provas com até 3 pit-stops e re-abastecimento. Era uma loucura.
Acelera. Acelera. Acelera.
Mas desde 2014 a F1 mudou e não temos mais esse luxo. Se Cingapura não foi uma corrida histórica, foi uma das melhores da safra pós-2014. A prova teve todos seus elementos das regras atuais em uso máximo. Pneus e suas escolhas de cor/tipo, economia de combustível, estrategias de paradas. De repente, faltavam a Rosberg e a Mercedes a certeza da vitoria.
O carro prateado é infinitamente superior. Mas o clima adverso, o traçado hostil e as variáveis da regras atuais, ofereceram uma prova interessante. Mente quem disse, faltando dez voltas para o fim, que a vitória era certa. Era provável, por margem e conhecimento histórico. Mas longe de ser certa.
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O circuito que todos conhecemos mudou, em sua alma.
A pista foi inteiramente recapeada. Estava muito ondulada, dizem. Além disso foram colocadas novas zebras (seguindo o mais novo padrão FIA de qualidade) e a inclinação de 9 curvas foi alterada. Incluindo aí o cotovelo final. Acontece que estavam fazendo poça d´água na parte interna da curva, no ponto de tangencia. Pra resolver – e criar um novo desafio – trocaram a inclinação da curva para o lado externo.
A mudança mais profunda foi no cotovelo final. Além do fim das poças também visaram criar um novo desafio para os pilotos. Agora é esperar para ver o que vai acontecer com as mudanças de traçado dos pilotos.
Apesar das mudanças na pista e nas áreas de escape, a pista não ganhou nem um centímetro a mais. Tudo como antes: 5543 metros de calor e umidade.
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A gracinha estratégica dos pneus vai continuar em Sepang. Asfalto novo, lembram? Asfalto novo, verde, cru. Deve estar escorregadio como sabão.
Para melhorar, temos a “grade” de pneus mais duros da Pirelli para brincar. Duros, Médios e Macios. As estratégias das equipes não mudam grandiosamente. Um joguinho mais pros duros, outro mais pros macios. Nada de espetacular. Hamilton faz par com Raikkonen (7 macios, 3 médios e 3 duros) e Rosberg faz par com Vettel ( 7 macios, 4 médios e 2 duros).
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Pelas cores, o pneu Duro deveria ser branco. Roxo (ultra-soft), Vermelho, Amarelo, Branco, Laranja (duro), do mais mole para o mais duro, não faz sentido.
Roxo (ultra-soft), Vermelho, Laranja, Amarelo, Branco (duro), é muito mais lógico.
Simples, não?
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httpv://www.youtube.com/watch?v=TzcTSm5UvgA
Primeira vitoria de Kimi, em 2003, é de encher os olhos de Ron Denis de lagrimas. O rapaz “lunetou” Barrichello em 39 segundos e deu uma volta até no quinto colocado.
É pouco para um GP só? Nada disso. Kimi venceu sua primeira com 23 anos. Na mesma prova Alonso fez sua primeira pole-position, com apenas 19 GPs e ainda garantiu um pódio.
Alonso somava somente 21 aninhos.
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Não precisamos de muito para uma boa corrida. A disputa entre os dois líderes do campeonato já seria suficiente. Sem chuva, sem penalidades, sem interferências externas, a Mercedes não é completamente dominante nessa pista. Hamilton, ao contrario do time, é soberano sobre o seu companheiro de time. Não há o que falar do carro prateado, muito menos de diferenças para essa corrida. Continua sobrando e economizando para não sofrer de problemas mecânicos.
Na briguinha particular Ferrari e Red Bull, Cingapura foi gratificante. Aqui a Ferrari deve voltar forte e ser uma boa concorrência para a Red Bull. O motor do time vermelho ainda garante algum equilíbrio na disputa, que também conta com um bom momento de Vettel na pista que ele adora atormentar as Mercedes.
Para a turma da Force India, um ponto de interrogação. Junto com outro para a Williams. Os dois times não estão historicamente relacionados com boas corridas em Sepang. Para piorar, o desempenho esse ano em pistas similares, oscilou demais. A briga será entre as duas para conseguir um “restinho de pontos”. Essa briga será feroz e deverá ter a intromissão de um carro ao menos de Toro Rosso, McLaren e Haas.
Quem pode surpreender é Alonso, mas não pelos pontos. Vem aí motor novo para o espanhol com tudo que a Honda tem de melhor para esse ano. É certo que Alonso será punido, portanto. Vai lá pro fundo do grid. O curioso é que se o motor for bacana de verdade, vai ser guardado na sexta para ser usado no Japão. Esse pessoal é engenhoso, não? Fica fácil de entender a F1 assim.
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Regras de 2017 ganharam novidades.
Lembram a salada de motores que Hamilton fez com as punições em Spa para ganhar uma lista de motores novinhos? Resolveram o o problema. A partir de 2017, depois que acabar seus motores regulamentares, somente o ultimo motor instalado do final de semana poderá ser usado na sequencia do campeonato. Fácil. Não requer nem prática nem habilidade para entender essa.
Dia de chuva e corridinha iniciada com Safety-car até termos condições? Acabou também. Ficarão dando voltas sem fim, mas na hora que a pista tiver condições, todo mundo no grid e bora largar como gente grande (ou como piloto de F1) de verdade.
Também para facilitar o entendimento da moçada com os carros de 2017, a primeira corrida do ano terá a mesma seleção de pneus para todo mundo. Decidido pela fabricante e sem choradeira. Serão 2 jogos dos mais duros, 4 dos médios e 7 dos mais macios eleitos para o fim-de-semana. Se virem.
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Também mudou a regra dos capacetes. Mas recuso a comentar regra de pintura de casco.
Obs: Romero Brito continua liberado.
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Na turma da bagunça, a diversão garantida de sempre. Batidas, asas quebradas, disputas pelo 14º, 15º, 16º lugares. Nada muda nesse grupo. A Renault só cumpre tabela com seu belo carro dourado. A Hass vai liderando o grupo, em um trabalho honesto e competente. Manor, vai ser média em 2017 e a Sauber continua na sofrência de existir sem dinheiro (que chegou tarde para 2017).
Na pista, nada de novo, correto? Mas nos bastidores é que a diversão está garantida. Sauber deve manter seus dois meninos. Ericson porque é o grande investidor. Nasr porque tem a carteira cheia, ninguém está negando o dinheiro dos dois. NA Renault, Magnussen anda bravo por aí, chutando latinha, porque não entende a demora da Renault em definir os seus pilotos para 2017, dado o maravilhoso trabalho que ele entrega. A Manor quer Pascal e Ocon. Pascal que é da Mercedes e Ocon que é da Mercedes também mas foi contratado pela Renault. Não quer mais nada o pequeno time inglês, né?
Quem continua com a chave na mão é a Williams. Disputada por Sergio Perez e Lance Stroll. Perez já disse que decide seu futuro semana que vem, máximo (pela décima vez). E faz sentido. Stroll deve ser anunciado após a conquista da Europeu de F3. Se for confirmado mesmo, Perez mantem seu armário na Force India e tomo mundo se mexe entre Manor e Renault.
Vai ser uma semana animada nos bastidores.
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Pode não ser a Formula de Pieroni, Lauda, Hunt, Senna. Mas de 2014 para cá, temos presenciado poucas corridas tão dinâmicas quanto a de Cingapura. Há bons ventos na Malásia que podem manter esse ritmo e levar mais saborosos ingredientes para uma nova rodada de disputas clássicas na mais clássica das pistas para duelos entre companheiros de equipe: Suzuka.
Os bons ventos trazem o GP da Malásia, em quem você aposta?!
Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz