– DIREITO DE RESPOSTA –
Sr. Eduardo Correa: que história é essa de “O Panda chutou legal”, sobre a(s) corrida(s) de F 1 que terminaram empatadas? Ele te manda uma resposta com detalhes (ano, nome da corrida e pilotos envolvidos) e o sr. vem com essa, sem sequer ter a elegância de checar se a informação procedia ou não?
Aos leitores que foram (des)informados de que houve apenas uma corrida de F 1 que terminou empatada. Além da citada pelo Edu na carta da última sexta-feira, houve também o International Trophy (prova extracampeonato) de 1962, em Silverstone, que terminou com Graham Hill (BRM) e Jim Clark (Lotus) fazendo o mesmo tempo de 1h31min34s2, após 52 voltas. Clark liderou desde a largada e só foi alcançado por Hill na última curva. A diferença é que nesta corrida atribuiu-se o 1º lugar a Hill e o 2º a Clark, sabe-se lá com base em quais critérios. Na outra, a vitória foi dada aos dois pilotos.
O sr. Pandini declara também que desconhecia o fato apresentado pelo sr. Eduardo e que conferiu-a em fontes devidamente credenciadas, reconhecendo sua veracidade.
Como se vê, o sr. Pandini não é de “chutar legal”. Quando é o caso, ele fala ou escreve “não sei” – como podem testemunhar vários leitores que receberam essa resposta.
Sr. Eduardo, por favor, cuidado com as palavras na próxima oportunidade.
– ENCERRA-SE AQUI O DIREITO DE RESPOSTA CONCEDIDO PELA JUSTIÇA DO GPTOTAL AO SR. PANDINI –
Edu,
Pois é, meu caro. A temporada acabou. Na verdade, a sensação que eu tenho é que isso aconteceu há séculos, mas só agora podemos apagar a luz…
O GP do Japão foi uma corrida sem graça, que só valeu a pena porque o japonês Takuma Sato, da Jordan, fez todo mundo torcer por ele. Na transmissão da TV, só deu ele: Sato no grid, Sato no carro, Sato levantando a viseira, Sato abaixando a viseira, pit stops, disputas, imagens de todas as câmeras instaladas em
seu carro (devia ter umas quatro), comemorações…
Este foi o GP de Takuma Sato. Ele correspondeu às expectativas com um 5º lugar que foi bastante comemorado pela torcida japonesa, pela Jordan e até pelos jornalistas de outros países (um passeio rápido pelos sites mostrou o piloto japonês em quase todas as páginas de abertura). Eu sempre gostei de ver pilotos com carros inferiores conseguindo resultados inesperados. Foi o caso do 5º lugar de Sato no Japão.
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Para os brasileiros, a temporada de 2002 termina com uma inversão de expectativas. Barrichello guiou como nunca e foi o vice-campeão. Já Felipe Massa, de quem se esperava muito, terminou o ano em baixa e corre o risco de não disputar a temporada que vem. De Enrique Bernoldi, nem há o que falar: padeceu com os
problemas da Arrows e deixou a F 1 junto com a equipe. É mais um que não sabe o que vai fazer em 2003.
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O que mais ouço e leio é que a Fórmula 1 está chata. Chata para quem, amigos? Para quem gosta da Ferrari, como eu, não é nada chato ver a equipe ganhando seguidamente, depois de duas décadas remando contra a maré. Quem gosta de ver recordes históricos sendo batidos também não tem do que reclamar.
Concordo, porém, quando dizem que muitas corridas estão monótonas. Mas qual é a novidade nisso?
Quantos GPs monótonos eu assisti nos anos 80 e 90, inclusive alguns vencidos por brasileiros… Claro, as corridas seriam bem mais atraentes se houvesse outras equipes em condições de desafiar a Ferrari. Pois elas que trabalhem para chegar lá. Não foi assim quando a McLaren e a Williams saíam ganhando tudo? Por que
haveria de ser diferente agora?
Para mim, chato mesmo é ver os dirigentes querendo “reequilibrar o espetáculo” com medidas tão insanas e ridículas quanto as que foram apresentadas pelo sr. Max Mosley, presidente da FIA, com o beneplácito do sr. Bernie Ecclestone. Mas eu nem deveria estar surpreso. Em 1989, no auge do domínio da McLaren, Bernie
sugeriu criar alguma medida do mesmo naipe (pit stop obrigatório, largar em último ou coisa parecida) para tentar barrar o domínio da equipe de Ron Dennis. É claro, todo mundo caiu de pau e a coisa caiu no esquecimento.
Quem quiser saber mais detalhes a respeito do “pacote da FIA”, por favor dê uma olhada rápida na carta do Edu, logo abaixo desta. Seria de rolar de rir se tivessem circulado por aí como SPAM e não como notícia oficial da FIA. Já houve situações em que a FIA mudou o regulamento para tentar conter o domínio de uma
equipe, mas as medidas apresentadas lembram muito as tristes “viradas de mesa” típicas dos cartolas que mandam no futebol brasileiro.
Isto é sério: se alguma dessas coisas sair do papel (exceto, talvez, a volta dos treinos de sexta válidos para formação do grid), eu simplesmente paro de acompanhar a F 1. Passarei a me dedicar apenas a escrever sobre o passado.
Abraços,
LAP