Michael Schumacher não cansa de surpreender e segue demolindo recordes.
Se fiz as contas certas, ele acaba de encerrar a primeira metade da temporada com o melhor aproveitamento da história da Fórmula 1, conquistando inacreditáveis 88,8% dos pontos possíveis – 80 em nove GPs.
Seus rivais mais próximos neste ranking especialíssimo são Alberto Ascari, com um aproveitamento de 87,5% na temporada de 53, Nigel Mansell, com 85% em 92, e Jim Clark e Alain Prost, com um aproveitamento de 80% nas temporadas de 63 e 88, respectivamente. Para efeito de cálculos, homogeneizei os dados usando a m… do sistema atual de pontuação.
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As opiniões em torno do desempenho de Rubinho em 2004 oscilam entre a indiferença e a ira, esta largamente manifestada pela quase unanimidade dos nossos leitores.
Indiferentes e irados têm lá as suas razões mas é preciso temperá-las com um fato inegável: Rubinho tem se mostrado um piloto extremamente eficiente.
Os 62 pontos conquistados por ele nas nove primeiras corridas do ano significam um aproveitamento de 68%. Até onde pude contabilizar, é um dos dois melhores aproveitamentos de um vice-líder do Mundial, só sendo superada por Prost em 88, mas com a diferença de que, naquela altura, Prost era o líder do campeonato, condição que só iria perder para Senna apenas no final do ano.
Outra demonstração da eficiência de Rubinho: ele já é, com folga, o segundo piloto a marcar mais pontos para a equipe Ferrari em todos os tempos: 322, ante 242,5 de Lauda, o 3º no ranking.
Para registro, em primeiro lugar está o alemão, com 815, em 4º Berger, com 182 e depois Regazzoni, com 169, Irvine, com 156, Ascari, com 139,5, Alboreto, com 138,5, Ickx, com 125 e Alesi, com 121.
Claro que o ranking pode mudar bastante ao se ponderar o número de pontos (preferentemente homogeneizando-o de acordo com a m… do sistema de pontuação atual) pelas provas disputadas por cada piloto. Minha noite de sábado foi besta mas não tanto assim que me animasse a fazer tais cálculos. Fica o desafio para leitores mais pacientes…
Um piloto tão eficiente merece indiferença ou críticas tão ácidas, mesmo com a pífia combatividade que vem demonstrando este ano?
Como no caso do governo Lula, Rubinho está apanhando mais do que deveria, e nem sempre pelos motivos certos. Mas o esporte, assim como a política, tem dessas coisas.
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Revelações de e sobre Felipe Massa em duas reportagens recentes:
1 – ele continua entrando mais rápido do que deveria nas curvas e brigando demais com o volante, o que torna a sua maneira de pilotar “melodramática, escapando de acidentes volta após volta”, segundo julgamento de F1 Racing. “Eu sou um piloto muito agressivo”, disse Massa a propósito. “Você não pode mudar seu estilo de pilotagem. Ele é parte de você”.
2 – O engenheiro de Massa na equipe Sauber conta que o brasileiro aprendeu a transmitir suas impressões e opiniões sobre o carro. Antes, ele simplesmente dizia: “faça o que você quiser no carro e eu dirijo”.
3 – Massa, fazendo uma espécie de autocrítica em relação ao seu primeiro ano na Fórmula 1, disse: “muitos pilotos não gostam de aprender mas se você puder olhar, você aprende”, contando que, na Ferrari, pode comparar os dados da própria pilotagem aos de Schumacher e Rubinho. Ele reconhece que carecia de formação técnica ao sentar-se na Sauber pela primeira vez, vindo de duas ou três temporadas em carros de Fórmula Renault e 3000.
4 – E o que ele, que já pilotou o Ferrari 2004 em testes, achou do carro? Que tem um “grip della madonna”, respondeu em italiano para Autosprint. Massa se disse impressionado com a estabilidade do carro durante as freadas, achando mesmo que este é o maior diferencial do Ferrari em relação à oposição.
5 – Disse não ter problemas para reconhecer os próprios erros e acha que os cometeu em boa quantidade em 2002. Seu maior problema era se entender com o carro quando os pneus estavam desgastados.
O que Massa não disse nas entrevistas mas digo eu aqui, do conforto da minha cadeira, é que ele, assim como tantos outros, chegou jovem demais à Fórmula 1. Deveria, antes, ter amadurecido mais como homem e piloto nas categorias menores.
Ao atrair pilotos cada vez mais jovens, a Fórmula 1 lhes impõe uma seleção que nem sempre tem a ver com o talento para pilotar um carro mas sim com conseguir amadurecer e se firmar em meio à disputas tão ferozes.
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Que a McLaren era a campeão mundial dos motorhomes já se sabia.
Agora, com a inauguração do seu Centro Tecnológico, na Inglaterra, a equipe garante no mínimo um pentacampeonato em matéria de fábrica – se é que isso o que vocês vêem na foto pode ser chamado de fábrica.
Ron Dennis, sócio e diretor da equipe, é bem conhecido pela sua combinação de vaidade e arrogância e o Centro Tecnológico não deixa de ser uma demonstração dela tendo, inclusive, levado a empresa a se endividar.
Dennis gosta também de demonstrações do gênero nas pistas, como quando trouxe quatro carros para um GP do Brasil ainda nos tempos de Senna ou, no começo de junho, quando fez seus carros testarem em duas pistas – Monza e Silverstone – no mesmo dia.
Coisa de equipe rica – mas nem tanto.
Com falta de pessoal para enviar aos dois autódromos, a McLaren teve de pedir a uma das suas cozinheiras que largasse as panelas e viesse para os muros dos boxes, segurar as placas de sinalização para os pilotos.
Boa semana a todos
Eduardo Correa |