Os números de cada piloto

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Em 2014, pela primeira vez na F1, cada piloto vai correr com o número que escolheu... E dos números escolhidos, o que cada um já percorreu na F1?

Em 2014, pela primeira vez na F1, cada piloto vai correr com o número que escolheu, em esquema semelhante ao da MotoGP. Há quem não tenha gostado da regra. Eu particularmente não sou contra, mas preferia que as equipes escolhessem os números em pares. Imaginem a Williams podendo usar #5 e #6, ou a Ferrari pegando #27 e #28 novamente? Flashback total!

Se antes as relações mais lendárias entre piloto-número se deram por felizes acasos históricos, desta vez há um determinismo. Cada piloto, daqui em diante, tentará fazer história com aquele número que tomou para si e levará pelo resto da carreira. Mas a história destes, obviamente, não começa agora. Desde que a F1 deixou de lado as atribuições aleatórias determinadas pelos organizadores de cada GP em favor da numeração fixa, a partir do GP da Bélgica de 1973, cada número agregou uma bagagem histórica, que desvendaremos a seguir.

Dos números escolhidos, o que cada um já percorreu na F1?

#1 Sebastian Vettel (Red Bull): pelas novas regras, faz uso do direito de ficar com o #1. Sendo dos campeões, ninguém largou mais vezes com ele do que o hepta Michael Schumacher; foram 120 corridas (fique bom logo, alemão!). O #1 só ficou de fora da F1 em 1993 e 1994, pelas retiradas de Nigel Mansell e Alain Prost. Foram 12 títulos (Prost, Senna, Schumacher, Häkkinen, Alonso e Vettel), 181 vitórias, 166 poles e 144 voltas mais rápidas – indiscutivelmente o mais vitorioso.

Vettel, entretanto, também escolheu o #5 para ser seu em anos que não defender o título. É um número igualmente poderoso – o segundo melhor cartel. Foram 9 títulos, incluindo o do próprio Vettel em 2010, o que justifica a escolha do alemão da Red Bull. Dados: 130 vitórias, 125 poles e 95 voltas mais rápidas. Nigel Mansell foi, de longe, quem mais usou: 93 GPs. O Red Five poderá ganhar um outro capítulo.

#3 Daniel Ricciardo (Red Bull): O 1º a vencer um título com o número 3 foi Jacques Villeneuve, em 1997, seguido de Schumacher em 2000, quando tirou a Ferrari da fila. Dados: 55 vitórias, 44 poles e 55 voltas mais rápidas. O número, por muito tempo, esteve atrelado à Tyrrell. Mas quem mais usou foi Schumacher: 62 GPs.

#4 Max Chilton (Marussia): “M4X” vai correr com um número mais baixo a nunca ter sido campeão. O mais engraçado é que quem usou esse nunca venceu mais de… quatro vezes com ele! E pelo histórico de performance da Marussia, a escrita deve ser mantida. Dados: 37 vitórias, 40 poles e 43 voltas mais rápidas – a maioria conseguida nos tempos de numeração aleatória.

#6 Nico Rosberg (Mercedes): Herdeiro do número com o qual o pai Keke foi campeão em 1982, o #6 também foi do tri de Piquet em 1987 e do improvável título de Räikkönen em 2007. Dados: 55 vitórias, 63 poles e 83 voltas mais rápidas. Seu maior defensor foi Riccardo Patrese – nada menos que 111 GPs dos 255 na carreira, pela Brabham, Williams e Benetton.

#7 Kimi Räikkönen (Ferrari): Adepto do “se eu usei ano passado, pode ser esse mesmo”, o finlandês toma para si um número que foi historicamente usado mais por Brabham e McLaren. Dados: 27 vitórias, 27 poles, 34 voltas mais rápidas. John Watson, vice em 1982, foi piloto que mais usou: 91 GPs em seis temporadas, justamente por Brabham e McLaren.

#8 Romain Grosjean (Lotus): Outro a incorporar o número ao nome, “R8MAIN” escolheu o #8 dos títulos de Niki Lauda (1984) e Mika Häkkinen (1998) na McLaren, bem como no memorável vice de Senna em 1993 e nos anos de Brabham de José Carlos Pace. Dados: 47 vitórias, 31 poles, 38 voltas mais rápidas. Fernando Alonso foi quem mais usou até hoje: 53 largadas – motivo pelo qual muitos apostaram que esta seria a escolha do espanhol…

#9 Marcus Ericsson (Caterham): Primeiro sueco na F1 desde Stefan Johansson, Marcus foi o último a escolher. Pegou o #9, um dos mais baixos disponíveis, de vitórias bizarras, como a de Vittorio Brambilla em Österreichring 75 ou Olivier Panis em Mônaco 96. Dados: 20 vitórias, 19 poles, 20 voltas mais rápidas. Quem mais defendeu o #9 foi o saudoso Michele Alboreto, nos tempos de Footwork.

#10 Kamui Kobayashi (Caterham): O regresso Koba usa o número com o qual Ronnie Peterson conseguiu a única vitória da equipe March na F1 (chassi March é outra história…). David Coulthard era #10 em 1997, quando acabou com o jejum de vitórias da McLaren, que vinha desde a saída de Senna. Dados: 15 vitórias, 16 poles, 16 voltas mais rápidas. Curiosamente, quem mais usou o número na F1 foi Takuma Sato! O conterrâneo usou #10 em 35 GPs, por Jordan (2002) e BAR (2004).

#11 Sergio Pérez (Force India): Voltamos a um número campeão. James ‘Rush’ Hunt o usou em 1976, e Lauda, herdeiro deste, conquistou o bicampeonato em 1977. O terceiro título foi de Jody Scheckter em 1979. Gente como Clay Regazzoni, Carlos Reutemann e Alain Prost venceram com o número, que também era ostentado por Giancarlo Fisichella em sua Jordan na vitória do absurdo GP Brasil de 2003. Dados: 36 vitórias, 24 poles e 28 voltas mais rápidas. Elio de Angelis foi seu maior defensor: 79 GPs em 5 temporadas seguidas na Lotus.

#13 Pastor Maldonado (Lotus): O venezuelano apelidado de ‘Maldonator’ resolveu ser do contra. Tido como número de azar, só apareceu duas vezes na F1: no GP do México de 1963 com o piloto local Moisés Solana, com um BRM alugado, e no GP da Grã-Bretanha de 1976, no qual a piloto Divina Galica falhou em conseguir vaga no grid com um Surtees.

#14 Fernando Alonso (Ferrari): Agora com o #14 dos tempos de kart, Alonso pega um número que, desde a numeração fixa, só teve duas vitórias com o retirado Mark Webber em 2009. Emerson Fittipaldi usou em seu melhor (1978) e seu pior (1979) ano com a Copersucar. Dados: 11 vitórias, 8 poles, 9 voltas mais rápidas. David Coulthard usou o #14 por três temporadas na Red Bull e é o recordista do número com 54 GPs.

O restante do grid fica para a próxima coluna.

Abraços!

Lucas Giavoni
Lucas Giavoni
Mestre em Comunicação e Cultura, é jornalista e pesquisador acadêmico do esporte a motor. É entusiasta da Era Turbo da F1, da Indy 500 e de Le Mans.

9 Comments

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    Na minha humilde opinião…….se número fosse relevante…..o Lorenzo não escolheria o 99……………….Um abraço!!!

  4. Manuel disse:

    O pobre Roger Williamson tambem tinha o 14 em seu March

  5. Lucas dos Santos disse:

    Bela coluna, xará.
    .
    Eu tinha pensado em sugerir ao GPTotal para reescrever a coluna “Números, números, números” (http://gptotal.com.br/2005/Especiais/numeros/default.asp), mas não sei se será necessário. As principais informações que haviam lá agora já constam aqui.

  6. Ronaldo disse:

    Que serviço de arqueologia! Fico até sem graça de observar que o vice em 82 foi Pironi, embora empatado em pontos com Watson.

    E já que foi citado, vocês podiam discorrer sobre as demais vitórias com chassis march.

  7. Mauro Santana disse:

    Concordo com o Fernando, e só quero ver se agora com esta regra os números terão destaques.

    Sempre gostei do número 12 das Lotus do Senna e o 27 da Ferrari do Villeneuve.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  8. Só um pequeno comentário sobre o número do Alonso: mesmo sendo fora da F1, o número 14 foi imortalizado por A.J. Foyt e Tony Stewart, fã confesso de Foyt, usa o 14 na Nascar em homenagem a Foyt.

  9. Fernando Marques disse:

    Os carros atuais dão muito pouco destaque aos numeros em suas pinturas … o espaço é dos patrocinadores … sei lá mas acho que tirando o numero 1, pois quem o usa é o atual campeão … os demais não valem de nada ao menos para nós torcedores …
    Antigamente eles eram mais vistosos … e neste caso sempre adorei o numero 5 da Lotus do Emerson …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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