Um grande ano!

Cisne Negro
25/11/2019
Pista sem alma
02/12/2019

Lá se foram vinte corridas. Que ano!
Alguém aqui ousa dizer que foi uma temporada “chata”?

Essa foi uma temporada de boas corridas. Muitos pontos altos, polêmicas, dinâmicas alteradas. Não há como dizer que foi uma temporada modorenta, tediosa, previsível.

Três vitórias da Honda? Poles de Verstappen? Ferrari esperando 13 corridas pra uma vitória?

2019 foi cheio de surpresas na F1 e uma certeza: a coroação de um maduro Lewis Hamilton!

Uma pena a última corrida do ano ser em um circuito totalmente oposto ao nosso Interlagos. Um circuito tão insípido. Abu Dhabi é uma pista sem sal, sem alma e sem corridas marcantes.

Mentira. Como esquecer daquele Alonso preso uma corrida inteira atrás de um Kubica e sua Renault? Não que seja um elogio lembrar de uma pista por sua total falta de possibilidade de ultrapassagens.

A pista hoje oferece um desafio maior para os engenheiros do que para os pilotos. A natureza muito diferente dos setores 1 e 2 quando comparados ao setor 3, causam uma dificuldade grande para se encontrar o equilíbrio aerodinâmico. Você privilegia a velocidade máxima ou um bom nível de downforce pro final da volta?

A grande expectativa é pelas brigas entre aqueles que não tem mais nada a decidir no campeonato. Basicamente as 3 equipes da ponta. Tirando essa “liberdade” aparente, não é uma prova que traga muitos atrativos

Regi. O grande Reginaldo Leme. Na Formula 1, para o Brasil, tivemos a felicidade de ter diversos personagens incríveis e marcantes. Tivemos Emerson, José Carlos, Nelson, Ayrton, Rubens, Felipe e Reginaldo.

Reginaldo Leme é um dos grandes da Formula 1. No mundo.

No Brasil, merece estátua. Suas entrevistas, suas perguntas, suas histórias, seus dados, seus programas e suas edições escreveram a história que conhecemos. Mais que Senna, o “Bom dia, Amigo da Globo”, conectou gerações. Avós, pais, filhos, quem assiste Fórmula 1, em qualquer grau de fanatismo/paixão, reconhece a voz que entoava essas palavras na transmissão da televisão. Quem não lembra da angústia da espera pelo “Sinal Verde”? Aquele tempo todo, só sobre F1, no meio da programação da família brasileira? Era épico! Regi e Armando Nogueira, já imaginaram? O Brasil teve isso. É de agradecer, ajoelhado.

Personificando, no “limite extremo” (como diria o tradicional parceiro de transmissão do Reginaldo): há um grande emputecimento meu pelo fim da participação de Regi nas transmissões, assim, de sopetão. Por puro egoísmo, emputecido porque não terei uma despedida. Não terei meu convite de “Bom dia”. Não responderei para televisão “Essa eu sei!”.

Regi (com o perdão da intimidade não existente) me ensinou a pesquisar, a estudar, a ler uma corrida.

Obrigado Reginaldo Leme! Ansioso pelos novos passos do seu caminho.

Última corrida do ano, depois de 20. Título decidido. Tudo calmo? Não.

Hora do tie-break em vitórias e poles. Honda e Ferrari empatadas com 3 vitórias cada, contra 14 dos motores Mercedes. Ferrari e Mercedes empatadas em Pole positions com 9 cada.

Na notinha de rodapé, a Renault.
Nenhuma, absolutamente nenhuma, voltinha liderada. Zero.
Nenhuma, absolutamente nenhuma, volta mais rápida. Zero.
Nenhuma, absolutamente nenhuma, primeira fila. Zero.

Fica a sensação que o regulamento para 2021 deveria ser alterado somente em um ponto: custos. Não permitir mais organizações com 1000 funcionários, 2 túneis de vento, centro de simulação por computador. Custos mais “reais”, estabilidade das regras. O grid iria se unir mais harmonicamente.

Cinco pilotos de 3 equipes venceram. Primeira vitória de um piloto promissor com toda a pressão de uma Ferrari. O mesmo piloto que detém o maior número de pole-positions da temporada (7).

Honda no pódio, Honda vencendo, Honda fazendo dobradinha.

Olhando para a frieza impessoal dos números, o ano de 2019 não tem nada de previsível.

Mercedes termina mais um grande ano sem novidades. Bottas tentará mais uma vitória para terminar em alta uma temporada muito oscilante. O finlandês tem a sempre a dura comparação com um dos melhores de todos os tempos, só essas pequenas conquistas para manter a moral elevada. Hamilton continua seus experimentos particulares de abordagem para corridas. Nada que mude a cotação do dólar.

Na Ferrari a diversão está garantida. Mais uma vez Vettel envolvido com um piloto que ousa, teima, andar na sua frente. Mais uma batida. Leclerc não quer deixar espaço, está em um ano brilhante. Tem duas vitórias no bolso e é o cara que mais vezes largou na primeira posição em toda a temporada. É um duelo épico, porque o tetracampeão com quem divide o time é um piloto duro, rápido e combativo. Certamente é a dupla mais forte de todo o grid.

Na turma da Red Bull, Albon surpreende pela constância em corrida, mas ainda fica devendo em velocidade em volta única para Max. Com os incidentes do Brasil, Max caminha para sacramentar a 3º posição no campeonato de pilotos. Uma bobagem, mas pelo menos o coloca imediatamente atrás das imbatíveis Mercedes.

A turma do meio do pelotão vai para AbuDhabi pronta pra guerra. Para começar, Gasly e Sainz estão empatados em pontos. Um tiquinho atrás vem Albon, mas com o melhor carro entre os 3 e forte candidato a pontuar na casa dos dois dígitos.

Por equipes, a McLaren consolidou sua 4º posição, deixando só uma indefinição entre Toro Rosso e Renault. Se a Toro Rosso ultrapassar o time francês nessa última prova, estará caracterizado um vexame histórico da Renault. Cercada de expectativas e investimentos pesados, não entregou na pista as promessas feitas pelo seu líder de pista.

O vexame da Renault só não é mais escandaloso porque divide os holofotes com Haas e Williams. A curva descendente da Williams parecia ter chegado ao fundo do poço em 2018. Mas 2019 trouxe uma nova perspectiva. Um carro que nasceu ilegal, uma temporada no lixo com um mísero ponto marcado e, a cereja do bolo, a contratação de um canadense filho de milionário para pilotar em 2020. Esse roteiro deu certo na última vez que o lemos? Parece que a Claire gostou. No box da Haas, a decepção é com o desempenho projetado contra o realizado. Da Dallara não se espera nada durante a temporada (falamos disso aqui no GPTotal antes da abertura do campeonato), eles não tem o ritmo de desenvolvimento necessário para serem competitivos na F1.

Na turma “de onde menos se espera é de onde não vem nada mesmo”, temos a Racing Point e a Alfa Romeo. Ano de reestruturação de dois times destroçados por problemas financeiros recentes. Com menção honrosa para Stroll que mesmo trocando de carro, não cansa de andar atrás do companheiro de equipe. O competente Perez vem colocando ele no bolso do macacão com uma facilidade assombrosa.

Chega ao fim uma das mais longas temporadas da F1. No fim das contas, 2019 só não teve corridas em Janeiro e Fevereiro. Desde 1963 o campeonato não acabava em dezembro.

Vivemos grandes emoções e a celebração do surgimento do mais novo hexacampeão do mundo!

Agora é torcer para uma apresentação de gala dessa turma, para fechar um grande ano com chave de ouro.

Qual é a aposta de vocês?

Abraços
Flaviz Guerra

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

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