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BAGHETTI, O ESTREANTE VENCEDOR

O campeonato do mundo para pilotos existe oficialmente desde 1950.Desde então os recordes foram surgindo e algumas marcas ainda permanecem. Parece ser questão de tempo termos um hexacampeão. As mágicas poles de Senna estão ameaçadas (só em quantidade, nunca em qualidade).
Há entretanto uma marca que foi estabelecida há mais de 40 anos, jamais foi ameaçada e é do conhecimento de bem poucos. 1960: F1 tem por regulamento motores de 2,5 litros, mas para 1961 a nova fórmula com motores de 1,5 litros será adotada. A Ferrari prepara seu carro para a nova regulamentação e que será com motor traseiro. Monta um primeiro chassi e começa seu desenvolvimento.
Finalmente chega 1961 e os novos carros estão prontos. São os F1 Dino 156, os shark-nose (nariz de tubarão), um dos mais belos F 1. O carro de testes foi colocado por Enzo Ferrari à disposição da Federação Italiana de Automobilismo para que nele fossem testados alguns pilotos italianos novatos. Haviam dois favoritos: Lorenzo Bandini e Giancarlo Baghetti. Este último foi o escolhido para paricipar do GP de Siracusa, prova não válida para o Campeonato daquele ano.
Para espanto de todos, Baghetti classificou-se na primeira fila do grid (composta por 3 carros). E naquele GP todas as principais equipes de F 1 estavam inscritas, com pilotos como Jim Clark, Graham Hill, Stirling Moss, Jack Brabham, Dan Gurney, enfim os craques da época. Na largada, Baghetti vacilou e perdeu posições,mas aos poucos foi se recuperando e ultrapassou cada um à sua frente e venceu o GP! Algumas semanas depois, aconteceu mais um GP não válido para o campeonato, agora em Nápoles. Baghetti venceu de novo!!! Dois GPs, duas vitórias.
Passam-se dois meses e aquele Ferrari volta para Baghetti pilotar no GP da França, este sim contando pontos para o campeonato mundial. Baghetti foi mal na classificação, mas largou no meio do grid. Após algumas voltas, os outros Ferrari oficiais estavam com as primeiras colocações. Alguns abandonam por quebras ou acidentes e Baghetti se vê em sexto lugar, brigando com os dois pilotos da Porsche, Dan Gurney e Jo Bonnier. Vão batendo rodas, se revezando, e então os três primeiros colocados (Wolfgang von Trips, Phil Hill e Richie Ginther) abandonam sucessivamente. Agora os dois Porsche lideram e Baghetti, com a única (e velha) Ferrari, vem em terceiro. Faltando poucas voltas, o carro de “Jo Bo” quebra e Baghetti fica em segundo, próximo de Gurney. Na última curva da última volta, Baghetti retarda a freada de modo a entrar na reta de chegada colado a Gurney – e, numa manobra de mestre, sai do vácuo e vence o americano por uma diferença mínima! Três GPs, três vitórias – e consecutivas… A contar da estréia, não se esqueçam.
Por diversos motivos, inclusive por política na equipe, nunca mais esse italiano obteve sucesso em sua carreira. Fez mais uns dois anos de F 1, passou para protótipos e abandonou o automobilismo. Naquele ano de 1961, a Ferrari foi campeã com o americano Phil Hill. Dos fabulosos “nariz de tubarão”, não sobrou nenhum… No saguão da Ferrari, existe uma réplica daqueles carros. Baghetti morreu no final de 1995, após lutar contra um câncer.

Alexandre Zamikhowski Filho (São Paulo-SP)

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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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