“Sou Testemunha de um Mestre!”
No último dia 12 (na madrugada de Sábado) eu estive, junto a meu pai e alguns amigos, num “bar temático” para assistir a corrida e tomar umas… acabamos pôr ver a consagração final de Michael Schumacher, com a conquista do hexacampeonato. Ele também se tornou o primeiro piloto desde Juan Manuel Fangio a ser “tetra de fato”, ou seja 4 títulos consecutivos – Senna chegou perto, ganhou 3 em 4 anos…
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Comecei a acompanhar F1 em 1991, portanto, pude acompanhar toda a carreira do alemão (embora não consiga lembrar exatamente de todas suas vitórias, muito menos de todos os GPs.)
Esse alemão excepcional era piloto de testes da Jordan em 91. Estreou na categoria por mero acaso, mas mostrou que tinha competência para ser um dos melhores de todos os tempos. Logo no primeiro treino na F1 (quando pisara pela primeira vez na pista belga de Spa-Francochamps) fez o 7o tempo com o modesto carro. Na corrida, abandonou logo na primeira volta após uma falha no câmbio. Seu desempenho, porém, fez com que os diretores da Benetton o contratassem para ocupar a vaga do brasileiro Roberto Moreno nas últimas cinco provas do ano. Pontuou em três delas (um 5o e dois 6o lugares). Já em 92, no mesmo autódromo belga, venceu pela 1a vez na categoria, encerrando o ano na 3a posição, e em 93, conseguiu mais uma vitória, em Portugal, desta vez terminando o campeonato em 4o lugar. Em 1994 foi campeão mundial com 8 vitórias e 6 poles, repetindo o título em 95, desta vez, 9 vitórias e 4 poles (na Bélgica, conquistou uma vitória belíssima, talvez a melhor da sua carreira, sustentando e vencendo uma disputa fantástica com Hill, na chuva). Todos esses feitos foram realizados com a equipe “ítalo – francesa”. Com sua saída, a Benetton, voltou a ser equipe média.
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Quando se transferiu para a Ferrari no ano seguinte (que apesar de ser a equipe mais tradicional da F1, vinha de maus resultados nos últimos 15 anos) muitos pensaram: “Acabou a era Schumy”. Porém, não foi o que de fato aconteceu. É bem verdade que, durante quatro anos, ele perdeu os títulos para seus rivais. Foi 3o em 96, vice em 97 e 98, e 5o em 99. Mas venceu 16 corridas nesse período, contra 14 de Hakkinen, 11 de Villeneuve, 9 de Hill e 2 de Coulthard (destaque para o verdadeiro banho que deu em Jerez 96, sua primeira na Ferrari), ele estava é desenvolvendo o carro que viria a lhe dar tantas glórias. Os pilotos atuais são muito inferiores ao alemão, prova disso é que, nos últimos 4 anos, o título da categoria só ouviu um nome: Michael Schumacher. De 2000 à 2002, ele venceu mais da metade das provas e das classificações.
Nesse ano, nem as mudanças nas regras, e a visível evolução da Williams, fizeram com que o caneco não fosse parar nas suas mãos, embora ele tenha sofrido um pouco. Sua melhor corrida da temporada foi na Áustria – aquela em que pegou fogo no carro quando parou nos boxes, e mesmo assim conseguiu vencer; a verdadeira corrida do hexa, nos EUA (ou alguém achava que teríamos disputa no Japão?) também foi marcante, mais pela estratégia do que pela habilidade, mas é assim que se forma um piloto completo: conciliando arrojo e técnica, rapidez e inteligência. Hoje em dia, com doze de seus 35 anos na F1, Schumacher deve bater todos os recordes. E não são poucas as marcas que ele já detém. De todos os ´grandes` números, o único recorde ainda não pertencente ao alemão, é o de pole-positions, que está com Ayrton Senna (o placar está 65 a 56). Lista dos recordes (inclusive os sem importância):
Recordes de Michael Schumacher: | Mais Próximo | |
Mundiais | 6 | J.Fangio, 5 |
“Hat tricks” (pole, vitoria e m.volta) | 15 | Clark, 11 |
Vitórias | 70 | Prost, 51 |
Vitórias por temporada | 11 em 2002 | Mansell, 9 em 1992 |
Vitórias com uma equipe | 51 com Ferrari | Senna, 35 com McLaren |
Vitórias num único GP | 6 Belgica, Canada e Franca (dividido) | Prost, 6 Franca e Brasil, Senna 6 em Monaco |
Pole e Vitoria no mesmo GP | 29 (dividido0 | Senna, 29 |
Podios | 122 | Prost, 106 |
Podios com uma equipe | 84 com Ferrari | Prost, 63 com McLaren |
Podios por temporada | 17 (100%) em 2002 | Prost, 14 em 1988 |
Melhor Volta | 56 | Prost, 41 |
Melhor Volta por equipe | 33 com Ferrari | Clark, 28 com Lotus |
1a fila | 91 | Senna, 87 |
Gp com pontos | 146 | Prost, 128 |
Gp com pontos por temporada | 17 (100%) em 2002 | Hakkinen, 14 eml 2000 |
Gp com pontos por equipe | 101 com Ferrari | Coulthard, 78 com McLaren |
Pontos | 1038 | Prost, 798,5 |
Pontos por equipe | 735 com Ferrari | Prost, 458,5 com McLaren |
Pontos por temporada | 144 em 2002 | Ele mesmo, 123 em 2001 |
Gps completados | 151 | Prost, 143 |
Gps terminados por temporada | 17 em 2002 | Alesi, 16 em 2001 |
Km percorridos por temporada | 5175 em 2002 | Irvine, 4776 em 1999 |
Km percorridos por equipe | 33703 com Ferrari | Coulthard, 32175 com McLaren |
Voltas percorridas por temporada | 1090 em 2002 | Alesi, 998 em 2001 |
GPs liderados | 110 | Senna, 86 |
GPs liderados por equipe | 80 com Ferrari | Senna, 60 com McLaren |
Voltas lideradas | 3974 | Senna, 2986 |
Kms liderados | 18598 | Senna, 13672 |
Kms liderados por equipe | 13278 com Ferrari | Senna 10973 com McLaren |
Podios consecutivos | 19 – U.S.A. 2001 a Japão 2002 | Clark, 9 – Belgica 1963 a Af. Sul 1963 |
Pontos Consecutivos | 24, Hungria 2001 a Malasia 2003 | Reutemann, 15 – Belgica 1980 a Belgica 1981 |
Vitórias seguidas partidas da pole | 6, 2000-2001 | Ascari, 5 – 1952-1953 |
GPs sem falhas mecânicas | 38, desde Hungria 2001 | Jacques Villeneuve, 30: Monaco 1997 a Japão 1998 |
Pontos em sequência | 191, da Hungria 2001 a Malasia 2003 | Fangio, 137 da Franca 1953 a Monaco 1956 |
Sequencia de GPs com pontos | 24, da Hungria 2001 a Malesia 2003 | Lauda, 17, de Monaco 1975 a Suíça 1976 |
Maior vantagem no fim de um campeonato | 67 sobre Barrichello em 2002 | Mansell, 52 sobre Patrese em 1992 |
Título obtido com o menor tempo | 64,7% do previsto, 2002 | Mansell, 68,8%, em 1992 |
Velocidade máxima atingida | 368,8 – Italia 2003 | 367,9 – Gene, Italia 2003 |
Media horária de um GP | 247,585 Km/h, Italia 2003 | Gethin, 242,62 Km/h, Italia 1971 |
Média horária do vencedor | 254,848 Km/h, Italia 2003 | 249,835 Km/h, D.Hill, Italia 1993 |
Recordes a bater Sua Marca Dono | Poles 55 | Senna, 65 |
GPs disputados | 195 | Patrese, 256 |
Poles pôr equipe | 45 com Ferrari | Senna, 46 com McLaren |
Poles pôr temporada | 11 em 2001 | Mansell, 14 em 1992 |
Vitórias de ponta-a-ponta | 8 | Senna, 19 |
Vitórias seguidas num mesmo GP | 3, EUA 2000 a 02 | Senna, 5, Mônaco 1989-93 |
Voltas percorridas | 10719 | Patrese, 11346 |
Km percorridos | 50746 | Patrese, 52119 |
1a filas pôr temporada | 13 em 2001 e 2002 | 16, Senna em 1989, Prost em 1993 e D. Hill em 1996 |
Vitórias Seguidas | 6 em 2000-2001 | Ascari, 7 nel 1952-1953 |
Pole Postitions consecutivas | 7 em 2000-2001 | Senna, 8 em 1988-1989 |
Melhores Voltas consecutivas | 3 em 1994-95 | Ascari, 7 em 1952-1953 |
GPs seguidos liderados | 12 em 1994-95 | Stewart, 17 em 1968 a 1970 |
Media ponto/GP | 5,38 | Fangio, 5,44 |
Vitórias absolutas (ponta-a-ponta, pole m. volta) | 3 | Clark, 8 |
M. Voltas em sequência | 8 em 1994 e 1995 | Hakkinen, 9 em 2000 |
Km liderados pôr temporada | 2831 em 1994 | Mansell, 3285 em 1992 |
Voltas lideradas pôr temporada | 629 em 1994 | Mansell, 694 em 1992 |
GPs liderados pôr temporada | 14 eml 1995 | Prost, 15 em 1993 |
Percentual de vitorias | 36,20% | Fangio, 41,4% |
Percentual de poles | 28,50% | Fangio, 50% |
Percentual de podios | 63,21% | Fangio, 68,6% |
Percentual de GPs liderados | 56,99% | Fangio, 74,5% |
Percentuale di Gp a punti sulle partenze | 75,65% | Fangio, 90,2% |
Percentual de Km liderados | 36,49% | Ascari, 54,42% |
Média Ponto/GP | no título 8,47 em 2002 | Clark, 9 em 1963-65 |
Anos em atividade | 13 | G.Hill, 18 |
GPs pôr uma mesma equipe | 124 com Ferrari | Coulthard, 132 com McLaren |
Poles num mesmo GP | Japão, 7 | Senna, 8 em San Marino |
Podios num mesmo GP | 10, Espanha e Brasil | Prost, 11 na Franca |
Pontos num mesmo GP | 80, Canada e Espanha | 81 na Franca |
Km liderados num mesmo GP | 1792 na Belgica | Fangio, 2127 na Franca |
Média da pole mais rápida | 257,584,Italia 2003 | Montoya, 259,827 Italia 2002 |
Fonte: AutoSprint, por Michele Merlino. |
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Mas houve fatos na carreira do homem que a mancharam: os episódios da Austrália 94, Europa 97 e Áustria 02, já fomos a exaustão falando aqui… mas também não dá pra esquecer Europa 93, o aperto rude em Senna, França 00, agora com David Coulthard… e a grande derrota para Mika Häkkinen na Bélgica, nesse mesmo ano, com aquela ultrapassagem antológica… e na Hungria esse ano, quando tomou uma volta do Alonso (ele já havia esquecido o que era isso!)
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Quando, em 1958, Juan Manuel Fangio abandonou as pistas, ninguém, na época, tinha noção do feito que o argentino havia conquistado, com os 5 títulos mundiais e vitória em quase metade de seus GPs. Mas ontem, Michael Schumacher superou essa marca, e temos consciência do momento histórico que estamos vivendo. Para um piloto chegar perto disso novamente, será o
mesmo que algum jogador fazer o mesmo número de gols que Pelé: IMPOSSÍVEL !!!
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Confesso nunca ter realmente gostado do Schumy mas, nos últimos 4 anos, têm crescido comigo um respeito e uma admiração enormes pôr esse senhor. Reconheço-o como o grande esportista da história da Fórmula 1, mas não o grande piloto, pois existiu um tal de Ayrton Senna da Silva… Mas não sou eu quem decide !!!
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Abraços a todos.
Marcel Pilatti
Olá, Marcel. Li seu texto rapidamente e gostaria de fazer duas observações:
1) Schumacher não era piloto de testes da Jordan em 1991. Ele apenas fez um (isso mesmo, um) teste com a equipe, já depois de ser confirmado que ele correria na Bélgica.
2) Recorde de vitórias consecutivas: o número de Ascari (7) está correto. Mas essa seqüência só foi quebrada porque havia no meio a 500 Milhas de Indianapolis de 1953, da qual nenhuma equipe européia participou. Se essa corrida não for considerada (e aí o critério de escolha é muito particular), o total de vitórias consecutivas de Ascari sobe para 9.
Abraços (LAP)