VITÓRIAS COM UMA VOLTA (OU MAIS) DE VANTAGEM
Edu e Pandini,
Realizei um levantamento onde temos todas as corridas (desde 13/05/1950) onde o líder da corrida venceu com pelo menos 1 volta de diferença para o 2º colocado. Mas por que este levantamento? Através dele, podemos analisar conforme a época quais pilotos não tinham o instinto de “acelerar demais” ou “concorrência fraca”. Veja abaixo o levantamento com o vencedor de cada corrida, o 2º colocado e o número de voltas que ficou para trás.
São elas:
1) GP Monaco/1950. Vencedor: Juan Manuel Fangio/ARG.
2º Colocado: Alberto Ascari/ITA (-1 volta);
2) GP Indianapolis/1950. Vencedor: Johnnie Parsons/EUA
2º Colocado: Bill Holland/EUA (-1 volta);
3) GP França/1952
Vencedor: Alberto Ascari/ITA
2º Colocado: Nino Farina/ITA (-1 volta);
4) GP Inglaterra/1952
Vencedor: Alberto Ascari/ITA
2º Colocado: Piero Taruffi/ITA (-1 volta);
5) GP Argentina/1953
Vencedor: Alberto Ascari/ITA
2º Colocado: Luigi Villoresi/ITA (-1 volta);
6) GP Itália/1954
Vencedor: Juan Manuel Fangio/ARG
2º Colocado: Mike Hawthorn/ING (-1 volta);
7) GP Inglaterra/1956
Vencedor: Juan Manuel Fangio/ARG
2º Colocado: Alfonso de Portago/ESP e Peter Collins/ING (-1 volta);
8) GP Portugal/1959
Vencedor: Stirling Moss/ING
2º Colocado: Masten Gregory/ING (-1 volta);
9) GP França/1962
Vencedor: Dan Gurney/EUA
2º Colocado: Tony Maggs/AFS (-1 volta);
10) GP Holanda/1963
Vencedor: Jim Clark/ESC
2º Colocado: Dan Gurney/EUA (-1 volta);
11) GP Monaco/1964
Vencedor: Graham Hill/ING
2º Colocado: Richie Guinther/EUA (-1 volta);
12) GP Holanda/1966
Vencedor: Jack Brabham/AUS
2º Colocado: Graham Hill/ING (-1 volta);
13) GP EUA/1966
Vencedor: Jim Clark/ESC
2º Colocado: Jochen Rindt/AUT (Pane Seca – (-)1 volta);
14) GP Monaco/1967
Vencedor: Denny Hulme/NZL
2º Colocado: Graham Hill/ING (-1 volta);
15) GP Canadá/1968
Vencedor: Denny Hulme/NZL
2º Colocado: Bruce McLaren/NZL (-1 volta);
16) GP Espanha/1969
Vencedor: Jackie Stewart/ESC
2º Colocado: Bruce McLaren/NZL (-2 voltas);
17) GP Inglaterra/1969
Vencedor: Jackie Stewart/ESC
2º Colocado: Jacky Ickx/AUT (-1 volta);
18) GP Espanha/1970
Vencedor: Jackie Stewart/ESC
2º Colocado: Bruce McLaren/NZL (-1 volta);
19) GP Inglaterra/1975
Vencedor: Emerson Fittipaldi/BRA
2º Colocado: José Carlos Pace/BRA (Acidente – (-)1 volta);
20) GP Japão/1976
Vencedor: Mario Andretti/EUA
2º Colocado: Patrick Depailler/FRA (-1 volta);
21) GP Monaco/1982
Vencedor: Riccardo Patrese/ITA
2º Colocado: Didier Pironi/FRA (Pane Seca – (-)1 volta);
22) GP San Marino/1985
Vencedor: Elio de Angelis/ITA
2º Colocado: Thierry Boutsen/BEL (-1 volta);
23) GP Inglaterra/1985
Vencedor: Alain Prost/FRA
2º Colocado: Michele Alboreto/ITA (-1 volta);
24) GP Áustria/1986
Vencedor: Alain Prost/FRA
2º Colocado: Michele Alboreto/ITA (-1 volta);
25) GP Brasil/1994
Vencedor: Michael Schumacher/ALE
2º Colocado: Damon Hill/ING (-1 volta);
26) GP Austrália/1995
Vencedor: Damon Hill/ING
2º Colocado: Olivier Panis/FRA (-2 voltas);
Nestes 26 GP’s realizados nestas circunstâncias (representa 3,6% de todos os GP’s realizados até 24/08/03), podemos chegar a conclusões, como:
– Na década de 1950 era perceptível que não havia a política de “administrar o resultado”, pelo fator do sistema de cronometria ser precário e não dar na época as informações necessárias para o piloto poder diminuir o ritmo;
– Jackie Stewart, Alberto Ascari e Juan Manuel Fangio foram os pilotos que mais venceram nestas condições, com 3 vezes cada um;
– Destas vitórias, a única que pode ser realmente ser considerada zebra é a vitória de Elio de Angelis no GP de San Marino de 1985, devido ao fator do McLaren de Alain Prost ser desclassificado por estar fora do peso exigido pela FISA (na época). Naquela época, este GP era conhecido como o “GP da Economia”, onde todos tinham que poupar gasolina, mas mesmo assim tínhamos muitos problemas de pane, como em 1985 e 1986, onde Alain Prost venceu balançando o carro na reta de chegada, pois a gasolina estava no fim;
– Os pilotos que venceram com maior vantagem sobre o 2º colocado foram Damon Hill em 1995 e Jackie Stewart em 1969, com 2 voltas de vantagem cada um;
– Os GP’s que mais propiciaram este tipo de situação foram Monaco e Inglaterra, com 4 vezes cada um – que curiosamente são utilizados desde 1950;
– A partir dos anos 70, o fator equilíbrio dos carros foi aumentado, e desde então somente em 9 vezes ocorreu esta situação (equivale a 34% do total);
– O maior freguês desta situação foi Bruce McLaren, que 3 segundos lugares com volta de atraso, e protagonista do recorde de levar 2 voltas de desvantagem, feito igualado em 1995 por Damon Hill sobre Olivier Panis;
– O único caso de “dobradinha brasileira” ocorreu em 1975, onde Emerson Fittipaldi e Carlos Pace foram os protagonistas do confuso GP da Inglaterra. E por falar nisso, nos anos 50 era comum dobradinhas italianas e nos anos 60 dobradinhas neo-zeolandesas.
– Para finalizar, os países que mais venceram neste caso foram Itália e Escócia, com 5 vitórias cada um.
Mais uma curiosidade que creio que muitos internautas tem e foi esclarecida.
Muito obrigado,
Affonso Pazzini Junior (Santo André/SP) |