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DEMOCRACIA, DA MATTA, BARROS
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Nosso leitor Gustavo Giroti Biajoli, estudioso e grande conhecedor da saga da equipe Copersucar enviou quinze pergunta ao Ricardo Divila, diretor técnico da equipe durante toda a sua existência. Acompanhe as cinco primeiras respostas enviadas pelo Divila do Japão, onde mora e trabalha atualmente. Nas duas próximas quartas-feiras, mais perguntas e respostas.

Gustavo – por que em 77 a equipe Copersucar mudou da cor cinza para amarela? No projeto original foi aventado o uso de outras cores ao invés do cinza???

Divila – A cor Prateado metálico, aparecia cinza na TV e nos jornais, com fotos branco e preto, não se destacava muito do asfalto (mesmo problema da McLaren hoje.) Foi mudada para amarelo por essa razão , mais visibilidade e também porque euinsisti muito na idéia de usar as cores tradicionais do Brasil, amarelo com uma faixa verde , que havia usado nos nossos F3 e F2. O prateado era uma escolha da Copersucar, muito bonito, mas só de perto; de longe se perde o efeito.

Gustavo – Houve negociações para usar os motores Berta argentinos?

Divila – Não. Estávamos em uma disputa com eles para ter o 1o Fórmula 1 feito na América Latina!… O que, aliás, ele não consegui fazer. Acho que ficou só em maquetas.

Gustavo – Por que Maurice Philiphe deixou a equipe?

Divila – Ele foi contratado como consulente , para seguir o desenvolvimento do FD04 pois eu passava muito tempo no Brasil com a expansão da fábrica e a projeto e construção do F5, com o Baldwin. Ficou conosco pouco tempo, trabalhou numa tomada de ar, numa asa traseira, e num sistema de refrigeração de câmbio. Um verdadeiro gentleman, tive grande prazer em trabalhar com ele.

Gustavo – Por que não houve novas nomenclaturas para o F-8C?

Divila – Era uma modificação do F8. Normalmente quando se mantém o chassi básico acrescenta-se letras. O caso do FD01 , FD02, FD03 normalmente seria FD01-B e C , mas foi “batizado pela imprensa” e ficou mais fácil mencionar com o nome conhecido pelo público; nos desenhos era simplesmente -B e -C

Gustavo – O FD-02 e o FD-03 já haviam sido desenhados antes da construção do FD-01?

Divila – Sim. O FD-02 era uma variação de radiador (lateral ao invés de traseiro) previstos para serem testados no GP do Brasil caso tivéssemos problemas de temperatura nas corridas quentes (Brasil, África do Sul). O bico curto era previsto para Mônaco e pistas de baixa; o modelo original todo carenado era para os circuitos de alta, com retas longas e curvas rápidas. Acabamos usando já em Interlagos, no GP, pois o 01 ficou muito danificado no acidente de Buenos Aires e não tivemos tempo de refazer tudo.

Gustavo – A manutenção dos motores Ford Cosworth foram problemas realmente nos meados de 76 e 77? Ou o que piorou o desempenhos foram os pneus Goodyear?

Divila – Os dois mas mais os pneus. De um carro que virava com as Ferrari T3, fomos parar no fundo do grid, junto com a Lotus e a Shadow, dois outros carros que tinham o mesmo tipo de distribuição de peso e lay-out aerodinâmico. Ficou ainda melhor para a Ferrari, Brabham e McLaren. Foi a mudança de carcassa do pneu. Os motores eram feitos pelo ex preparador da Brabham, Colin Seeley, e não davam a potência dos motores Cosworth “oficiais” da McLaren e Lotus. Aí passamos para os motores preparados pelo John Judd, que fazia também os da Williams.


Gustavo – analisando friamente o projeto do F6, o achei perfeito (claro que havia aquele problema crônico de torção). Haveria, com a tecnologia de hoje em dia, como conserta-lo?

Divila – Não. A idéia das saias curvas com elementos flexíveis veio da Lotus, onde o Bellamy trabalhava. Também não funcionou lá. Há uma análise interessante justamente dessa Lotus no livro do Peter Wright, hoje assessor da Fia. Quanto ao problema torcional, foi uma das maiores “brigas” que tive com o Ralph. Esse tipo de chassi em honeycomb “colméia de alumínio”, esse problema é um pouco o preço que se paga quando utilizamos novas tecnologias. Também foi um grande problema para a McLaren, no modelo M29, no ano seguinte. O carro era bonito para a época, mas com alguns erros fundamentais de concepção. Além disso, carro bonito é aquele que vira na pole…

QUARTA-FEIRA PRÓXIMA TEM MAIS

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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