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OS MELHORES E PIORES DE 2004 – 3ª PARTE
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17/11/2004

OS MEUS PREFERIDOS

– Manuel Blanco

Com muita freqüência, falamos dos nossos personagens preferidos. Inclusive apresentam-se listas que, normalmente, constam de cinco desses personagens. Em certa ocasião, eu mesmo enviei a minha lista referida ao motociclismo e, agora, gostaria de apresentar os meus preferidos da F1. Porém, mesmo reduzindo a lista ao mínimo, cinco me resulta um número escasso e, com vossa licença, na minha lista há de constar sete nomes.

Procurarei explicar, de forma resumida, os motivos que me levam a decantar-me por estes personagens e, por ordem alfabetico, esta é a minha lista: Alexander Hesketh, Arturo Merzario, Bernard Ecclestone, Emerson Fittipaldi, Gordon Murray, Graham Hill e Ricardo Divila.

– A. HESKETH – Mesmo pertencente à nobreza britânica, lord Hesketh estava muito longe da habitual imagem soberba, orgulhosa e distante que se lhe atribui aos seus membros. Hesketh, era uma pessoa “normal” e entranhável que a todos resultava simpática. Famosas eram as suas partidas de poker nos boxes ou trailers, e seu bom humor era sempre ressaltado.

Lord Hesketh, pode considerar-se o último verdadeiro patrocinador da F1, e a sua retirada como o fim do esporte na categoria. Equivocadamente, continua-se usando a palavra “patrocinador”, quando, realmente, o único que temos são investidores (talvez até tubarões). Patrocínio é o mecenato ou apoio a uma determinada atividade sem propósitos de lucro, e isso era justamente o que fazia lord Hesketh. Mas, quando os crescentes custos da F1 superaram as suas possibilidades, ele preferiu retirar-se antes que colocar publicidade nos seus brancos carros, mantendo-se fiel à sua concepção do esporte.

– A. MERZARIO – Bravo piloto italiano que não desfrutou das oportunidades que merecia.

Esteve na Ferrari nos piores momentos do desenvolvimento do modelo B3 mas, a sua determinação e profissionalismo sempre foram admiráveis. Em meados de 1973, Merzario já sabia que não seguiria na equipe mas, continuou trabalhando com grande empenho.

No GP do Canadá, Arturo perde o bico do carro num acidente nas primeiras voltas da prova mas, continua na pista. Algumas voltas depois, perde o aerofólio traseiro mas, também segue adiante, dando uma demonstração de tenacidade que me chamou poderosamente a atenção. Arturo, com o carro naquelas pobres (e perigosas) condições, poderia ter abandonado e ninguém o teria censurado por isso. Mas, mesmo sabendo que aquela era a sua penúltima corrida na Ferrari, ele fez questão de acabar a corrida, coisa que faria a 5 voltas do vencedor.

Porém, as maiores provas de sua bravura ainda estavam por vir. Em 1976, foi Arturo quem retirou Lauda do carro em chamas no acidente de Nurburgring e, em 1978, novamente, foi protagonista destacado no resgate de Ronnie Peterson em Monza.

Arturo, sim, que pode considerar-se um herói !

B. ECCLESTONE – O poderoso chefão vem sendo muito criticado ultimamente pela difícil situação na que se encontra a F1. Porém, devemos recordar que a categoria deve sua grandeza a este “homenzinho”.

De origen humilde, Bernie sempre sentiu-se atraído pelo automobilismo e, inclusive tentou ser piloto mas, logo percebeu que era muito melhor dirigindo gente que carros e, neste terreno não teve rival.

Nos anos 70, a F1 também atravessava momentos difíceis mas, passavam despercebidos para o público em geral porque a mídia não se ocupava da categoria tanto como agora e, além do mais, a emoção e espetáculo nas pistas eram grandes. Algumas equipes emblemáticas nos anos anteriores, desapareceram (BRM ou Matra), outras surgiam como cogumelos no prado depois da chuva sem aportar nada de bom à categoria. Se inscreviam num GP e desapareciam no seguinte (Trojam, Tokem, Maki, etc).

As equipes negociavam, cada uma por si, com os organizadores dos GPs, TVs etc, e Bernie foi o primeiro em ver as enormes possibilidades que a Fórmula 1 oferecia. Porém, possivelmente, não foi o único pois, apesar da anarquia reinante, a categoria crescia e até chamou a atenção de Roger Penske e Parnelli Jones, os poderosos chefes de equipe americanos, que talvez já estivessem de olho na F1 pois, inclusive começaram a participar com suas equipes.

Mas, Bernie atuou rápido e tomou as rédeas da F1 acabando com a baderna e dotando a categoria da ordem, disciplina e seriedade das quais adolescia. Talvez graças ao Bernie a F1 não acabou sendo uma espécie de Cart européia ou mundial, coisa que me provoca náuseas só de pensar.

Hoje, a F1, novamente, atravessa momentos difíceis e, com freqüência, culpamos o “tio Bernie” de tudo o que de mal acontece nela mas, é que ninguém nem nada é perfeito ou eterno, e tudo tem um principio e um final. Porem, hoje nao parece haver um Ecclestone que salve a categoria de sua autofagia, e temo que uma formula 1 sem o tio Bernie não vai ser melhor que a que tivemos quando ele estava em sua plenitude.

Pelo seu enorme talento negociador, visão de futuro, dotes gerenciais, etc., o Bernie Ecclestone, modestamente, me parece o mais importante personagem da F1. Pilotos, chefes de equipe ou engenheiros há e houve muitos mas, “tio Bernie” só um.

E. FITTIPALDI – Nada há que eu possa dizer sobre o Emerson que não saibamos já.

Pessoalmente, posso dizer que foi o Emerson quem, definitivamente, desencadeou a incipiente afeição à F1 que eu tinha, e graças a ele começamos a ter abundante informação sobre automobilismo aí no Brasil. Envio uma foto minha de 1974 onde, como podem ver, não há dúvida de que Emerson era o meu preferido naqueles tempos pois, eu até exibia umas costeletas inspiradas nas suas.

G. MURRAY – O gênio! Como poderia um aficionado à formula 1 deixar de admirar um cara como o Gordon e seu trabalho? Os seus carros eram autênticas obras de arte, e muitas foram as inovações que o Gordon introduziu na F1 (suspensão pull-rod, freio de fibra de carbono, suspensão hidropneumática, conceito extra plano etc.).

Fossem os brancos BT44, o futurista BT46, os eficientes BT49 eBT53, o revolucionário BT55 ou o extraordinário MP4/4, todos, além de tecnicamente primorosos, eram belíssimos.

G. HILL – Só vi o Hill competir no fim da sua carreira, quando apenas corria por gosto, portanto não tenho lembranças destacadas suas como piloto. Que eu me lembre, as suas melhores corridas foram aquelas de Fórmula 2 em Interlagos no princípio dos anos 70. A minha preferência por Hill se deve ao lido e escutado sobre a sua pessoa. Porém, tudo o que li e ouvi sobre ele, sempre o descrevem como um piloto extraordinário e uma pessoa ainda melhor.

De origem humilde, Hill conseguiu chegar até o cume com muito trabalho de dedicação, e o seu comportamento sempre é recordado como o de um verdadeiro cavalheiro.

Quando a fortuna parecia prestes a sorrir-lhe em sua nova etapa de construtor, a morte truncou tudo. Pena que já não hajam pilotos (pessoas) como Hill.

R. DIVILA – Fiquei muito chateado quando os irmãos Fittipaldi decidiram o relevamento do Ricardo da sua função de engenheiro da Copersucar. Desde fora, e como simples aficionadao, dava para se perceber que o seu trabalho era bom, e os seus carros melhoravam um após o outro continuamente. O FD04 era bom, e Maurice Phillipe conseguiu que fosse ainda melhor. Como diz um ditado popular valenciano – De onde não há nada… nada pode conseguir-se – portanto, se o carro melhorou é que o potencial já estava lá, e isso era mérito do Ricardo.

O FD01, foi um carro que me impressionou muito pelo seu estilo inovador. Criticada na época, pouco a pouco, a sua idéia de carenar o motor acabou impondo-se na categoria. Realmente foi um carro tecnicamente muito atrevido, principalmente considerando que era o seu primeiro carro. Que eu saiba, o atrevimento é algo próprio de ignorantes ou de gênios, e o Ricardo, de jeito nenhum, me parece que seja um ignorante.

Bem amigos, esta é a minha ” lista ” de preferidos. Se fosse um pouco mais longa, teria que incluir nomes como David Purley, Mauro Forghieri, Frank Williams, Keke Rosberg, Colin Chapman, Ronnie Peterson, etc. mas, creio que esta é bastante representativa das minhas preferências.

Quais são as vossas ?

um abraço,

Manuel Blanco,Valência, Espanha
GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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