F1 2020: vamos nessa? Ou não vamos?

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GPTotal perguntou aos seus colunistas – e estende a pergunta a você, leitor: em meio à maior crise sanitária da humanidade nos últimos cem anos, devemos dar a largada à Fórmula 1 2020?

Leia o que pensam os nossos colunistas e opine você também.

Lembrando: está marcada para 5 de julho a abertura do Mundial de Fórmula 1, com o GP da Áustria. Uma semana mais tarde, devemos ter o bizarramente batizado GP da Estíria, na mesma Spielberg.

Na sequência, até o começo de setembro, estão previstos GPs na Hungria, Silverstone em duas etapas, Espanha, Spa e Monza, num total de oito provas.

Depois, se verá se há como promover outras fora do continente europeu, inclusive Brasil, ainda que a data prevista para Interlagos coincida com a do 1º turno das eleições municipais, segundo calendário aprovado na 3ª-feira, pelo Senado, ainda sujeito à confirmação pela Câmara dos Deputados.

 

 JC Viana

Levando-se em conta o retorno do futebol e das corridas nos Estados Unidos, sou a favor, sim, do retorno a F1 em julho. Porém, acho bem difícil sair da Europa nos próximos meses.

 

Mário Salustiano

Essa é uma posição que pede uma resposta de serenidade. A humanidade está passando por um desafio tremendo, talvez o maior desde a Segunda Guerra Mundial. Temos um inimigo a ser combatido que exige uma união entre toda a sociedade, e isso vai solicitar algumas renúncias pelo bem maior da sociedade. Por isso, minha resposta oscila entre os seguintes fatores:

– serei contra a volta da F1 em 2020 caso não seja possível pela avaliação das entidades sanitárias que a direção da categoria garanta níveis de proteção e contaminação, lembrando que as viagens pelos países de sua trupe podem levar o vírus aos países visitados.

– Serei a favor da volta da F1 em 2020 para que possamos alimentar a esperança de que dias melhores estão por vir e que de alguma forma vamos poder sair do distanciamento social, mesmo que via TV, vendo algo acontecer ao vivo. Sinalizador importante para a sociedade, o esporte em todas as suas esferas sempre proporcionou esse papel de aproximação e união. Como o estado emocional está atingindo um patamar delicado, vamos ter nas atividades das equipes nos GPs algo que vai nos dar uma válvula de escape.

Vamos nessa, torço particularmente pela segunda opção!

 

Manuel Blanco

Essa pergunta não tem fácil resposta! No meu caso, ainda mais difícil, pois, como já sabem, a Fórmula 1 cada vez me entusiasma menos.

Esta pandemia colocou a humanidade numa difícil situação, ainda que apenas servisse para desviar a atenção do difícil que a situação já era antes… desde faz bastante tempo.

Vivemos tempos difíceis onde a cobiça, a intolerância, a inveja, o egoísmo…  aninham em nossos corações. Justo na chamada “era da comunicação” é quando menos nos comunicamos. Quando menos empatia e respeito se observam no comportamento da gente. Basta ver a absurda onda de vandalismo iconoclasta que recorreu o mundo recentemente, e que nos mostrou que o período de confinamento não serviu para a reflexão e a revisão de nossos valores, nem como indivíduos nem como sociedade.

Essa é a verdadeira pandemia que temos de combater!

Assim, que haja ou não campeonato de Fórmula 1 é algo que não me aflige. Contudo, creio que é conveniente que se celebre o campeonato ainda que seja para manter a gente distraída e assim impedir que façam coisas piores.

Como diziam os antigos romanos, “panis et circenses”.

 

Rafael Mansano

Sou a favor do reinício da temporada, sem fãs, com número reduzido de pessoas nos times e com todas as medidas de saúde necessárias para qualquer atividade: testes periódicos, máscaras distanciamento. A Nascar o fez com o dobro de carros da F1, ou seja, com a necessidade de mais pessoas.

 

Carlos Chiesa

Em 1989 foi publicado o livro “1968, o ano que não terminou”, abordando esse período em que o Brasil estava sob o regime militar.

Para muitas atividades, 2020 será o ano que não começou. Com a possibilidade de segunda onda e um campeonato provavelmente disputado somente na Europa, me parece que a F1 ficaria desfigurada.

Talvez seja até viável fazer algumas provas mas… chamar de campeonato? Qual será o real valor da equipe e piloto vencedores?

 

Lucas Giavoni

Sou favorável. Go race!

Com os devidos cuidados sanitários e com arquibancadas vazias, estamos diante de um calendário com países que já enfrentaram o pior da doença, diferentemente do que acontece por aqui…

 

Eduardo Correa

Sou contra a volta da Fórmula 1 agora, mesmo considerando apenas as corridas previstas para a Europa.

Poderia enfileirar problemas legais (como a vigência de quarentena para viajantes internacionais em vários países europeus, a começar pela Inglaterra), sanitários (perguntem ao sr Novak Djokovic…), de regulamento (não sabemos se o Mundial de fato se consumará, já que, salvo gambiarras, ele demanda corridas em três continentes e não há qualquer garantia que a Fórmula 1 poderá ir à Ásia e América este ano) e até de imagem (como o da lamentável volta do futebol no Rio, metros distante de um hospital de campanha com óbitos registrados no mesmo dia do jogo entre o Flamengo e o Bangu).

Acho que acima destas questões há outras duas: prudência e respeito e recolhimento por todo o sofrimento advindo da pandemia.

Sei que uma coisa e outra são pouco valorizadas no mundo atual, mas precisamos guardar luto pelos que morreram e por seus familiares e também precisamos ser cuidadosos ao extremo porque a pandemia está longe de poder ser dada como vencida. Notícias de retomada da doença vêm, nesta semana, da China, Alemanha e Austrália, enquanto Brasil, México e Estados Unidos convivem com a aceleração de contágio e mortes. A prudência de países como Alemanha e Japão, que cancelaram os seus GPs, me parece mais adequada para o momento.

Não renego a importância da volta à normalidade. Os impactos sobre a economia decorrentes da pandemia podem, de fato, ser maiores do que a própria doença. No entanto, a volta à normalidade não pode se dar às custas de mais mortes e sofrimento. Não há justificativa possível para argumentos como os que se tem ouvido em Brasília e que só podem se originar em um pensamento militar. Estamos numa guerra, é verdade, mas não somos soldados sobre os quais os comandantes militares têm poder de vida ou morte. A obrigação da sociedade é lutar por cada vida. A volta à normalidade é ardentemente aguardada, mas atividades esportivas como o Mundial de Fórmula 1 podem esperar.

Na minha opinião, o melhor seria cancelar o campeonato deste ano, como fizeram tantos outros organizadores de eventos esportivos, Olimpíadas de Tóquio sendo o melhor exemplo.

Entendo que esta proposta quebra a coluna vertebral da Fórmula 1 como negócio, mas e daí?

Todos temos perdas materiais decorrentes da pandemia. Cabe aos governos de cada país decidir as atividades essenciais que devam ser apoiadas com empréstimos, subsídios ou isenções. Se os governos-sede de grandes equipes e organizadores de GPs acharem que a Fórmula 1, pelo que representa para a economia, merece este apoio, que o façam, como estão fazendo com tantas outras áreas.

Considerando a radicalidade da minha proposta, proponho uma alternativa: levando em conta a melhora da situação da pandemia na Europa, eu retardaria o início da temporada em mais dois ou três meses e fundiria os Mundiais de 2020 e 2021. No ano que vem, corridas na Ásia e América seriam mais viáveis e os problemas logísticos menores.

 

Marcel Pilatti

Observando o movimento que está acontecendo na NBA (com diminuição de times e, consequentemente, partidas), sou favorável ao retorno, desde que tomadas todas as medidas de precaução possíveis.

Penso, principalmente, na imensa quantidade de pessoas atreladas a esses negócios gigantescos (NBA e F1), muito mais do que nas estrelas principais, que por muitas vezes são tratadas como artistas solo.

No entanto, o eminente sétimo título de Lewis Hamilton terá um asterisco ainda maior que o primeiro de Schumacher ou o terceiro de Prost.

 

Roberto Agresti

A favor!

 

Marcio Madeira

Pergunta difícil…

O circo da Fórmula 1 é composto por pessoas de todos os cantos do mundo, representando um risco bastante considerável a qualquer país que receba este contingente num cenário de luta para controlar uma pandemia global.
Como atenuante, todavia, importa considerar que estamos tratando de um ambiente teoricamente regido pela razão, e certamente movido por pessoas com bons motivos para que desejem curtir com saúde a vida privilegiada que levam. Ainda que as motivações para o retorno sejam obviamente econômicas, é razoável supor que a categoria seja capaz de estabelecer protocolos aceitáveis e tenha maturidade suficiente para os cumprir à risca, ciente de que todo o futuro do circo depende do sucesso sanitário deste processo de retomada.
Minha opinião pessoal é a de que o ideal seria não retornar agora, uma oportunidade de fazer valer o peso dos 70 anos de história e se posicionar enquanto pináculo do esporte e da tecnologia aplicada a uma das maiores indústrias do planeta. Mas acredito (e torço para) que seja possível retomar as corridas em meio a uma postura bastante diferente do negacionismo científico que temos visto se estabelecer por aqui.

 

Flaviz

Volta da F1.
Qual é o ponto de segurança que permite às equipes deslocar seu pessoal pelo continente? Todos os envolvidos estão/estarão seguros? Não vale comparar com a Nascar, onde o mandatário do país banaliza a pandemia e trata-se de um campeonato contido em uma única nação.

Obviamente não temos a resposta clara e, exatamente por não termos a resposta científica, a F1 não deveria ter um campeonato mundial em 2020 com tão poucas corridas confirmadas.
Como ficará na história um possível heptacampeonato de Hamilton com somente 8 provas em continente europeu? Se Vettel for campeão, vão questionar se em 22 provas ele bateria Hamilton? Já imaginaram Bottas vencendo? Tadinho, ele tem bons começos de ano e segue uma performance descendente pelo restante do campeonato. Com 8 corridas, dá pra ser combativo, certo?
Tirando essas hipóteses, há uma dúvida prática: como ficarão as alocações de unidades de potência? As equipes vão usar seus equipamentos pensando em um calendário de quantas corridas?
São muitas questões. Pensaria em corridas extra campeonato para 2020 e voltamos em 2021 com um Mundial completo. Corridas de exibição quando forem possíveis, nada novo, um encontro com o passado.
Mas a F1 continua com a visão que é fundamental para o planeta. Não dá pra esperar muito de uma galera que empacotou o circo e foi para Austrália, não é mesmo?

 

Agora é a sua vez, leitor. Aguardamos pela sua opinião.

 

Abraços da equipe do GPTotal

 

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

2 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Meus amigos do Gepeto

    num momento de isolamento social, a gente poder ter competições (seja lá qual for o esporte) para acompanhar pela TV, como entretenimento não há nada melhor. O que eu não suporto mais é ficar ligando a TV e ver noticiários baseados com um monte TCF’s (teorias conspiratórias fundamentalistas) baseadas em nada (ou tudo) e cheio de achismos. TCF só gera duvidas e mais dúvidas no comportamento que devemos tomar.
    Poder realizar competições sem aglomerações de pessoas, passar na TV, seguindo os protocolos e mantendo existência do business, sou a favor, por que ficar em casa em isolamento para muitos é depressivo.
    Mas penso que o ano de 2020 já era. Se bobear o de 2021 também. Conseguir manter o esporte vivo num todo é fundamental.
    Sou a favor da retorno da Formula 1 as suas atividades. Sou a favor da volta do futebol … e qualquer outro esporte. Até por que só saberemos se isso pode causar qualquer impacto negativo em razão da pandemia, se voltarmos à atividade. Tem que pagar pra ver. O que não pode é o mundo parar e ficar por isso mesmo. Se é o momento certo ou não, o que não falta são TCF’s para dizer que sim ou não.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  2. O melhor comentário foi o do JC Viana.

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