O último domingo de Maio chegou. Com grande alegria, nossos corações se confortam com o maior espetáculo automobilístico da Terra. Temos Mônaco. Temos Indianapolis. Temos Charlotte.
No último final-de-semana de Maio, nossos alegres corações carregam as tintas para explicar a todos os seres desconhecedores do automobilismo como é possível tanta expectativa. Lembramos do Mister Mônaco, citamos Emerson, Mears, Spider-Man, lembramos de Johnson, Gordon, Earnhardt e Petty.
Lembramos que não há nada mais legal no mundo das corridas do que carros se espremendo em Mônaco, trocando tinta em Charlotte ou andando a mais de 370 quilômetros por hora por 500 milhas!
Não brincamos em serviço, não poupamos palavras. E lembre bem, quando as luzes vermelhas de do 63º Grande Prêmio de Mônaco se apagarem e os carros da F1 partirem para atacar pela primeira vez a St Devote, serão necessárias 9 horas de transmissão para acompanhar 678 voltas nos 2030,79 km desse final de semana!
A Formula 1 vem disputar a sua joia da coroa como todos nós sabemos. Como em pleno 2016 essa pista travada que não permite nenhuma ultrapassagem pode ainda ser uma ponto a ser conquistado e gerar tanto interesse?
A explicação pode ser mais simples do que parece. E a culpa é da F1 atual. Mônaco hoje é o que resta da F1 que desafia pilotos. É o que sobrou de superação e esforço. É a pista que você olha de fora do carro da F1 e fala “Como é que faz uma curva dessa a 200 km/h, meu amigo?” Ou “Como você faz isso durante exaustivas 78 voltas?”. Aqui não há espaço para erros. Não dá para se distrair e aproveitar uma área de escape asfaltada. Saiu do traçado? Haverá consequências.
Daqui nascem as lendas. Pilotos se provam. Todos tentam ser Ayrton Senna. Sem autovangloriação nacional ao piloto brasileiro, como explicar que um cara venceu 5 vezes seguidas (das seis vitórias que tem)? Ou como explicar que ele liderou todas as voltas das corridas de 89, 90 e 91?? Isso mesmo, todas.
Colocando os números em perspectiva para termos uma dimensão analítica dos fatos. Senna venceu 6 das 10 corridas que participou, liderou 422 voltas e fez 5 pole-positions. Vamos agora aos pilotos em atividade mais próximos de Senna nesses 3 grandes números. Alonso tem 2 pole-positions. Rosberg tem 170 voltas lideradas e 3 vitórias. Temos motivos para chama-lo (e o mundo também chamar) de Mister Mônaco, não?
Para essa prova a Pirelli faz a estreia dos pneus Ultra Macios. Uma certa incógnita do comportamento desses pneus, mas os asfalto nada abrasivo de Mônaco deve deixar a vida dos pilotos menos complicada. Parece que as equipes entenderam que a degradação não será um problema. Das opções desse fim de semana (macio, super macio e ultra macio), as equipes focaram suas escolhas no Ultra Macio. A Mercedes traz 10 jogos para cada piloto, por exemplo. A Ferrari 9. São apostas baseadas em simulação que apontam um corrida sem grandes preocupações com a borracha.
Como também é tradicional em Mônaco, devemos ver uma briga mais apertada dos carros menos favorecidos nos motores. Será possível continuar a brincadeira de decidir qual o melhor chassi da F1. Não há dúvida que a Mercedes tem o melhor motor montado no melhor chassi. Agora, quem vem ali pertinho? Ferrari? Red Bull? Mclaren?
A imprensa inglesa teve acesso a GPS dos carros nas corridas e seus jornalistas observaram os carros de perto em Barcelona para apontar a Red Bull brilhando e pronta para superar a Ferrari, isso tudo se a atualização do motor Renault for realmente positiva. Depois, Ferrari e Williams. Logo na sequencia, apontam a Mclaren como um dos TOP 5, em uma briga apertada com a Toro Rosso.
A TAG já teve motores na F1. Não eram TAG-Heuer, mas era TAG, certo?
Se contarmos dessa forma, Max deu ao “motor” TAG a 26º vitória na F1.
Foram exatos 10467 dias desde a última vitória, conquista por Alain Prost no GP de Portugal de 1987.
Se quisermos ser mais puristas, TAG Heuer é um novo motor e conquista sua primeira vitória. É o 19º motor a vencer na F1.
Mas se quisermos ser chatos mesmo, é a vitória de número 169 dos motores Renault na categoria. A primeira desde o GP da Bélgica de 2014, somente 631 dias atrás.
Todo mundo torcendo para os meninos da Mercedes completarem uma volta? Pelo menos os chefes da equipe estão! Depois do vexame em Barcelona onde o time tinha tudo para humilhar a concorrência, a prova em Mônaco tem que ser a redenção. Lembrando que Mônaco e Singapura não foram provas fáceis para a Mercedes em 2015. Não vamos esperar um passeio prateado mesmo que ainda dê para contar nas bolsas de apostas com uma vitória do time.
A maior ameaça virá da Ferrari ou da Red Bull? Também em 2015 foram os dois times que incomodaram mais a Mercedes nessa pista. Não há motivos para pensar que será diferente em 2016. Há aqui uma leve vantagem para a RBR. O time azul vem empolgado pela vitória convincente em Barcelona onde seu carro mostrou muitas qualidades. Além disso, Ricciardo já chega com um novo motor que promete alguns décimos a mais. Para o time vermelho o momento é de pressão, e pressão em Mônaco não ajuda ninguém. Os chefes da equipe ainda não engoliram bem os erros de Barcelona, onde, sem a Mercedes na pista, era dada como certa a vitória.
httpv://youtu.be/tGSJ3ihS9rw
A gigante McLaren! Estreou em Mônaco em 1966! São 50 anos de aventuras pelas pistas. 12 pilotos dos 45 que pilotaram para time foram campeões. E o time também conta com 8 títulos de construtores e 182 vitórias!
Vida longa McLaren!!!
Max é o primeiro dentre 16 Holandeses que correram na F1 a vencer na categoria. Curiosamente seu pai é o holandês que mais andou na categoria, com 106 aparições. Pai e filho são os dois únicos a subir no pódio levando a bandeira holandesa.
Na turminha do meio é de se esperar muita movimentação e uma corrida tensa pelas estratégias. Pelo histórico das ultimas corridas dessa temporada, deve haver uma briga por décimos para conseguir um lugar nos entre o 6º e o 15º lugar. Estão todos muito juntos. A Toro Rosso tem um carro muito equilibrado e lidera as pequenas equipes na tabela de classificação. Deve ainda não sofrer as mazelas de ter um motor 2015 e precisa fazer uma corrida limpa para capitalizar pontos.
Nessa briga, a Williams deve ser a candidata mais dura de ser batida. Apesar de ter ficado para trás em relação a disputa pelo pódio, o carro ainda é presença constante no Q3 e nos pontos. Excluído os dias que as besteiras estratégicas não destroem o fim-de-semana de seus pilotos.
Após essas duas, McLaren, Haas e Force India disputarão suas migalhas. A Mclaren (leia-se Ron Dennis) quer provar que a culpa de não andar na frente é da Honda e não da sua fantástica fábrica de carros. A Haas busca algum pontinho extra, mas tem os pés no chão para entender que até agora está vivendo um conto de fadas. Já a Force India busca a redenção. O time não se encontrou esse ano, seu carro que era a grande promessa do fim de 2015 tornou-se a grande decepção de 2016, cabeça a cabeça com a Williams na disputa desse ‘troféu’.
Alguém lembra da regra de classificação dentro 107% do tempo da pole?
Em Barcelona a Manor classificou seu último carro com 104.80% de atraso para a pole-position. Um grande avanço para o time que em 2015 fez a classificação 108.68% atrás.
E a turma do Fundão? Como anda? Renault vem na frente da turma, e tem tudo para abrir mais vantagem até o fim do ano. Conforme abre vantagem para Sauber, a Sauber perde terreno para Manor. É verdade, o time suíço já ouve o barulhos dos Mercedes da Manor nos calcanhares. Não é uma disputa glamorosa, mas temos uma disputa.
Circuito: Circuit de Monaco
Voltas: 78
Comprimento: 3.340 km
Distância: 260.520 km
Recorde da Pista: 1:14.439 – M Schumacher (2004)
Programação
Quinta-Feira: 5h00 – 1º treino livre e 9h00 – 2º treino livre
Sábado: 6h – 3º treino livre e 9h – Classificação
Domingo: 9h – Corrida
É verdade que não temos muitas opções para uma corrida movimentada em Mônaco, a não ser que chova. Mas o fim-de-semana é especial e aguardado por todos os fãs do automobilismo.
Vamos aproveitar?
Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz