Visitando as raízes, parte 3

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A continuação de nossa saga volta às raízes da Fórmula 1.

Depois de nossas primeiras visitas às raízes, começa a temporada 64. Começa com provas extracampeonato, que não valiam pontos mas serviam como testes reais, além de atrair público. Naquela época sem patrocínio, os prêmios eram grande fonte de renda para as equipes.

Indy Jones: Outros tempos. Todo mundo queria correr e o público queria ver corridas.

Em 14 de março o circo todo, exceto Ferrari, foi a Snetterton para o IIº Daily Mirror Trophy.

Estavam previstas 50 voltas mas devido a condições atrozes de clima, que incluía neve, acabaram sendo 35.

Jim Clark fez a pole. O vencedor foi o britânico Innes Ireland, com BRP-BRM. Jim Clark e Jack Brabham sofreram com carros equipados com rodas menores e abandonaram por problemas mecânicos.

Graham Hill aquaplanou quando liderava, na volta 6, e foi parar em um barranco. O britânico Peter Arundell, com Lotus, assumiu a liderança até ter problemas com sua caixa de cambio na volta 22, mas antes fazendo a volta mais rápida.

O sueco Jo Bonnier (Cooper-Climax T66 da Rob Walker) assumiu mas Ireland o ultrapassou na volta 26 e se manteve aí até a bandeirada.

Bruce McLaren, com Cooper-Climax (Cooper Car Company) foi terceiro, Phill Hill (BRM da Scuderia Centro Sud) quarto, Chris Amon (Lotus-BRM da Reg Parnell), o britânico Jackie Epstein (BRM da Epstein-Eyre Racing Team) sexto e o belga Andre Pillette (Scirocco-Climax da Equipe Scirocco Belge) fechou a raia, porque apenas estes sete passaram pela quadriculada.

Em 30 de março foi a vez de Goodwood receber a turma, para o 1º News of the World Trophy (anteriormente chamado de Glover Trophy ou Richmond Trophy). Jack Brabham fez a pole.

Jim Clark (Lotus 25) foi o vencedor, mas Graham Hill liderou por 40 voltas até quebrar, e a corrida terminou duas voltas depois. Graham marcou a melhor volta, como consolação.

Peter Arundell foi o segundo, o britânico Trevor Taylor, com a Lotus-Climax da BRP terceiro, Richard Attwood (britânico) com a outra BRM quarto, Mike Hailwood (Lotus-BRM da Reg Parnell) quinto e Andre Pillette sexto.

O XIIIº GP de Siracusa, na cidade do mesmo nome na Sicília, teve lugar no dia 12 de abril. Estavam previstas 56 voltas mas acabaram encerrando com 40, a pedido de Jo Bonnier, representante da GPDA (Grand Prix Drivers Association), devido à forte chuva.

Talvez tenha sido mesmo uma boa ideia, já que nos treinos Jo Siffert se machucou ao capotar sua Lotus 24 (equipe própria mesmo).

A pole foi obtida por Lorenzo Bandini, mesmo com a Ferrari V6 e sua boa forma foi confirmada na corrida, com a volta mais rápida.

John Surtees, a bordo da Ferrari 158 de oito cilindros venceu com facilidade, seguido por Bandini.

A Lotus levou carros para Peter Arundell e Mike Spence, também britânico. O carro de Arundell teve problemas de cambio. Ele parou e trocou com o team mate, voltando a tempo de travar boa briga com Bandini, e terminar em terceiro. O regulamento permitia.

Spence abandonou logo após pegar o carro avariado de Arundell.

Jo Bonnier foi o 4º e Chris Amon o 5º.

Em sexto veio o americano Masten Gregory, com a BRM da Scuderia Centro Sud.

Indy Jones: Décimo-terceiro GP de Siracusa. Significa que era uma prova tradicional, que permitia aos sicilianos tomarem contato direto com a F1. Agora só pela TV.

No dia 18 do mesmo mês o circo, sem a Ferrari, se reuniu no circuito de Aintree, Inglaterra. Graham Hill fez a pole com a BRM.

Jack Brabham foi o vencedor, com sua Brabham BT7, depois de duelar com Jim Clark. Este tomou uma fechada de Andre Pillette e bateu no guard-rail na volta 47, se machucando.

Antes disso deixou seu cartão de visita, marcando a volta mais rápida. Hill chegou em segundo, Peter Arundell terceiro, Jo Bonnier quarto, o britânico John Taylor com uma Lotus Ford da Gerard Racing em quinto.

O regulamento dessa corrida permitia a inclusão de carros de F2 e Mike Spence foi o vencedor dessa categoria com Lotus Cosworth, chegando em sexto na geral.

Pelo caminho foi ficando gente como Phill Hill, Bruce McLaren, Dan Gurney, Denny Hulme, Chris Amon, Mike Hailwood, Innes Ireland.

Em 2 de Maio ocorreu o Daily Express International Trophy Race em Silverstone. Dan Gurney faz a pole.

Novamente Jack Brabham vence, fazendo inclusive a volta mais rápida, desta vez com apenas meio carro à frente de Graham Hill. Os dois brigaram pela ponta até o fim e o australiano se impôs somente na última volta.

Jim Clark não participou, ainda machucado, e John Surtees parou com um problema na bomba de gasolina.

Peter Arundell fez as honras da equipe Lotus, em terceiro, Phill Hill as da Cooper em quarto, Chris Amon e Mike Hailwood, ambos da Reg Parnell chegaram a seguir. Nesta corrida aparece o Porsche 718, da Ecurie Maarsbergen, pilotado pelo holandês Carel Godin de Beaufort. Carro já antigo, larga em 22º e chega em 13º.

Em 10 de maio o campeonato começa efetivamente, com sua mais tradicional prova: Monaco. Jim (Lotus-Climax 25) fez a pole, seguido por Brabham (Brabham-Climax BT7), Surtees (158), Graham (BRM P261), Arundell (Lotus 25), Gurney (BT7), Ginther (BRM P261) e Bandini (156). Innes Ireland tinha machucado um joelho em um acidente a caminho de Monaco e bateu nos treinos, por isso não pode alinhar.

Jim manteve a ponta na largada, sendo seguido por Brabham, Graham, Gurney, Surtees e Ginther. Gurney conseguiu ultrapassar Hill pouco depois enquanto Surtees e Brabham perdiam posições, com problemas de cambio e motor, respectivamente. John abandonou na volta 14 e Jack na 29. A Lotus de Clark teve uma barra anti-roll solta e sendo arrastada ainda no estágio inicial da corrida e, para evitar a bandeira preta, Colin resolveu chamar seu piloto aos pits. Jim volta ainda em terceiro, atrás de Gurney e Graham. O carro do americano apresenta um vazamento de combustível, Graham se aproxima, Clark também. Os três correm embolados por um bom tempo até que na volta 53 Hill consegue dar um bote certeiro e assumir a ponta. Gurney ia se mantendo em segundo até que na volta 62 é obrigado a abandonar por problemas de cambio. O motor de Clark começa a falhar nas voltas finais e assim a BRM faz 1-2, com Ginther em segundo e Arundell em terceiro. Jo Bonnier foi o quarto, Mike The Bike Hailwood chegou atrás de Clark, que ainda conseguiu um quinto.

Graham estabeleceu o recorde da volta, com média de 120,575 km/h, que deve ter sido uma enormidade, pois seu colega Ginther chegou uma volta atrás.

Indy Jones: Reparou quantas corridas tiveram duelos acirrados pela ponta? E com carros de diferentes equipes?

Curiosidades: Phill Hill agora corria pela Cooper, com o modelo T73, ao lado de McLaren, com o modelo T66. O ano começou mal para a Cooper e para a Ferrari. Estas estavam entre os 4 carros que abandonaram com problemas de cambio, preço cobrado habitualmente por Mônaco naqueles tempos sem automatismos.

O veteraníssimo Maurice Trintignant, 46 anos, abandonou por exaustão na volta 53 (Graham percorreu 100).

Voltaremos a 1964 no mês que vem.Boa semana a todos.

Carlos Chiesa
Carlos Chiesa
Publicitário, criou campanhas para VW, Ford e Fiat. Ganhou inúmeros prêmios nessa atividade, inclusive 2 Grand Prix. Acompanha F1 desde os primeiros sucessos do Emerson Fittipaldi.

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