CONTAGEM REGRESSIVA

para que tanta potência?
01/02/2002
Schumy ganha, mas não deve ser tão fácil assim
06/02/2002

Edu,

Contagem regressiva: falta apenas um mês para o GP da Austrália. É aí que saberemos quem realmente tem bons carros e quem estava fazendo jogo de cena nos testes.

Se a chorumela ouvida nos testes tiver alguma razão de ser, a Ferrari terá um ano ainda mais tranqüilo que o de 2001. Vejamos: os pilotos da Williams reclamam do chassi do FW 24 e dizem que o modelo anterior era melhor nas curvas. Os novos McLaren, por enquanto, não empolgaram ninguém. A Jaguar tem problemas sérios em seu novo carro. Toyota e Renault ainda estão se ajustando e, apesar de um ou outro bom resultado nos testes, ainda não mostraram a que vieram. Jordan e BAR, as equipes da Honda, sequer são levadas a sério. E, pasme, a Sauber é a única equipe que saiu dos testes com um sorriso no rosto ao comparar seu carro de 2002 com o de 2001.

De importante, falta conhecer o novo modelo da Ferrari, que será apresentado esta semana. Depois disso é que as cartas começarão a ser distribuídas. Em Melbourne, finalmente saberemos quem tem as melhores combinações e quem estava blefando.

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Registre-se o bom serviço feito por Antônio Pizzonia no mês de janeiro. Foi o mais rápido em algumas sessões de treinos (o que é bom, mas não tão importante quanto alguns fazem parecer) e, em apenas um mês como piloto de testes da Williams, percorreu cerca de 4.000 km – o equivalente a uns 13 GPs. Este, sim, é um bom sinal de que a Williams está gostando de seu trabalho.

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Declaração de Rubens Barrichello durante a semana que passou: “Este ano, vou disputar o título com Schumacher”.

Torço sinceramente para que isso aconteça. Mas Barrichello deveria ficar “na dele”, trabalhando em silêncio e surpreendendo pelos resultados que vier a conseguir na pista. Com palavras assim, o brasileiro cria uma expectativa exagerada que todos sabem ser prejudicial para ele mesmo (afinal, a torcida passa a esperar que ele vença corridas constantemente, e ele sente essa pressão) e diminui a grandeza de qualquer resultado que ele possa conseguir. Emerson, Piquet e Senna tinham todo o cacife para dar declarações como esta. Barrichello ainda não tem…

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Ontem fez 23 anos que pisei pela primeira vez no autódromo de Interlagos. Foi para assistir aos treinos finais para o GP do Brasil de 1979. Meu lugar na arquibancada era na chamada “curva do café”, que é aquela curva rápida existente antes da reta dos boxes. Lembro-me de como fiquei feliz naqueles dias, apesar do sol forte e do desconforto daquela arquibancada. Para mim, isso não importava. O que eu queria era ver de perto aqueles carros que eu passara a admirar menos de cinco meses antes.

A corrida foi disputada no dia 4 de fevereiro – a data de hoje. Foi uma corrida sem graça: Jacques Laffite e Patrick Depailler, ambos da Ligier, ficaram o tempo todo nos dois primeiros lugares, sem trocar de posição. Carlos Reutemann, o 3º colocado, disputou a posição com Emerson Fittipaldi durante umas 15 voltas, mas ficou sossegado depois que o Copersucar precisou fazer uma demorada parada no box por causa de uma roda solta. Emerson terminou em 11º lugar, correndo com o valente F5A, o carro com o qual chegara em 2º no GP do Brasil do ano anterior.

Curiosa foi a participação de Nelson Piquet, que faria naquele ano sua primeira temporada completa. Duas semanas antes, na Argentina, ele fraturou um dedo do pé direito em um acidente na largada e havia dúvidas sobre suas possibilidades de correr no Brasil. Para piorar, os Brabham BT 48 eram poços de problemas. Enfim, tudo jogava contra.

Nos treinos, Piquet fez o 22º tempo. Havia 26 inscritos e, na época, largavam somente os 24 melhores. Na corrida, Piquet subiu de 22º para 13º em apenas cinco voltas. Depois, levou uma fechada ao tentar ultrapassar Clay Regazzoni. Precisou frear forte, mas não agüentou a dor no pé contundido e soltou o pedal, dando um pequeno toque no piloto suíço. Danificou uma asa dianteira, encostou no box e não saiu mais. “Esse cara é bom mesmo, pena que ele não pôde correr mais…”, foi o comentário generalizado na arquibancada. Nos boxes, Piquet recebeu muitos tapinhas nas costas, muitos parabéns e foi entrevistado por muitos repórteres deslumbrados com seu desempenho em condições tão desfavoráveis.

Um mês depois, lendo as revistas especializadas, entendi a razão daquele desempenho. Piquet sabia que as dores no pé o impediriam de correr até o final e resolveu, pelo menos, animar a platéia. Colocou somente uns 40 ou 50 litros de combustível no tanque (o suficiente para dar umas dez voltas, no máximo) e pneus supermoles, de classificação. Nessas condições, pôde virar praticamente os mesmos tempos dos treinos e superar vários outros pilotos que estavam com carros mais pesados e com pneus duros para a corrida (lembre-se que, naquela época, ninguém fazia paradas planejadas no box para trocar pneus nem reabastecer).

Como em várias outras ocasiões, Piquet pegou seu limão e transformou-o em uma deliciosa limonada…

Abraços,

Panda

GPTotal
GPTotal
A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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