ESPETÁCULO OU COMPETIÇÃO?

Reação Inglesa
08/03/2002
GP da Malásia
15/03/2002

Edu,

É impressionante como ouvi nos últimos dias pessoas que achavam que o GP da Austrália deveria ter sido interrompido depois do acidente na primeira curva. “Pelo espetáculo”, disseram quase todas essas pessoas.

Concordo que foi altamente frustrante para milhões de pessoas ficar acordado até meia-noite e pouco para ver um acidente na largada eliminar logo de cara nada menos que oito pilotos, incluindo alguns favoritos à vitória. Para os brasileiros, foi mais cruel porque entre eles estavam Rubens Barrichello, o pole position, e Felipe Massa, o estreante sobre quem foram depositadas muitas expectativas.

Pode ter desagradado a muitos, mas foi correta a decisão de continuar a corrida com safety car na pista até a remoção dos carros acidentados e de seus destroços. Em outros tempos, o diretor de prova realmente não teria outro jeito a não ser sacar a bandeira vermelha e começar tudo de novo. Com a introdução do safety car na F 1, a partir do começo dos anos 90, é preciso um fato muito grave para provocar a paralisação completa da corrida. Dizem que o “espetáculo” ficou prejudicado. Para os brasileiros, realmente ficou. Para os australianos, certamente não: eles jamais teriam celebrado o 5º lugar do piloto local Mark Webber se a corrida tivesse sido interrompida. Outra coisa: no GP da Alemanha de 1994, três acidentes eliminaram dez carros antes da primeira curva e nem por isso ouvi alguém dizer que o espetáculo ficou prejudicado.

Fórmula 1 é competição e não necessariamente espetáculo. Há outras razões para o uso cada vez menos freqüente das bandeiras vermelhas. Primeira: ganha-se um tempo precioso nas transmissões de TV, que são hoje a alavanca de todos os negócios da Fórmula 1. Outra: colocar o safety car na pista é um bom pretexto para mostrar os Mercedes-Benz superpreparados que, por contrato, são usados nessas funções.

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Um parabéns a Cristiano da Matta, vencedor da corrida de abertura da CART no México, e a Christian Fittipaldi, 3º colocado nessa mesma corrida. Mas não posso deixar de comentar: como essa categoria ficou sem graça… Inventaram regras típicas de corridas norte-americanas, nas quais o espetáculo (olha ele aí de novo…) tem muito mais importância do que a competição em si. Sinceramente, não gostei.

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Gostaria de saber por que alguns locutores esportivos, comentaristas e jornalistas especializados gostam tanto de diminutivos. A última moda é chamar o Felipe Massa de “Massinha”. Realmente ele era chamado assim (por alguns) quando corria na Fórmula Chevrolet, mas podiam dar uma folga ao rapaz agora que ele está na Fórmula 1. Essas táticas para tentar criar intimidade entre o esportista e os telespectadores chegam a ser ridículas.

Abraços,

Panda

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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