GP do Brasil

BEM-VINDO, GRANDE PRÊMIO
25/03/2002
ADEUS ÀS CAIXAS DE BRITA?
29/03/2002

Panda

Não posso abrir esta primeira coluna pós-parceria com owww.grandepremio.com.br sem agradecer ao Everaldo, Flávio e Tales pela força, a extraordinária força que eles, tão generosamente, estão dando ao nosso site.

Muito obrigado, amigos. Que a parceria seja longa, produtiva e, principalmente, divertida!

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Tenho tangenciado aqui cuidadosamente o assunto Massa e não por descuido.

É que não gosto, quando se trata de jovens pilotos, de ficar projetando situações futuras a partir de tão poucos dados. É como se tentasse intuir o futuro profissional da minha filha de 15 anos. Ela gosta de ler? Ah! Então será jornalista como o pai…

Creio que é simplesmente cedo demais para qualquer juízo mais profundo sobre Massa. Que diabo! Ele só tem 20 anos. Foi bem até agora nas fórmulas de acesso mas quantos jovens antes dele fizeram o mesmo e depois feneceram ao chegar a Fórmula 1? Pense no caso do Ricardo Zonta. Tudo indicava uma carreira brilhante na Fórmula 1, inclusive títulos na Fórmula 3000 internacional e no Fia GT, dois torneios inegavelmente mais disputados do que os vencidos por Massa até agora. Pois bem: dizem que Zonta está estudando, hoje, as hipóteses de correr pela Fórmula Nissan ou pela Stock Car brasileira.

É claro que o 6º lugar de Massa na Malásia foi entusiasmante, sob qualquer aspecto. Dosar as próprias forças e as do carro, manter-se firme na corrida, volta após volta, saber aproveitar as oportunidades e converte-las em posições, tudo indicou uma corrida nota dez de Massa.

Mas a principal questão que se coloca a um jovem de 20 anos de idade solto na selva da Fórmula 1 é a cabeça e não o braço. Será que ele terá cabeça suficiente para enfrentar toda a pressão mundana, esportiva e financeira inerente à Fórmula 1? Terá ele sangue frio o bastante para se fechar em si mesmo, como Montoya e Raikkonen, ou se transformará num ser emocional, pouco amadurecido e frágil, como parece ser o caso de Rubinho?

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O assunto passou desapercebido no Brasil mas a imprensa inglesa chegou a ensaiar uma fritura de Massa na equipe Sauber.

Primeiro, foi uma nota pequena na “prestigiosa” revista Autosport pós-Austrália, onde se “desmentia” rumores de que Jos Verstappen, este holandês incrivelmente hábil para conseguir vagas na Fórmula 1, estaria sendo considerado pela Sauber como substituto de Massa, enquanto esse “se prepararia melhor para enfrentar a Fórmula 1”.

Na edição seguinte, um dos editores da casa, fazendo previsões para o GP da Malásia, dizia que uma das grandes atrações da corrida seria “a provável batida de Massa”. Acabou queimando a língua.

A desculpa dos jornalistas ingleses para a fritura: eles ficaram mal impressionados com as batidas de Massa nos treinos pré-temporada – acho que foram duas – e tentaram jogar no mesmo saco o acidente do brasileiro na Austrália. Mas, dirá você, Massa foi vítima do acidente e não culpado.

Ora, diria eu. Até as pedras de Melbourne sabem que Massa foi atingido pelo Jordan de Fisichella que foi atingido por sua vez pelo Sauber de Heidfeld. A única culpa que se pode atribuir a Massa no acidente da Austrália foi o de ter largado bem e chegado rápido à curva.

Mas, para um fofoqueiro mal intencionado – como parece ser o caso dos jornalistas ingleses de Autosport, aqueles trainées de boiola, como diria o pessoal do Casseta&Planeta -, é o que basta para acender o fogo.

É isso o que quero dizer quando considero que o problema de Massa, nesta altura da sua carreira, é a cabeça e não o braço.

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Quem fará a pole em Interlagos?

Acho que a Williams. Ralf, provavelmente, baixando o tempo do ano passado em um segundo, o que da 1m12s alto.

O alemão está mais do que acesso, disputando uma luta de vida e morte com Juan Pablo Montoya. O Williams parece ter amadurecido antes do que eu e o resto do mundo prevíamos, enquanto que os pneus Michelin nadaram de braçada no asfalto liso e quente da Malásia.

No Brasil, a superioridade da Michelin não está garantida. O asfalto aqui é quente – não há previsões de chuva para a corrida por enquanto – mas não é propriamente liso. No ano passado, renderam bem e deveriam ter levado Montoya à vitória.

Em relação à corrida, acho que pode dar zebra.

Schumacher, de Ferrari nova, leva toda a pinta de enfrentar problemas de juventude, talvez o câmbio que tanto atemorizou os italianos na pré-temporada ou alguma coisa na eletrônica do carro, submetido de cara a um dos testes mais duros do campeonato inteiro. Em relação a Ralf e Montoya, é puro palpite. Acho que não vai rolar, só isso.

Quem sabe Coulthard ou, melhor ainda, Rubinho. Com o carro velho, nosso Rubes pode fazer uma corrida mais descansada, livre de pressões e aguardar pelos problemas de Schumacher enquanto que os Williams se atrasam por problemas bobos, quem sabe criados pelos próprios pilotos.

Bom demais para ser verdade, não? Veremos no domingo.

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Os restos do Williams FW16 no qual Ayrton Senna se acidentou estão sendo devolvidos pelas autoridades italianas para a Williams. O carro ficou retido estes anos todos, tendo passado por várias perícias.

Grande abraço

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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