PROCURAM-SE ULTRAPASSAGENS

Imola vermelha
14/04/2002
Balanço
19/04/2002

Edu,

Que corridinha chata o GP de San Marino! Você está de parabéns, pois encontrar comentários interessantes sobre uma provinha tão monótona deve ter sido tarefa de leão.

Valeu a pena ver como Schumacher (Michael) guiou para pulverizar os adversários. Um belo show, sem dúvida: o ex-piloto Jacques Laffite deu “nota 12” ao alemão por sua atuação. Empolgante para nós, que vemos graça até em um carro de F 1 testando sozinho no circuito de Pembrey, no País de Gales. Mas para o público comum foi apenas “mais uma vitória do alemão”.

Barrichello andou muito bem, mas teve sua corrida bastante comprometida pela má largada (provavelmente porque estava posicionado no lado sujo da pista). Ficou atrás de Ralf até a primeira parada e, em apenas uma volta (a diferença entre o pit stop de Ralf, que parou antes, e o de Barrichello) abriu distância suficiente para voltar na segunda posição. E não a perdeu nem mesmo na segunda parada, onde ficou retido no box por muito tempo (uns 12 segundos, uma eterninade…) por causa de uma porca de roda.

Então, é lícito perguntar: se Barrichello tinha um carro tão superior ao de Ralf, por que não partiu para cima? Por que não tentou ultrapassá-lo na pista?

Sinceramente, não sei. Uma das coisas que mais ouço é que hoje em dia é muito difícil fazer ultrapassagens na F 1. Elas podem acontecer, mas evidentemente encerram uma certa dose de risco (até aí, nada diferente do que sempre foi na história do automobilismo). Será que ultrapassar na F 1 é realmente difícil, quase impossível, ou os pilotos é que se acostumaram a exercer a função burocrática de tentar ganhar posições em função de paradas de box e não de manobras na pista?

Pode ser também que o temor de uma punição draconiana (resultante de uma tentativa de ultrapassagem que tenha terminado em acidente) esteja inibindo os pilotos de serem mais ousados na pista. São os micróbios maléficos dos senhores engravatados fazendo efeito sobre o cérebro dos pilotos.

Já pensei muito sobre esse assunto e ainda não cheguei a uma conclusão. Uma coisa é certa: se os GPs fossem mais curtos e tornassem pouco atraentes as necessidades de fazer paradas de box, as corridas seriam mais disputadas. Era assim nos anos 70 e 80. Os GPs de moto têm pouco mais de metade da distância da F 1 e não existem pit stops: é manopla aberta do começo ao fim e as brigas acontecem durante praticamente toda a corrida.

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Observação interessante de minha mulher, Alessandra, sobre a Ferrari: “É a equipe mais antiga, mais tradicional e mais vitoriosa da F 1, e está vivendo hoje a melhor fase de sua história”.

É verdade. A primeira fase de domínio da Ferrari, em 1952 e 1953, aconteceu simplesmente pela fragilidade de seus adversários. Na segunda metade dos anos 70, a Ferrari teve uma nova grande fase (títulos de pilotos em 1975, 1977 e 1979), mas não chegou a exercer um domínio como o que está acontecendo desde 2000.

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Notícia recolhida em nosso site parceirowww.grandepremio.com.br : o capacete que Ayrton Senna usava no fatídico GP de San Marino de 1994 foi liberado pela justiça italiana em 10 de abril. Nesse mesmo dia, a Bell, fabricante do capacete, incinerou-o na presença de um representante da família Senna.

No final de 1994, a Auto Sprint publicou as fotos do capacete. Estava com a forração interna cheia de sangue e era possível ver claramente por onde o braço da suspensão varou o capacete, provocando os ferimentos fatais em Senna. Com o inquérito concluído, não havia outra coisa a fazer com essa lembrança tétrica a não ser transformá-la em cinzas.

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Não sei se você se lembra: no ano passado, quando anunciou a renovação do contrato de Rubens Barrichello para a temporada de 2002, especulou-se que o salário do brasileiro passaria de US$ 5 milhões para US$ 8 milhões. Pois bem: segundo informações publicadas pelas revistas F1 Magazine e EuroBusiness (que pertencem à mesma pessoa: Bernie Ecclestone), o salário de Barrichello em 2002 está na casa dos US$ 5,5 milhões. Alguma informação está errada – ou ambas…

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Começou domingo passado o Campeonato Sul-Americano de F 3, com a presença de 19 pilotos – todos brasileiros. Os argentinos, que sempre tiveram força neste campeonato, simplesmente sumiram. A causa, claro, é o caos em que vive a economia da Argentina. Foram disputadas duas rodadas em Londrina – uma vencida por Nélson Ângelo Piquet e a outra por Zeca Cardoso.

Abraços,

LAP

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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