Edu,
Antes de mais nada, uma nota de falecimento. John Frankenheimer, um dos mais talentosos diretores de cinema de todos os tempos, morreu ontem aos 72 anos, em Los Angeles. A ele, devemos a existência de uma verdadeira obra de arte: Grand Prix, o filme de 1966 que até hoje é o melhor e mais emocionante filme sobre automobilismo (e sobre Fórmula 1 em particular). Muito obrigado, John, por esse filme maravilhoso.
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Que corrida legal este GP da Inglaterra! Muitas brigas,ultrapassagens, algumas surpresas. E na bandeirada final… vitória de Michael Schumacher, o Senhor dos Recordes que está derrubando quase todas as marcas existentes na F 1.
Schumacher alcançou sua 60ª vitória na F 1. Superou o recorde de presenças no pódio (107, contra 106 de Alain Prost) e pela 15ª vez consecutiva terminou um GP entre os seis primeiros colocados (igualou uma marca que desde 1981 era exclusiva de Carlos Reutemann). O recorde mais antigo da F 1 (os cinco títulos de Fangio) está prestes a ser igualado. Para isso, basta que o alemão marque na próxima corrida 6 pontos a mais que Rubens Barrichello, agora vice-líder do campeonato. Os dados são de nossos amigos do www.grandepremio.com.br, que neste momento estão colocando no ar todas as notícias do GP da Inglaterra.
Pois é, quem não gosta de Schumacher vai ter que engoli-lo durante um bom tempo ainda.
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Rubens Barrichello não saiu para a volta de apresentação por causa de um problema eletrônico no controle de largada. Por sorte, conseguiu fazer o carro funcionar a tempo de alinhar em último no grid (do contrário, teria que largar dos boxes, depois que todos os outros pilotos passassem). Sem Barrichello, a briga pela liderança restringiu-se a Montoya e Schumacher. Uma disputa muito bonita, que durou umas 11 voltas. Aí, a chuva veio e estragou tudo: os pneus Michelin para pista molhada são verdadeiros desastres. A chuva fez as equipes com Michelin comerem o pão que o diabo amassou. E a Ferrari, única equipe de ponta que corre com Bridgestone, foi a maior beneficiada: Schumacher sumiu na frente e Barrichello teve mais chances de recuperar as posições perdidas. E só teve que disputar o 2º lugar com Montoya porque perdeu muito tempo ao rodar quando a pista estava molhada.
A importância dos pneus pôde ser vista pelas corridas da Arrows eda BAR. Frentzen, com Arrows, ameaçou Ralf Schumacher até o motor abrir o bico. As BAR aproveitaram a situação para colocar Villeneuve em 4º e Panis em 5º, marcando seus primeiros pontos no ano e saindo da lanterna no campeonato de construtores (agora essa posição pertence à Arrows).
Enquanto a Michelin não melhorar seus pneus para pista molhada, não vai adiantar torcer por chuva para ter mais emoção. Pelo contrário: a chuva vai dar ainda mais vantagem a Michael e Rubens – que, ainda por cima, guiam extremamente bem nessas condições.
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Que grande piloto é Montoya. Sua ultrapassagem sobre Barrichello foi uma das manobras mais bonitas desta temporada. A pole em Silverstone foi obra de puro braço, de coragem extrema para conduzir o Williams no fio da navalha durante uma volta inteira, sem respirar.
Com o título quase decidido, restará o consolo de ver uma briga sul-americana entre Barrichello e Montoya pelo vice-campeonato. Ralf está perto dos dois, mas precisa reagir para continuar na briga.
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Agora, que coisa ridícula um piloto não conseguir sair para a volta de apresentação por causa de um “problema eletrônico no controle de largada” e outro (Ralf) ter sua corrida arruinada porque a máquina de reabastecimento simplesmente recusou-se a funcionar.
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Uma lembrança de 1992. Naquele ano, Juan Manuel Fangio esteve no Brasil e deu uma entrevista coletiva, à qual Alessandra e eu tivemos a felicidade de estar presentes como repórteres – ela pela Folha de S. Paulo, eu pelo Jornal da Tarde.
Naquela ocasião, Fangio disse que Ayrton Senna provavelmente iria superar seu recorde de títulos. “Será uma boa oportunidade para descansar do ‘mito Fangio'”, disse. Fangio morreu em 1995 e os cinco títulos só serão igualados em 2002 – quis o destino que fosse por Schumacher e não por Senna.
Naquela oportunidade, pela primeira e única vez na minha vida, mandei a frieza jornalística às favas e, depois de cumprido o dever profissional, pedi a Fangio que autografasse um anuário “Automobile Year 1955-1956”. Depois, o fotógrafo do JT imortalizou nosso encontro com Fangio em um retrato. O anuário continua firme na minha coleção, e a foto ocupa lugar de destaque em nossa sala.
Abraços,
Panda