Tudo igual em 2003 e 2004

BOA SORTE RAPAZES-II
03/12/2002
FIM DE ANO, ÉPOCA DE DESCANSO
19/12/2002

Olá Panda

Em primeiro lugar, é bom tê-lo de volta ao trabalho. Em segundo, se fiz as contas certas, esta é a minha última carta do ano. Semana que vem é a sua vez e depois, como o resto do mundo, entramos em férias coletivas até 6 de janeiro.

Por isso, quero começar desejando a todos os leitores um excelente Natal e um 2003 com muitas esperanças, saúde e felicidades. E também quero agradecer a todos por prestigiarem nossos humildes esforços para fazer um site legal sobre Fórmula 1 e automobilismo. O contato diário com os leitores, via e-mail, tem sido especialmente recompensador e vamos tratar de valorizá-lo ainda mais no ano que vem.

Aliás, Panda, a gente já pode pensar até em tirar férias os dois ao mesmo tempo e deixar que os leitores cuidem do site tal o volume e a qualidade das contribuições que recebemos todos os dias.

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No final das contas, tudo fica igual – ou quase igual – na Fórmula 1 em 2003 e 2004. Nada de lastros, nada de limitações à eletrônica, nada de revisão nos conceitos aerodinâmicos dos carros.

Olhando de longe, diria que devem ter acontecido duas coisas: as equipes disseram não a qualquer revisão técnica mais profunda nos carros, as grandes porque se mexer estraga e as pequenas porque estão carecas de saber que qualquer mexidinha no regulamento lhes custa alguns milhões de dólares. Lembra-se daquele aumento na altura das laterais dos carros, para ampliar a proteção para a cabeça dos pilotos, deliberada depois do acidente de Ratzenberger, Senna e Wendlinger em 94 e implantada, se não estou enganado, no ano seguinte? Custou mais de 1 milhão de dólares a cada equipe, segundo me contou Alex Dias Ribeiro.

A outra coisa que deve ter acontecido – e isso é puro palpite meu – é que Bernie Ecclestone deve ter cedido um pouco mais de dinheiro da sua arca para as equipes ou pelo menos assumido o compromisso de fazê-lo a curto prazo.

Você deve saber que Bernie fica com metade ou mesmo um pouco mais do que isso dos direitos de TV e numerosas outras receitas da Fórmula 1. A outra metade, as equipe dividem entre si. Como são hoje (se não faliu mais ninguém) dez, o que sobra para cada uma acaba não sendo grandes coisas neste mar de despesas que é a categoria. As grandes montadoras – Mercedes, Renault, BMW etc. – já haviam avisado que esta repartição do dinheiro não poderia perdurar por muito tempo. Creio que pela forma como as coisas foram resolvidas, Bernie teve de ceder alguns anéis para conservar os dedos. Mas isso é só intuição minha.

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Pensei em escrever uma carta ao Massa, como fiz nas últimas semanas ao Rubinho, ao próprio Bernie e Max Mosley etc. mas simplesmente não soube ao que dizer a ele.

Massa e seu empresário devem estar raspando todas as possibilidades de conseguir o dinheiro necessário para conseguirem um lugar na Jordan. Até onde devem ir? Vale a pena? Não seria melhor ficar como piloto de teste ou ir para outra categoria? Mas qual?

Não tenho nem um palpite azedo a dar e por isso apenas externo minhas dúvidas sobre este valente garoto perdido no maremoto da Fórmula 1.

Só me ocorre lembrá-lo que Nigel Mansell comeu poeira no fim do pelotão durante quase cinco anos até começar a vencer no final da temporada de 85. Nem todos os pilotos nascem prontos, Massa. Aliás, são pouquíssimos os casos dos acertos instantâneos na Fórmula 1. As pressões esportivas, financeiras e mundanas são muito grandes na categoria, mesmo para quem estraçalhou nas categorias de base. É preciso perseverar, é preciso arranjar brechas para continuar e desenvolver seus talentos. Coragem, rapaz.

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Nestas últimas semanas tenho tido motivos para gostar um pouco menos de Fórmula 1.

Você talvez saiba que o meu gosto pelo automobilismo e pela Fórmula 1 em especial (não conta pra ninguém mas já não tenho muita paciência para as outras categorias) evoluiu na medida em que a minha paixão pelo futebol se reduzia. E minha paixão pelo futebol remansava na medida em que chegava ao fim a Era de Ouro do Santos F.C. – oito vezes campeão paulista nos anos 60, bi mundial etc. etc.

Pois agora, com o brilhante desempenho dos Meninos da Vila no Campeonato Nacional, tenho voltado a prestar mais atenção ao meu querido Santos. Boa sorte para vocês, Meninos, no domingo.

Grande abraço

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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