Edu,
Velocidade pura é algo que não costuma ser motivo de notícia nas coberturas de Fórmula 1. Normalmente, esse dado fica circunscrito às tabelas de resultados, e às vezes nem isso. Esse dado realmente não é fundamental para separar vencedores e perdedores. No GP da Alemanha de 2002, por exemplo, um dos seis carros mais rápidos no final da reta foi o Arrows de Enrique Bernoldi! Mas em Monza, no domingo passado, alguns recordes históricos foram quebrados, e isso merece ser comentado.
A rigor, só ficou faltando bater o recorde de média horária da pole position (o culpado foi o sistema de definição do grid, uma das m…rdas desse regulamentozinho que entrou em vigor neste ano). Permanece a marca estabelecida por Juan Pablo Montoya no ano passado, última temporada que usou um sistema decente de definição do grid: 259,828 km/h. Esta marca derrubou um recorde de 1985, quando Keke Rosberg estabeleceu a pole position para o GP da Inglaterra, no traçado antigo de Silverstone, com 258,983 km/h. Em 2003, a pole de Michael Schumacher em Monza ficou em 257,584 km/h.
Em outros quesitos, porém, vários recordes de velocidade foram batidos – todos por Schumacher. Vejam:
VELOCIDADE MÁXIMA EM RETA – Havia sido estabelecido no GP da Itália de 2001 por Jean Alesi, com um Jordan: 363,2 km/h. Nos treinos livres de sábado, o espanhol Marc Gené, substituto de Ralf Schumacher na Williams, teria estabelecido 364,4 km/h, segundo dados da Williams. A marca, porém, ficou apenas como curiosidade, já que a cronometragem oficial da FIA só faz a medição desse dado em treinos oficiais e corridas. Na corrida, Schumacher derrubou as duas marcas com 368,8 km/h, a maior velocidade final já registrada em um carro de F 1.
MÉDIA HORÁRIA DE CORRIDA – Por incrível que pareça, os 242,620 km/h que Peter Gethin registrou como média horária ao vencer o GP da Itália de 1971 demoraram 32 anos para serem superados. Mas há uma explicação para isso: Monza era o circuito mais veloz da época, exigindo acelerador no fundo o tempo inteiro. No ano seguinte, o traçado italiano ganhou chicanes (nos mesmos lugares em que estão hoje, mas com traçado sendo modificado ao longo dos anos) para diminuir as velocidades e os perigos.
A marca de Gethin poderia ter sido batida no ano passado, mas a Ferrari dominou com tamanha autoridade que Barrichello (vencedor) e Schumacher (2º colocado) se deram ao luxo de diminuir o andamento nas cinco ou seis voltas finais. A quebra desse recorde foi adiada para 2003, com Schumacher percorrendo os pouco mais de 306 km de corrida a uma média de 247,585 km/h.
Vale lembrar que em 1971 corria-se sem parar para abastecer nem trocar pneus. Mas, ao contrário do que se pode pensar, as paradas de boxe da F 1 de 2003 não foram danosas para a média horária de prova. Pelo contrário: pode-se ir muito mais rápido fazendo três estágios com pneus novos e menos gasolina nos tanques do que largando com tanque cheio até a boca e usando os mesmos pneus durante toda a corrida (55 voltas no caso do GP da Itália de 1971). Esta, aliás, é a lógica que explica as paradas de box para trocar pneus e abastecer.
MÉDIA HORÁRIA DA MELHOR VOLTA EM CORRIDA – Não tenho o dado anterior para comparar, mas pelo que li também foi a mais rápida da história: 254,848 km/h, igualmente com Schumacher. Se eu estiver errado, por favor corrijam-me.
TEMPO TOTAL DO VENCEDOR DA CORRIDA – Esta marca durava mais de 15 anos: pertencia a Nelson Piquet, que demorou 1h14min47s707 para percorrer as vencedor do GP da Itália de 1987. Naquele ano, a pista tinha 5,800 km e a corrida teve 50 voltas. Em 2003, Schumacher percorreu 53 voltas em um circuito cuja extensão permaneceu praticamente a mesma (5,793 km) em 1h14min19s838.
É claro que a informação acima considera somente corridas disputadas na distância originalmente prevista. Se considerarmos os GPs que foram encurtados por qualquer motivo, mesmo que em apenas uma ou duas voltas, a “corrida menos demorada” passa a ser o GP da Austrália de 1991, encerrado por causa da forte chuva. No momento da interrupção, Ayrton Senna era o líder, ficando com a marca de vencedor da corrida mais curta da história: 14 voltas (estavam previstas 80!) em pouco mais de 16 minutos.
Abraços,
LAP