UM DUELO MÍTICO
– Manuel Blanco
1º de julho de 1979 – GP da França
Os carros estam dispostos para a largada no grid do circuito de Dijon-Prenois, no leste da França, e os Renault RS12 de Jean-Pierre Jabouille e René Arnoux partem de primeira fila. Quando a largada é dada, Gilles Villeneuve, que estava atrás de Jabouille, aproveita a “preguiça” do motor turbo do francês e toma a dianteira. Arnoux, também sofre uma má largada e cai até o 9º lugar mas, logo começa a recuperar-se e na 15ª volta já alcança Jabouille que seguia Villeneuve de perto. Arnoux, era o mais rápido aquele dia mas, nao ataca o seu chefe respeitando a hierarquia estabelecida na equipe.
Finalmente, na volta 47, Jabouille decide atacar e supera Villeneuve com facilidade enquanto Arnoux fica acossando o canadense, o que permite a Jabouille destacar-se na lideraça da prova. A poucas voltas do fim, e com Jabouille comodamente instalado na frente do GP, é Arnoux quem decide atacar Villeneuve e uma dura disputa se desata entre os dois bravos pilotos. Arnoux supera o canadense e passa segundo faltando três voltas para o fim mas, Villeneuve contra-ataca e logo recupera o prezado lugar, iniciando-se uma série de ultrapassagens mutuas que constituiriam um espetáculo nada recomendável para pessoas com problemas cardíacos. A segunda posiçao troca de dono em varias ocasiões mas, é Villeneuve quem finalmente ganha o direito a subir no segundo degrau do pódio, deixando o terceiro para Arnoux.
Tinhamos acabado de assistir a uma das mais acirradas disputas jamais vistas num GP e que, com o passo do tempo, convertiría-se num duelo mítico constantemente recordado e comentado.
Basicamente, este é o relato que sempre encontramos daquela corrida. Inclusive, aqui mesmo no GPtotal, já foi comentado em varias ocasioes mas, o problema dos mitos é que, para que sejam, devem ser perfeitos e um detalhe determinante daquele duelo acabou sendo omitido em prol do mito. Para os amigos mais jovens que cresceram com este mito, pode resultar um pouco surprendente descobrir que aquele duelo só foi possível devido a um problema no carro de Arnoux. O René, era, de longe, o piloto mais rapido aquele dia e estabeleceu o recorde de volta rápida com o excelente tempo de 1′ 09” 16 (o segundo melhor foi Jaboulle com 1′ 10” 23). Porém, no finzinho da prova o seu Renault começou a sofrer problemas de alimentaçao a causa de falhos intermitentes na bomba de combustível que provocavam momentâneas perdas de potência no motor. Mesmo assim, Arnoux decidiu atacar mas, cada vêz que o motor “desfalecia”, Villeneuve recuperava a posiçao que acabava de perder.
Na última volta e pouco antes da chegada, Arnoux consegue superar Villeneuve mas, na última curva a bomba falha uma vêz mais e, nesse instante, Villeneuve aproveita o desfalecimento do motor de Arnaoux para superar o francês. Seguem momentos sublimes e de máxima tensao, onde a tenacidade, habilidade e outros atributos dos dois pilotos sao postos a prova naquela curva mas, a menor capacidade de aceleraçao do motor turbo, relega Arnoux definitivamente à terceira posiçao pois, Villeneuve sai da curva disparado caminho da linha de chegada, que cruzaria com escassos metros de vantagem.
No que ao espetáculo se refere, aquele, realmente, foi um duelo memorável mas, que só foi possível graças a uma simples bomba de combustivel defeituosa pois, em condiçoes normais nada disso tería acontecido. Porém, como aficionados só podemos dizer uma coisa: “Bendita bomba!”.
Grande abraço,
Manuel Blanco, Valencia-Espanha |