O bom, o mau e o feio

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Em todas as histórias já contadas há sempre personagens com características distintas e que mexem com a gente, sejam os bons, que nos inspiram e nos fazem querer ser como eles, os maus, que nos causam medo, asco e até raiva, e os feios, aqueles que acabamos sentindo compaixão, sempre torcendo para conseguirem o prêmio final.

Quase sempre temos esses personagens nas melhores histórias de cinemas, livros, revistas em quadrinhos, desenhos animados e qualquer outra forma artística que conta uma história. Pois bem, mas o que isso tem a ver com as corridas que assistimos?

Assim como os exemplos artísticos citados acima, no fim das contas, as corridas nada mais são do que histórias que assistimos praticamente todos os fins de semana, mas ainda melhor que contos e filmes, já que tudo é inédito, sem roteiro pré-definido, sempre imprevisível e o melhor, ao vivo diante de nossos olhos e ouvidos.

Ao assistir as últimas corridas de três categorias diferentes, NASCAR, F1 e Moto GP, comecei a pensar em como essa história imprevisível as vezes se torna bastante previsível, mas também como o imponderável pode acontecer de forma surpreendente. Na Moto GP, um campeonato que dava a impressão de ser um dos mais competitivos da história, com Andrea Dovizioso e sua Ducati mordidos por terem perdido o título de 2018, Rossi e a Yamaha querendo provar que ainda são grandes, Lorenzo em sua noiva empreitada na Honda, as Suzukis evoluindo muito e Marquez sempre candidato ao título, está com cara de “eu já sabia”, com o piloto espanhol sobrando. 

A F1 prometia um embate épico entre Hamilton e Vettel, com Bottas querendo mostrar serviço para garantir um novo contrato, o novato Leclerc com sede de vitória e carro para isso, além do sempre veloz, e arisco, Max Verstappen querendo levar a Red Bull e a Honda novamente aos caminhos de glória. Mas até o momento o que temos? Hamilton sobrando, Vettel e Ferrari perdidos, errando muito e nada além disso.

Na NASCAR as mudanças de pacotes durante a temporada deram um “chacoalhada” nas equipes, ainda que alguns nomes de sempre continuem vencendo, como Kyle Busch, Martin Truex Jr., Joey Logano e Brad Kaselowski, outros estão sofrendo mais, como notadamente a Stewart Hass, Kevin Harvick, Jimmie Johnson (que continua em sua seca de vitórias) e Chase Elliott. 

Nesse contexto sempre surgem os “personagens” do início da coluna, seja em formato de pista, como a tão criticada Paul Ricard e suas listras na F1, ou como a “sorte” de Marquez de se manter em pé, e na frente, enquanto seus adversários ficam para trás e no chão, ou ainda na falta de disputas mais acirradas na NASCAR. 

Mas como em toda boa história, sempre ocorrem mudanças no meio do caminho para dar aquela emoção extra. Pistas favoráveis à ultrapassagens, o melhor carro indo para o fundo do grid e fazendo aquela corrida de recuperação fantástica, ou ainda dois irmãos batalhando palmo a palmo pela vitória. Tudo pode acontecer na história das corridas, seja na NASCAR ou em qualquer outra categoria. Nos dois últimos fins de semana da principal categoria norte-americana, tivemos dois finais espetaculares, daqueles pra assistir com o coração acelerado, com aquela vontade de ficar de pé e o coração batendo forte.

No Kentucky, os irmãos Busch fizeram um final de arrepiar, disputando roda a roda, batendo porta com porta até a linha de chegada. Partindo de uma relargada sensacional, o irmão mais velho, Kurt Busch, mostrou ao irmão Kyle como tirar o máximo da oportunidade e cruzou a poucos metros na frente do número 18. Veja este final de arrepiar:

No último fim de semana, Kevin Harvick, que não havia vencido ainda em 2019, estava tranquilo na liderança, mas retardatários e a pressão de Denny Hamlin no final foram determinantes para produzir outro final espetacular, o segundo em duas semanas. Confira o vídeo da chegada e sinta a emoção, mesmo no replay:

Em ambas as pistas, as expectativas não eram grandes por conta da característica dos traçados que, aparentemente, não traziam muitas opções para disputas de ultrapassagens. Aí vem o imprevisível, o carro mais rápido vindo de trás, aquele último esforço do mais corajoso, a vitória do “herói”, o prêmio para o “feio”, e pronto, temos de volta a emoção e o prazer de ver corridas.

Não serão todas as corridas que terão esses finais espetaculares, não serão todos os campeonatos extremamente disputados. E nem sempre aqueles que consideramos os nossos “heróis” serão os vencedores. Mas é isso que faz com que as histórias das corridas legais. Não temos o roteiro, não sabemos o que vai acontecer, nem mesmo com um domínio como o de Marquez e Hamilton. O que podemos fazer é esperar por outras boas corridas, disputas acirradas e finais espetaculares, mesmo que isso não ocorra sempre.

Afinal, sempre teremos dias bons e ruins, em todas as histórias, em todas as corridas, em toda a vida.

O resumo final da situação do campeonato da NASCAR traz Logano firme na ponta seguido de Kyle Busch, Kevin Harvick, Denny Hamlin, Brad Kaselowski, Martin Truex Jr., Kurt Busch, Chase Elliott e Aric Almirola. O último classificado para os playoffs, até o momento, é Clint Bowyer. Abaixo da linha de corte estão Jimmie Johnson, Daniel Soarez, Paul Menard e Ricky Stenhouse jr. 

Grande abraço.

Rafael Mansano

Rafael Mansano
Rafael Mansano
Viciado em F1 desde pequeno, piloto de kart amador e torcedor de pilotos excepcionais.

1 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Rafael,

    assisti o final da corrida em que os irmãos Busch brigaram pela vitoria. Foi realmente um final de corrida emocionante e inusitado.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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