Nossos colunistas João Carlos Viana e Lucas Giavoni num papo legal sobre a última corrida do ano e demais noticias e fatos quem marcaram a temporada de 2024, assistam o podcast no youtube o canal é para vocês,
Coluna mais podcast, esse formato que adotamos esse ano está sendo muito bacana, temos recebidos inúmeros comentários positivos e agradecemos a audiência
Os editores
Quando Mika Hakkinen venceu em Suzuka em 1998, o finlandês não apenas garantia seu primeiro título mundial de F1, como também a McLaren vencia o Mundial de Construtores pela oitava vez. Naquela época, Lando Norris e Oscar Piastri nem haviam nascido e o site do GPTotal só entraria no ar três anos mais tarde. Mika repetiria a dose no ano seguinte, mas a McLaren esperou mais de vinte e seis anos para conquistar seu nono troféu, consolidado nesse domingo com uma vitória dominante de Lando Norris.
A forma como Lando venceu no asséptico circuito de Yas Marina só demonstra a força atual da McLaren e como o time comandado por Zak Brown sofreu mais do que devia para conquistar o Mundial de Construtores de 2024. Mesmo bastante tradicional, a atual equipe McLaren nada tem a ver com os tempos de Hakkinen e essa falta de experiência esticou a agonia, mas numa corrida sem maiores emoções, Norris exerceu a força do McLaren MCL38 e definir o último título que faltava nessa surpreendente temporada 2024.
O final de semana em solo emiradense começou com uma polêmica que se iniciou na semana anterior no Catar, quando Max Verstappen não se furtou em criticar fortemente George Russell pela atuação do inglês por sua punição na classificação catari. “Não tenho mais respeito por ele”, bradou Max Verstappen, que nesse final de semana anunciou a gravidez de sua namorada Kelly Piquet, já trazendo ansiedade pela junção de dois DNA multi-campeões. Porém, Russell não deixou barato e ironizou Max, iniciando uma troca de acusações entre os dois via imprensa, causando até mesmo um certo constrangimento no jantar de confraternização dos pilotos na quinta-feira e pago por Valtteri Bottas.
Dentro da pista as atenções estavam na luta entre McLaren e Ferrari pelo título de construtores. As duas equipes já se digladiaram várias vezes ao longo dos últimos cinquenta anos da F1, desde os tempos de Emerson e Regazzoni, mas fazia bastante tempo que ingleses e italianos não brigavam pelo título de construtores, alegrando os nostálgicos. Os treinos mostravam uma McLaren muito forte e os laranjas ficaram com a primeira fila do grid, com Norris conquistando mais uma pole. A luta pelo vice-campeonato de pilotos ainda estava em aberto, mas a quebra de Charles Leclerc na sexta-feira fez com que a Ferrari trocasse a bateria do carro do monegasco e assim Charles teria dez posições a pagar no grid, que foi amplificado quando Leclerc teve sua volta deletada no Q2 e assim, o representante da Ferrari largaria na última fila no domingo, bem próximo do seu futuro companheiro de equipe, com Lewis Hamilton fracassando em sua última classificação pela Mercedes.
Para os brasileiros, o grande foco no final de semana estava na F2 e a luta de Gabriel Bortoleto pelo título. Na corrida Sprint o paulista já mostrara sua força ao pular de décimo para segundo na corrida, conseguindo 4,5 pontos de vantagem sobre o seu rival Isack Hadjar. Porém, houve menos emoção do que o esperado na Feature Race, no domingo. Isack Hadjar não largou para a corrida com problemas no carro da Campos, ficando empacado no grid e Gabriel Bortoleto apenas administrou a última corrida em Abu Dhabi para se consagrar campeão da F2.
Bortoleto chegará à F1 com a moral de ter conquistado as duas principais categorias de base da F1 como estreante e mesmo correndo com a Sauber, que terminou em último no Mundial de Construtores e está em fase de transição, Gabriel provou que é um nome a ser observado no futuro.
Mesmo com as mudanças recentes no circuito de Yas Marina, eliminando chicanes sem serventia alguma, o autódromo suntuoso em Abu Dhabi ainda está muito longe de agradar aos fãs da F1. Um circuito sem graça e estéreo, que normalmente nos traz corridas sem muita emoção, como foi o caso desse domingo. Com grande parte dos pilotos relaxados, com suas vidas mais ou menos encaminhadas para 2025, provavelmente muita gente foi para a primeira volta da corrida com um pensamento nada conservador e por isso boa parte da corrida se definiu já nos primeiros quilômetros da prova em Abu Dhabi.
Lando Norris fez uma ótima largada vindo da pole, com Oscar Piastri o acompanhando. Max Verstappen saiu da segunda fila e numa tentativa banzai, se jogou na primeira curva em cima de Piastri como se ainda houvesse disputa pelo título. Foi um mergulho tão insano, que Piastri não esperava a manobra e foi acertado pelo piloto da Red Bull, merecendo o irônico comentário de ‘bela manobra de um campeão mundial’. Com os dois carros rodados, Lando abriu uma bela diferença para o pelotão, mas ainda havia mais. Correndo o risco de se juntar à Bottas, Zhou e Magnussen rumo às suas últimas corridas na F1, Pérez estava no meio do pelotão quando foi atingido por um insano Valtteri Bottas. Um toque aparentemente sem maiores consequências, mas resultou no triste abandono de Pérez, além do único momento de Safety Car, mesmo que virtual. Pérez abandonando o seu Red Bull melancolicamente representa muito bem o fim da parceria entre os austríacos e o mexicano, mesmo com Checo negando, lembrando do contrato de dois anos assinado no meio do ano. Algo que Horner já admitiu ter se arrependido…
Com toda a confusão, Charles Leclerc executou uma primeira volta daquelas inesquecíveis, pulando de 19º para oitavo, capitalizando o melê entre Bottas e Pérez, ganhando cinco posições no ocorrido. Com Piastri em último, agora era a Ferrari que tinha dois carros na zona de pontuação e a McLaren somente um, porém, Lando Norris fez uma corrida dominante na noite árabe, não sendo incomodado em momento algum, mantendo uma diferença de no mínimo 2s sobre Carlos Sainz, outro que fez uma corrida solitária. A cara que Sainz fez ao sair do carro mostrava um certo abatimento, pois muito provavelmente ele demorará a ter um carro em condições de ir ao pódio normalmente. Por fim, Leclerc continuou sua subida através do pelotão. No primeiro stint, rapidamente subiu ao quarto lugar, ficando bastante próximo de Russell, que simplesmente não conseguiu ultrapassar Gasly, só se vendo livre do francês quando este fez sua parada. Quando George fez sua parada, Leclerc continuou na pista por mais tempo e rapidamente se estabeleceu na terceira posição, longe de Sainz, mas secando Norris, pois em caso de dobradinha, a Ferrari venceria o Mundial de Construtores. Como isso não aconteceu, Leclerc saiu bem chateado da corrida, mesmo tendo sido o melhor piloto do dia.
A McLaren cometeu inúmeros erros quando se viu com o melhor carro do grid, mas pôde comemorar uma grande reviravolta esportiva. Alguns anos atrás, a McLaren sofria com um motor Honda que quebrava loucamente e no desespero, partiu para o motor Renault. Tudo parecia dar errado ao time fundado por Bruce McLaren em 1963, mas a chegada de Zak Brown significou uma melhoria drástica no time, que foi melhorando com contratações não apenas de novos pilotos, mas de pessoal de staff, em especial Andrea Stella, engenheiro por muito tempo da Ferrari. Com as bençãos do inesquecível Gil de Ferran, a McLaren entrou 2024 ainda tateando, mas a partir da vitória de Norris em Miami, a McLaren se viu com o melhor carro. A falta de experiência do atual time nessa situação fez com que a McLaren perdesse pontos preciosos na tentativa de Lando Norris (que também vacilou em inúmeros momentos) de tentar enfrentar Max Verstappen. Se perdeu o título de pilotos, pelo menos garantiu o Mundial de Construtores. Mesmo Piastri tendo feito um quarto final de campeonato abaixo, incluindo a prova de hoje, onde foi décimo depois de levar uma punição por acertar a traseira de Colapinto na relargada, o australiano deverá crescer ainda mais em 2025, enquanto esperamos ver um Lando Norris mais cascudo e menos infantil.
A Mercedes preparou vários belos vídeos para a despedida de Lewis Hamilton, mesmo o inglês largando apenas na penúltima fila. Lewis saiu com pneus duros, numa decisão acertada, pois ao esticar o seu primeiro stint, Lewis era o único com pneus médios nas voltas finais. Melhor ‘calçado’, Hamilton partiu para cima dos rivais e ainda teve tempo para alcançar Russell na volta final, chegando ao quarto lugar, numa disputa bem sossegada com o companheiro de equipe, que um dia lhe pediu autógrafo. As cenas de Hamilton após a corrida demonstram que mesmo estando de vermelho em 2025, sua alma tem a cara da Mercedes.
A Red Bull teve um domingo bem miserável, com Verstappen tendo que pagar uma punição pelo toque com Piastri na primeira curva e Pérez abandonando alguns quilômetros depois. Max fez o que pôde para ser sexto. Marcando o mesmo número de pontos que Pérez amealhou nas últimas nove corridas. Isso demonstra que Max levou a Red Bull nas costas, mas como será em 2025, sem Newey e Wheatley? A equipe filial Racing Bulls não foi muito diferente, com Tsunoda ficando sem pneus nas voltas finais e saindo da zona de pontuação e Lawson ficando, literalmente, sem pneu, quando saiu dos pits com uma roda solta, tendo que fazer um pit-stop tardio que estragou de vez a corrida do neozelandês. Com a iminente saída de Pérez, será que a Red Bull confiará em um dos dois? Provavelmente não será em Colapinto. Após toda a comoção das primeiras corridas do argentino, as batidas sofridas pareceram mexer na confiança de Franco, que não mais performou e a despedida via rádio antes da largada também foi um indicador que Colapinto dificilmente estará como titular em 2025.
Na briga pelo sexto lugar no Mundial de Construtores, a Alpine se saiu melhor com a ótima exibição de Pierre Gasly, um dos principais pilotos das últimas provas. O francês ficou boa parte do primeiro stint em terceiro, após conseguir outra bela classificação, partindo do quinto lugar. Gasly segurou os ataques de Russell e quando fez sua parada, Gasly começou a pensar mais no campeonato, deixando-se ultrapassar por Russell e Leclerc, mas garantindo um sétimo lugar que o pôs em décimo lugar no Mundial de Pilotos, além de garantir a Alpine num excelente sexto lugar, algo inimaginável no começo do ano, além de terminar 2024 sem dar um único prejuízo à sua equipe, numa conta importante em tempos de teto orçamentário. Porém, a Alpine tem com o que se preocupar, pois Jack Doohan teve uma estreia muito longe de impressionar, terminando em penúltimo num final de semana onde o australiano foi bastante opaco.
Hulkenberg foi outro destaque do dia, levando sua Haas aos pontos após outra classificação impressionante do alemão, mesmo que no final das contas, Hulk acabou perdendo o décimo lugar do Mundial de pilotos para Gasly na última corrida do ano. Magnussen se despediu da F1 com a melhor volta da corrida, depois de ter sido acertado por Bottas, que abandonou após dois toques e a ‘inteligente’ punição de 10s para a próxima corrida, que muito provavelmente nunca virá. Talvez Bottas estivesse preocupado com a fatura do ser cartão de crédito após pagar a conta na quinta-feira. Alonso fez o que pôde com a Aston Martin, chegando em nono e esperando ansiosamente por 2025 e algum toque de midas de Adrian Newey no novo carro. Zhou e Albon chegaram a andar na zona de pontos, mas sucumbiram a ruindade dos seus carros.
E a surpreendente temporada 2024 termina com uma nova equipe vencendo o Mundial de Construtores. Destaque que a McLaren venceu o Mundial como equipe cliente, batendo o time de fábrica da Mercedes. Mais do que isso, a McLaren iniciará 2025 com bastante força e com a moral de atual campeã, mas enfrentará uma Ferrari que terminou o ano forte, além da motivação de receber Hamilton, uma Mercedes ainda tentando se recuperar das doloridas derrotas desde a entrada do novo carro, além de uma Red Bull que perdeu muita gente importante de staff, mas permanece com seu maior trunfo: o novo papai Max Verstappen.
Com o final da temporada de F1, essa foi a minha última coluna de 2024. Estivemos juntos ao longo do ano falando de praticamente todas as corridas, acompanhando uma temporada que acabou muito melhor do que a encomenda. Já o GPTotal estreou o seu canal no YouTube nesse ano, onde eu e os demais colunistas debatem não apenas as corridas, mas também fazemos pautas históricas, além de entrevistas para lá de especiais.
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Um ano especial, mas com a certeza de que 2025 não apenas a F1 terá uma ótima temporada, com quatro equipes brigando por vitórias, como também o GPTotal terá um ano ainda melhor, assim como é o meu desejo a todos os leitores que nos acompanham.
Boas festas e um terno abraço!
João Carlos Viana
2 Comments
Temporada que prometia ser só protocolar… acabou surpreendendo, que tenhamos mais temporadas assim!
J. C. Viana,
pelo enredo até que a temporada de 2024 da Formula 1 foi divertida . Pra quem no inicio esperava e tudo se desenhava assim tbm no sentido de ver mais um passeio do Verstappen nas pistas, ver a reação e evolução da Mclaren e por que não tbm da Ferrari acabou por ser um belo deleite. No final de Verstappen, pois merecidamente ele sobra nas pistas. Vamos quem sabe como vai ser Hamilton na Ferrari ano que vem, pois só vejo ele, em termos de pilotagem capaz de bater o genro do Nelson Piquet.
Parabens a Mclaren pelo titulo no Mundial de Construtores e que ela deixe o Piastri guiar ano que vem. É mais piloto que o Norris.
Show do Bortoleto … o Hadjar se enrolou na largada, já tinha levado um baile no sabado, e o brasileiro que não tinha nada a ver com isso, guiou o fino … temos novamente por quem torcer na Formula 1 … acho que ele merece uma coluna especial aqui no GEPETO.
Um bom natal e boas festas pra vc também
Fernando Marques
Niterói RJ