A Austrália e a realidade

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Panda

Acabou a longa espera. Falta pouco para os treinos do GP da Austrália e nada parece separar Michael Schumacher do seu quinto título.

Tudo leva a crer que o alemão sai da Austrália com sua primeira vitória, ainda mais agora que a Fia proibiu o uso dos pneus Michelin com trilhas assimétricas. Se as equipes Williams e McLaren treinaram apenas com este tipo de pneu, parece impossível para elas recuperar o tempo perdido. Os carros, hoje, são construídos em torno das especificações dos pneus e dificilmente podem ser alterados rapidamente.

Como já disse antes, não acredito num título fácil para Schumacher, dependendo muito do bom desempenho do alemão nas primeiras corridas do ano, enquanto Williams e McLaren não acertam melhor seus carros.

Esta é a minha teoria, de resto partilhada com você e o resto do mundo. A realidade, como sempre, se revelará muito mais surpreendente.

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A Ferrari vai de carro velho porque ainda não confia o bastante no novo câmbio, incapaz de suportar os esforços de uma corrida inteira. Falta rigidez estrutural para o conjunto câmbio-transmissão, onde são ancorados os braços da suspensão traseira. Faltou também km de testes. A Ferrari do ano passado foi para as pistas em 1º de fevereiro de 2001 e testou até o dia 20 um total superior a 5 700 km. O modelo deste ano só foi para as pistas no dia 10 e pode rodar pouco mais de mil km antes do embarque para a Austrália. Tão apertado foi o calendário de testes da Ferrari que Rubinho sequer foi convidado a experimentar o novo carro, numa nova ducha de água fria em sua pretensões.

O atraso da Ferrari me soa estranho. Por que a equipe demorou tanto para apresentar o carro novo, se o sabia “revolucionário” e, portanto, carente de testes? Não vale dizer que a culpa foi da disputa pela temporada passada, pois o título foi ganho em meados de agosto. Por este critério, o novo Ferrari deveria ter sido o primeiro modelo 2002 a ser apresentado e não o último entre as equipes grandes.

Não se sabe quando o novo carro vai aparecer. É pouquíssimo provável que aconteça na Malásia, segunda corrida do ano. Brasil? Pode ser. O certo é que Schumacher vai criar calo no traseiro nas próximas semanas de tanto testar o carro 2002. Espero apenas que a equipe estenda este “privilégio” também ao Rubinho.

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Ninguém parece esperar por um bom desempenho da Williams neste começo de ano. Pelo contrário, teme-se que o FW 24 seja mais lento do que o carro do ano passado, como ficou provado várias vezes nos testes na Espanha.

Já a McLaren está mais animada, assim como a Renault, que colheu alguns bons tempos nos últimos testes pré-campeonato – mas será que o carro estava dentro do regulamento?

Para a Sauber, as coisas parecem tranquilas e assim se deseja para que Felipe Massa tenha uma estréia a salvo de sobressaltos. Bar e Jordan sofrem com a falta de potência do motor Honda. Também ruim a situação da Jaguar. O novo carro sofreu alterações na suspensão e aerodinâmica, melhorou um pouco mas ainda toma dois segundos por volta dos McLaren nos testes em Valência. Pouco se deve esperar da Arrows, Minardi e Toyota.

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Tomando este elementos como base, só me resta apostar na vitória de Schumacher seguido por Rubinho e Coulthard. Mas acredito pouco num resultado tão lógico assim. Por algum motivo, tenho me lembrado muito do GP do Brasil de 89, quando Nigel Mansell surpreendeu o mundo inteiro – inclusive ele próprio – e ganhou a primeira corrida do ano nas barbas da favorita McLaren.

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Melbourne é pista para uma parada única para reabastecimento,entre as voltas 25 e 35. Alguém pode arriscar, mas é pouco provável, uma tática de duas paradas, como Rubinho em 2000. Neste caso, uma segunda parada acontece em torno da volta 45.

Grande abraço

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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