A volta da alegria

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Vettel McLaren Senna

Conte comigo, 8 de 10 fãs da velocidade sabem que o ultimo fim de semana de Maio é sagrado. Os dois que não sabem para fechar 10 de 10, são desavisados, distraídos ou não perceberam (ainda).

Chegamos ao dia que o mundo para. Para nós. É dia de Grand Prix de Monaco, é dia de Indy 500, é dia de Charlotte 600.

Faço questão de escrever “por extenso” Grand Prix, pra lembrarmos do significado singular da alcunha. A importância de um GRANDE PREMIO, não é dada a qualquer corrida. Formula E tem que usar e-prix no mesmo Principado. Demais categorias tem que chamar suas provas de Etapas/Rounds. Só a F1 oferece um Grande Premio, um desafio supremo para máquinas e pilotos.

Mas por que esse fim de semana desperta tantos sentimentos? Ora veja, não há um fim de semana de F1 sem NASCAR, por exemplo. Há outros finais de semana com a trifeta de categorias.

É verdade. É verdade. Charlote pode ser a nova intrusa e para muita gente desconsiderada, mas Indy 500 e Monaco juntas, definem a história do automobilismo mundial nos tempos modernos.

Com corridas sisudas, burocráticas e sonolentas na F1, o ambiente festivo das categorias americanas trazem a deliciosa harmonia e balanço ao fim-de-semana. Será que a alegria voltou?

Ousaria dizer que é um erro todas as provas no mesmo dia. Seria belíssimo ver pilotos e equipes da F1 na Indy, como nos velhos tempos.

Quem tem tirado proveito desse dia? Nascar e Indy certamente. O Time Chevrolet encontrou a sinergia entre duas equipes e trouxe Kyle Larson para fazer o Double Duty.

Serão 1100 milhas para Kyle no fim de semana (se tudo der certo). 1100 milhas de uma exposição gratuita de mídia gigantesca. Não se fala de outra coisa, amplificado pelos precisos algoritmos das redes sociais, conseguimos acompanhar em resolução de 4K os passos de Larson nessa jornada. Até vimos o rapaz ordenhando uma vaca para o leite da vitória.

Kyle é um força do esporte a motor. Não é jovem, nem é surpresa. Aos 31 anos, levanta duvidas do que poderia fazer se assumisse um F1 num teste de novatos no final de 2024. Absolutamente tudo que ele dirige, é feito de forma competitiva. Midgets, Stocks, Late Models e agora Indycars.

Com uma carreira marcada por um episódio de fala de um termo racista, teve que lutar para fazer a valer o pedido geral da sociedade: precisamos mudar! Larson perdeu seu carro (seu emprego, nesse caso) e teve que estudar pra mudar. Depois teve que provar que aprendeu a lição e mudou. Uma pessoa acreditou na mudança de Larson e bancou sua volta ao esporte, Rick Hendrick.

A Chevrolet é a força a ser batida nesse ano na Indy 500? Certamente é depois de ter fechado as duas primeiras filas, mas não tira o mérito do Larson. Ele aproveita a estrutura que tem a disposição com resultados na pista. Agora precisa converter essa boa onda no domingo.

Domenicali, ao invés de 6 Sprints em 2025, que tal um incentivo para pilotos e equipes irem disputar a Indy 500?

Ninguém vai ligar de ter Monaco num final de semana e Indy no seguinte.

Ao invés de propor 6 sprints e para-barro de caminhão pra carros de F1, que tal uma equipe com 4 carros chamada de TEAM F1? Compra 4 chassis DW12, motores Chevrolet e, sadicamente, dá pra Andretti gerenciar.

GPTotal está à disposição pra essas e muitas outras ideias, só chamar.

A F1 segue na mesma busca por emoções artificiais e seguirá assim por mais um tempinho. O conjunto Max + Red Bull funciona numa janela operacional muito estreita e nessa janela segue imbatível. Seu fim de semana pode dar errado, perder-se nos ajustes nas sextas, seu companheiro de equipe pode bater e não terminar a parte dos testes que lhe cabe, tudo bem! Esse conjunto se entende e entrega o resultado de sempre. Vitória. Red Bull com Kvyat? Fracasso. Albon? Fracasso. Checo? Inconstante, não um fracasso, mas impossível de prever quando vai funcionar. Em Monaco esse fim de semana? Pole e vitória de Max é a aposta que paga menos nos Bets do mundo.

Isso nos leva ao fracasso retumbante da Mercedes escancarado pela McLaren. Não dá pra fugir não Senhor Lewis Hamilton. Se fosse brasileiro mesmo, portão da sua casa estaria pichado. Toda vez que Hamilton, Russel e Toto aparecem dizendo na TV que o carro tem uma faixa operacional muito estreita, Max Verstapen sorri e manda um “sticker” sarcástico pro sogro Nelsão. Como assim o 7 vezes campeão do mundo não controla o carro nessa super estreita faixa operacional? E Toto, 3 anos entregando carros abaixo do esperado, por alguma margem, e vendo equipes evoluindo e entregando algum brilho de esperanças, qual a desculpa da vez?. A McLaren de 2023 era a Alpine de hoje. Sua equipe cliente, Sr Toto, pode sair de Monaco com o dobro de pontos do que a sua. Arrogância ou incompetência?

Falando da responsabilização de pilotos. Desde 1950, largar na frente e se manter em primeiro após a primeira curva é uma verdade universal.

De uns anos pra cá, aparentemente os pilotos esqueceram disso. Apostam em gerenciamento de pneus estratégias pitstops e depois as assessorias de imprensam culpam o ar sujo, os pneus Pirelli, Checo Perez, fechadinha do Magnussen, mas disputar uma freada na primeira curva? Parece um crime humanitário. Tem um piloto que faz isso quando está em posição desfavorável na primeira fila: Max.

O resto se comporta como um passeio de amiguinhos no Mario Kart. Um piloto com pneus mais novo chega atrás de você na prova? Pode passar, sem disputa, vou ficar aqui no cantinho. Não deveria importar se o cara tá em estratégia diferente da sua e não está se pedindo disputas suicidas. Em pistas estreitas, como Imola, um simples posicionamento no meio da pista já atrapalha seu adversário em uns 2-3 segundos. E isso deveria ser a chave: atrapalhar seu adversário a obter um resultado melhor que o seu. Novo crime humanitário! E novamente só um piloto tem se esforçado um pouco nesse sentido: Checo. Sempre deixa um carro “largo” na pista. Não se prejudica, só pede pro jovem que vem atrás se esforçar. (Menos se for o Hamilton, aí ele esquece da estratégia e inferniza a vida do Inglês)

Gostoso mesmo é ver a Ferrari caminhando solidamente pra ser o carro dos sonhos em 2025. Contratações de peso, humildade (parcial) de copiar o conceito dos coleguinhas que se deram bem. Já já aparece um Adrian Newey na Scuderia e dá uma ou duas dicas de como o ar passa por baixo dos carros de um time vencedor e tudo se encaixa. Vasseur trouxe uma nova mentalidade pro time que tem entregado bons resultados. Ainda não na luta pelo título, mas solidez é importante nesse momento. E não errar pateticamente as estratégias também.

Entre essas 3 forças (Mercedes não), será importante esperar Monaco, Canada e Barcelona pra entender se há alguma disputa na mesa. Principalmente Barcelona. Até lá, pode manter a aposta no cavalinho número 01.

Além das homenagens ao Senna em Imola e Monaco, os bastidores devem ser menos sonolentos do que a corrida de Domingo (que obviamente não perderemos nenhuma volta sequer).

Parênteses mais extenso. É lindo ver esses carros do Senna em circuitos de verdade com imagens geradas por câmera de ultima geração. Vettel não poupou a McLaren em Imola, que beleza ver – e ouvir – a sutileza brutal dessa maquina se movimentando na pista. Tudo em maravilhosos 4k. Fecha parênteses.

Está na hora de os pilotos começarem a se decidir sobre o futuro. Todo mundo aguardando Sainz que parecia ter uma proposta da Audi na mesa com data de validade de 31.05. Mas nada do moço se decidir. O boato da vez é que tá de namorico com a Williams. Se isso se concretizar, duas hipóteses possíveis: o espanhol enlouqueceu ou a Williams assinou com Newey.

A turminha da Alpine caiu no conto da “Equipe de Fábrica” e perderam a letra miúda do contrato. Tá lá escrito que eles são do time que só tem dois motores correndo na pista por fim de semana. Também tem escrito que pode mudar de chefe de equipe toda hora. O carro é uma bomba. E tudo está em pé de guerra pros rapazes. Estão procurando vaga na Williams, Haas, Audi….

Quem não deve se mexer é a RedBull. Um contrato de 1 ano pro Perez tá bom e ele num deve negar mais um aninho nesse carro vencedor. Mesmo que custe à ele ficar sem carro em 2026. E a Mercedes deve apostar suas fichas no jovem italiano Kimi. O carro não vai disputar o título mesmo, deixa o moço se acostumar com esse modelo e aparecer como uma opção real em 2026.

Nessa onda de boatos, temos Bottas passeando pela Williams e Haas. A galera da Haas olhando as opções como Ocon e Gasly pra substituir o Hulkenberg e quem sabe Magnussen.

Lance Stroll parece que está garantido. Há fontes seguras na direção da empresa que apostam na permanência da (eterna) promessa Canadense.

De quem pouco se fala é de Mick Schumacher. Piloto reserva atual da Mercedes, nem foi cogitado pra 1 aninho tapa-buraco em 2025. Vai lá entender o motivo, nunca saberemos. Só deve abalar um pouco o motivacional você ver seu time atual apostando (e gastando rios de dinheiro) numa criança e você ali parado dando soba com dois anos de experiência no bolso. O que impressiona é que nessas horas sempre tem alguém com a lanterna no fim do tunel e mais uma vez esse alguém tá lá com o contrato da Alpine na mão. Pode acabar sobrando uma vaguinha pro alemão na Alpine, e será impossível analisar quem está levando vantagem nesse acordo de ocasião.

Se falam pouco de Mick, nadinha se fala de Drugovich. Théo Pourchaire já se mandou pra Indy. A vaga de reserva de luxo da F1 “deu pra ele”, diz a gíria. Liam Lawson tá na fila. Oliver Bearmann também. Nessas alturas, ficam indisponíveis até linhas nos editoriais pra falar do brasileiro. Sem muito o que fazer, está se aventurando no WEC e saiu por aí testando o FE. Gabriel Bortoleto surge no horizonte como o próximo brasileiro a correr na categoria, estendendo o legado de Hamilton (contem ironia). Não desmerecendo Drugovich, de forma alguma. Só não há assentos disponíveis nesse momento. Hora errada, infelizmente.

Zhou, Bottas, Ricciardo, Sargeant, Magnussen, Stroll. Hulkenberg escapou dessa lista porque acabou de assinar contrato, só por isso. O denominador comum dessa galera: não precisam estar mais na F1. Já passaram seus respectivos auges (dentro de seus talentos) e pouco acrescentam ao valor do campeonato.

O único porem é a popularidade fora das pistas de alguns deles. Isso tem um peso crescente nas decisões dos times porque adiciona um valor agregado maior ao esporte e a marca das equipes como um todo. A VCARB certamente tem ganhos significativos com o garoto propaganda Ricciardo que compensam os ganhos dos piloto Ricciardo.

Só que são 6 vagas. Sendo generoso com Hulkenberg, Yuki e, porque não, Perez, senão seriam 9 vagas. Dá pra achar alguns bons pilotos pra “tentar” ocupar esses lugares? Deu certo com Lando, Piastri, Leclerc, Russel.

Está na hora de uma pequena reformulação no grid, o movimento que Hamilton fez poderia ser o epicentro dessa mudança. Falta um pouco de ousadia. E Alegria.

Sexta-feira. Preparativos finais para que a harmonia do esporte a motor mundial seja contemplada em frente dos nossos olhos. A categoria máxima de tecnologia, o maior templo dedicado ao automobilismo já feito pelas mãos humanas e a mais longa festa-símbolo da mais tradicional categoria americana se cruzam. São 30 anos sem Senna, sem sua ousadia pelas ruas do principado. Na outra ponta da balança um piloto relembrará que ousadia define esse esporte e vai para 1100 milhas seguidas de desafio.

A alegria do final de semana voltou! Ousadia e Alegria!

Vamos aproveitar para evitar mensagens de audio.

Qual a sua aposta pra cada uma dessas corridas?

Abraços
Flaviz Guerra

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

3 Comments

  1. MarcioD disse:

    Caro Flaviz,

    E você acha que eu vou deixar de ver as disputas encarniçadas da Moto GP, com pilotos se arriscando o tempo todo, tocando a carenagem de motos adversárias com seu macacão, executando ultrapassagens milimétricas, desenvolvendo altíssimas velocidades (passam de 360 Km/h em alguns circuitos), tomando X, fazendo salvadas sensacionais e assistir a corridas modorrentas de F1 no mesmo horário, cuja representante mais chata é justamente o Grand Prix de Mônaco? Baseado em que? Na tradição, no glamour de Mônaco, ou porque acompanho F1 desde a adolescência? Aos meus olhos seria um desatino para mim cometer tal ato.

    Me fale uma coisa existe algo chamado alternância de posições na F1, sem entrada nos boxes? E as disputas são sem espelho retrovisor, sem engenheiros buzinando o tempo todo em seu ouvido, e sem pilotos choramingando o tempo todo no rádio? Pois vou assistir O GP da Catalunha de Moto GP no mesmo horário de Mônaco.

    E respeito muito quem pensa o contrário de mim, cada um faça suas escolhas.

    Temo que a Liberty Media possa estragar a Moto GP, já que conseguiu adquiri-la.

    Com relação à Indy 500, não perco de forma alguma. Acompanhei a Fast Friday, a classificação e o Pole Day.

    Indy 500 é um misto de altíssima velocidade, guerra de vácuo, resistência, regularidade, gerenciamento de combustível, acidentes, surpresas e sorte. E isso num oval perigoso e longo, com o muro próximo e onde um piloto do meio para o fim do pelotão pode vencer a corrida.

    Nunca me arrependi de assistir!

    Abraços

    • Marcelo C.Souza disse:

      Assino embaixo, amigo Márcio!!!

      A Moto GP e, também, as categorias norte-americanas (tanto a F-Indy como a NASCAR Cup) dão de 1000 a zero na “toda poderosa” e elitista F-1 em competitividade, imprevisibilidade e respeito ao público.

      Marcelo C.Souza
      Dias D’Ávila – BA

  2. Fernando Marques disse:

    Flavis

    Salve o dia 26/05/2024!!!
    Uhuuuuu!!!!

    A dança das cadeiras na Formula 1 está tão chata quanto sem graça assim como as corridas … hehehehe

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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