Em um bate-papo descontraído (onde, na verdade, Marcel faz a vez de Carlos Alberto no banco da Praça), Marcel Pilatti e Lucas Giavoni falam sobre as eras da Fórmula 1 — tomando por base o brilhante texto do Lucas, publicado aqui — e chegam à inevitável pergunta se estamos vivendo a melhor delas.
Confira a conversa em duas partes: a primeira, resumindo o que seriam as oito eras da F1, e a segunda dissecando a era atual e contrapondo os feitos de Hamilton aos dos outros grandes nomes da história.
Parte 1
Parte 2
3 Comments
Marcel e Lucas,
antes de mais nada quero dar meus parabéns pela live e pelo tema abordado, por sinal muito bem dissecado pelo Lucas, que dá um show de conhecimento.
Mas creio, apesar do reconhecimento da formula 1 ter tido grandes pilotos e em todas as suas eras, faltou dissecar uma situação que a meu ver a Formula 1 desde os seus primórdios até 1992 sempre teve que foi separar “pilotos” de pilotos …
Seguindo a linha de pensamento do Marcio D (afinal também virei fã da Formula 1 em 1970 via 4 Rodas e Auto esporte), quanto mais raiz foi a Formula 1, mais tivemos grandes pilotos, certamente os melhores já vistos em sua história.
Neste período por mim citados era fácil diferenciar aquele piloto com estilo veloz e de um piloto rápido. Aquele piloto que pensava mais com o pé do que com a cabeça. Aquele que sabia ser rápido e estratégico . Aqueles que realmente davam show nas pistas, mas poucos terminavam as corridas e etc e etc … mas que eram bons pra dedeu … aquelas derrapadas de traseira …
O Lucas cita o Emerson que destestou guiar os carros asas … obvio … os carros não saiam de traseira … em 1986 o efeito solo ainda fosse permitido, jamais veríamos aquela ultrapassagem do Piquet em cima do Senna na Hungria … eram nessas horas que o piloto mostrava quem era bom de braço de verdade …
Assim também em relação aos carros e equipes. Tinham DNA … independente da cor ou do patrocinador nós sabíamos sabia identificar qual era uma Ferrari, uma Lotus, uma Mclaren, uma Ligier, …
Por causa disso acima, para mim a Formula 1 teve apenas duas eras … antes e depois de de 1 de maio de 1994. Antes mais raiz … pouco ou zero eletrônica, cambio manual … depois totalmente envolvida com os avanços eletrônicos, aerodinâmicos que mudaram totalmente o conceito de ser piloto e de guiar um Formula 1 … um avanço digno de elogios sob aspecto tecnológicos e de segurança , afinal foi e é muito dinheiro injetado para se chegar a tudo isso, mas que a meu ver nivelou muito por baixo os “pilotos” dos pilotos … avanços que deixaram os circuitos sem graça … sei lá quem acompanha sabe como é a Formula 1 atualmente
Se for para comparar … a primeira era da minha divisão é infinitamente melhor em todos os sentidos. Os melhores pilotos, os melhores carros, os melhores circuitos, as melhores corridas jamais vistas (Lucas deveria ter citado Monza 1971), as quebras, os erros dos pilotos o risco e o medo da morte … ou seja ingredientes muito mais atrativos que toda esta parafernália eletrônica, circuitos , carros e pilotos politicamente corretos que vemos hoje em dia …
Fernando Marques
Niterói RJ
Boa tarde Marcel e Lucas,
Muito interessante esta divisão de eras da F1 baseada em aspectos técnicos dos carros, trazendo uma ótima perspectiva para comparações.
Como o campeonato F1 começou exatamente em 1950 sempre gostei de fazer comparações baseadas em períodos de 10 anos. Inclusive há certa aproximação de tempo das eras técnicas findadas em 58 e 68 com o fim das respectivas décadas por exemplo.
Comecei a acompanhar F1 em 72 e me considero sortudo por ter torcido e vibrado com cada um dos 8 títulos conquistados pelos brasileiros. Era uma F1 diferente onde a competitividade, que anda de mãos dadas com a imprevisibilidade, eram notórias. Circuitos incríveis, belos carros, ótimos pilotos em disputas equilibradas onde infelizmente a morte espreitava a todo o momento. O ponto fraco era realmente a segurança tanto de equipamentos dos pilotos, quanto de carros e circuitos.
A meu ver, considerando-se a competitividade e a imprevisibilidade como os elementos mais interessantes do ponto de vista de quem acompanha qualquer esporte (não se considerando portanto quem torce por pilotos e ou equipes), e levando-se em conta que os títulos e as vitorias, assim como a sua não repetição são os elementos mais relevantes a serem considerados, vejo as décadas de 60 e 70 como as melhores, com 7 títulos de pilotos diferentes cada e sem repetições na década em si. Em 60 tivemos uma repetição de titulo sobre 59, nos anos 70 não tivemos nenhuma repetição de titulo. Por outro lado nos anos 60 tivemos 6 construtores campeões e nos 70 4. A média de vitorias nos anos 60 era de 0,49 vencedor diferente/corrida a cada ano e nos anos 70 0,47. Entre 1961 e 1985, ou seja, por 25 longos anos não houve nenhum titulo consecutivo de piloto. Em 82, que considero o ano mais competitivo e imprevisível da historia da F1, tivemos 11 vencedores diferentes em 16 corridas com cada um deles não ganhando em mais do que 2 GPs. São números impensáveis nos dias atuais. Nos anos 90 também tivemos 7 campeões diferentes, mas houve 3 repetições de títulos.
Nestes tempos de grandes domínios de longa duração, inaugurados por Mclaren 88-91 e que tem como seu maior representante a Mercedes 2014-2020, e com 2 deles consecutivos (Red Bull e Mercedes) a competitividade e a imprevisibilidade foram para o espaço. Nos anos 2010 tivemos somente 3 pilotos campeões com 4,2 e 3 títulos consecutivos na década.
Se não houver uma diminuição do dinheiro envolvido na F1, a sua distribuição mais equânime e uma redução substancial da influencia da aerodinâmica na F1 não há infelizmente cenário positivo á vista.
Abraços,
MarcioD
Marcel
Para mim, a melhor era da história da Fórmula 1 foram as décadas de 1980 e início da de 1990.
Um forte abraço!
Marcelo C.Souza
Dias D’ávila – BA