Considerações finais

Despedidas
23/11/2012
Mistérios de Interlagos
29/11/2012

A história foi feita novamente. E nós, os entusiastas do esporte a motor, as felizes testemunhas.

Uma boa temporada, que termina com uma boa corrida.

Não sei bem o que acontece, mas Interlagos tem um poder especial, quase místico, de oferecer corridas interessantes. Mesmo com apenas dois postulantes ao título, diversos foram os personagens de destaque deste GP Brasil.

Para quem achava que os 13 pontos de vantagem de Sebastian Vettel estavam fora de alcance e o título já eram favas contadas, assistiu a uma primeira volta em que ele, Vettel, via o mundo ao contrário e tinha uma avaria no carro – diga-se de passagem, por barbeiragem de Bruno Senna, fato “escondido” pela transmissão oficial. Deve ter sido sua corrida de despedida da Williams; parece ser iminente o anúncio de Valtteri Bottas em seu lugar. O outro envolvido no choque, Sergio Pérez, de malas prontas para a McLaren, acumulou um recorde negativo: não pontuou nas últimas seis corridas, feito “igualado” por um desmotivado Nico Rosberg.

Do 22º lugar, Vettel escalou o pelotão, para já na entrada da 7ª (!) volta estar novamente na zona de pontos, fazendo ultrapassagens arriscadas em uma pista com níveis de aderência mudando a cada volta. Ainda assim, a falha de seu rádio e a parada extra nos pits por erro tático jamais deixaram a corrida ter uma certeza de decisão – isso até a estampada de Paul di Resta na subida do retão.

Vettel fez sua parte ao aproveitar a melhoria de seu carro a partir do GP do Japão e, em Interlagos, se manter na pista sempre de modo competitivo, se arriscando ou se poupando nos momentos certos. Fecha seu título com números cada vez mais impressionantes e com a certeza de que ele é um piloto excepcional quando do está com o equipamento certo, e que sabe cada vez como lidar com situações adversas, terreno em que o rival Alonso de destaca frequentemente.

A performance de Alonso, em relação à recuperação de Vettel, em nada ficou devendo. Aquela ultrapassagem dupla, em cima de Massa e Webber, foi qualquer coisa de sensacional. O único problema é que seu segundo lugar não o levou ao ansiado tri.

Após a prova, ele deu depoimentos errados e certos. Errou infantilmente ao culpar o strike na Bélgica como o momento em que perdeu o campeonato. Como muito bem apontamos em nosso Facebook, tanto Vettel quanto Alonso abandonaram duas corridas cada. Nos abandonos do alemão, o asturiano contabilizou 40 pontos, enquanto seu na situação inversa, Sebastian somou 43 – e três pontos foi a exara diferença entre os dois ao fim da temporada.

Na parte dos acertos, Alonso ressaltou que o time não errou táticas e que ele jamais enfrentou falhas mecânicas, o que é fato. Entretanto, jamais teve um carro para disputar título. O que Fernando fez nesse campeonato está muito acima de seu carro, que se não era exatamente vencedor em ritmo de prova (nenhuma volta mais rápida durante toda a temporada), e era lamentável em qualificações. Prova inconteste é que Alonso bateu o recorde de pódios em uma temporada partindo atrás das três primeiras posições do grid – ao todo foram dez! Sua vitória em Valencia, partindo do 11º lugar, certamente foi a corrida do ano.

Fernando, a meu ver o piloto que mais merecia o título, perdeu este campeonato simplesmente porque não teve um carro para ser campeão. Ficou bastante claro que o ajuste fino de Adrian Newey na Red Bull foi responsável pela arrancada e nítida hegemonia de Vettel no fim do ano – ele, o primeiro campeão a não vencer nenhuma prova na Europa. Isso nos indica dois cenários interessantes: primeiramente, o êxodo da F1 de seus palcos tradicionais, e o segundo, a melhor adaptação dos Red Bull nos tilkódromos da Ásia.

Um desses ajustes foi o polêmico bico de borracha, foi confirmado pela Red Bull – afinal, depois daquele vídeo do mecânico torcendo a peça numa troca nos pits, ficou difícil negar.

Os legisladores da FIA, criadores dos reglamentos que amamos odiar, mais uma vez fizeram papel de idiota, enganados por alguém mais inteligente – Newey. A regra para flexibilidade do bico impõe testes de carga nas asas, mas não falam nada do nariz, que deve apenas ser aprovado nos crash-tests como protetores de deformação progressiva das células de sobrevivência em impactos frontais. Fotos já mostravam que, em alta velocidade, as asas das Red Bull sempre estavam mais baixas que da concorrência. Agora todos sabem o porquê.

Se o nariz de borracha foi feito, é porque representou ganho de desempenho. Se gerou desempenho, isso trouxe mais pontos. Se trouxe mais pontos, foi resposnável por levar Vettel ao tri.

Cria-se a inevitável comparação de que Alonso perdeu, portanto, por um nariz.

Quando falamos em níveis de aderência críticos, sabemos o quão bom Button é em cenários assim e Hamilton teve que se render no começo da corrida. Repentinamente começamos a ficar incomodados e a nos dizer “o que aquela Force India está fazendo ali?” e repentinamente lembramos da pole incrível que Nico Hülkemberg havia conseguido pela Williams na mesma Interlagos, com a mesma água.

Jenson e Hülk fizeram pilotagem exuberante com slicks e foram os únicos a pagar a aposta de se manterem numa pista cada vez mais molhada e traiçoeira. Isso até o maroto Safety Car lhes roubar 47 segundos de vantagem. Em seguida, Hulk ainda teria mais a perder, quando mergulhou por dentro de Hamilton, para retomar a ponta, e escorregou, eliminando o inglês, agora ex-McLaren.

Mais uma vez comissários não souberam classificar o que é “incidente de corrida”, como em várias oportunidades durante o ano, e ridiculamente puniram Hülkenberg. Eles não entendem que a rodada que Nico deu, mais a possível avaria pelo choque, já são “consequência” do ato e já se configuram em uma punição? Eles não entendem que o ato de eliminar Hamilton jamais foi deliberado, uma vez que o piloto fazia a melhor corrida da vida dele? Hülk, deste modo foi punido triplamente: pelo Safety Car, pela rodada que deu, e pelo drive-thru.

O cerebral Button de sempre voltou à ponta para terminar o ano exatamente onde começou. Para Jenson, o problema foi tudo o que aconteceu “no meio” dessas duas vitórias. Era para a McLaren estar disputando esse título, mas no fim das contas nem ele, nem Hamilton conseguiram sequer ficar à frente de um Räikkönen que o ano todo teve um carro inferior ao deles.

Kimi, por sinal, fez uma temporada sensacional. Realmente ficou bem parecido com o que Piquet fez em 1990. Uma pena ele ter que terminar o ano sendo amplamente trollado pela sua escapadela na junção, e a posterior descoberta de que aquilo não era uma área de retorno. Memes com ele segurando o mapa de São Paulo dentro do cockpit, de placas indicando caminho para vodka ou sorvete foram os mais populares…

A imensa maioria dos pilotos que escorregou ou bateu, como Grosjean, o fez porque usou o limite da pista e encostou os pneus na faixa branca limítrofe da pista. Fico me perguntando se eles, tão experientes e precisos, não entendem o quanto essas faixas escorregam, especialmete as de Interlagos, que não tem porosidade e acumulam água.

Assim que começou o festival de deslizes, imediatamente lembrei da caótica corrida de 2003. O Safety Car final (após um montão de intervenções durante a prova) aconteceu porque Mark Webber, na época com seu Jaguar Verde, pisou na faixa branca no Café e se arrebentou, com o então novato da Renault, Fernando Alonso, a “finalizar” a obra com uma pancada ainda mais forte, ao colher um dos pneus e se descontrolar.

Foi bonito ver Massa emocionado no pódio. Sua segunda metade de ano foi, de fato, bem melhor que a primeira, e ele parece ter recuperado sua confiança ao volante. Vai andar atrás de Alonso ano que vem, mas esperamos que a diferença seja cada vez menor. Da mesma forma, não há quem não tenha gostado de ver Piquet como anfitrião do novo formato de entrevista de pódio.

Esse formato até pode ser questionado – Webber, por exemplo, diz que pódio é lugar de pilotos celebrarem, não de cumprirem obrigações contratuais. Já o time de entrevistadores, não se pode questionar: durante o ano, além de Nelson, tivemos blockbusters como Niki Lauda, Jackie Stewart e Mario Andretti. Passou da hora da Globo também exibir essas entrevistas. São só cinco minutos a mais, tempo que ninguém sentiria falta nos programas chatésimos que entram na grade dominical em seguida.

Havia na F1 um campeonato paralelo e ele também foi decidido na última corrida. Se as nanicas não conseguem pontuar, ao menos degladiam entre si para saber quem vai ficar com o prêmio de 10º lugar entre os construtores. A Marussia chegou ao Brasil com um 12º lugar como melhor resultado, algo que a Caterham não havia conseguido. Charles Pic lutou bravamente contra Vitaly Petrov, que conseguiu, na pista, passá-lo e deu ao time verde um 11º lugar em Interlagos, garantindo a virada.

Michael Schumacher fez uma corrida de despedida discreta, porém competente. Se não andou maravilhosamente na água, como em Barcelona 96 ou Monaco 97, não cometeu erros dos quais já estávamos acostumados a ver nos últimos tempos. Chegou aos pontos com um bom 7º lugar e foi o primeiro a cumprimentar Vettel pelo seu feito.

Comportou-se como um grande campeão, de acordo com a grandeza dos números que construiu. Queria que ele tivesse se comportado assim em outros momentos-chave de sua carreira. Sua volta às pistas pela Mercedes não foi uma “mancha”, algo a diminuir seu tamanho na história do esporte a motor. A verdadeira mácula se deu em pequenos momentos em que ele, detentor de sete títulos, comportou-se de maneira pouco esportiva, mostrando sua face desleal, como vimos acontecer por várias vezes em seus tempos de Benetton e Ferrari.

Tenha uma boa aposentadoria, Michael.

A história foi feita novamente. E nós, os entusiastas do esporte a motor, as felizes testemunhas.

Aquele abraço!

Lucas Giavoni

Lucas Giavoni
Lucas Giavoni
Mestre em Comunicação e Cultura, é jornalista e pesquisador acadêmico do esporte a motor. É entusiasta da Era Turbo da F1, da Indy 500 e de Le Mans.

22 Comments

  1. Sandro disse:

    Minha “lista” com os 4 melhores do campeonato (por desempenho – não por pontos):
    1) Alonso;
    2) Vetel;
    3) Raikkonen (lembrou Piquet em 1990!);
    4) Hamilton.
    Lista útil é lista de supermercado, hehehe! 😉

  2. Rubergil Jr disse:

    Esta temporada foi realmente fantástica. Acho que ainda perde para 1986, mas foi sim muito boa.

    2012 não foi boa só pelo desfecho emocionante. Neste aspecto, 2008 ainda é insuperável, mas a temporada de 2008 (pode botar 2007 também) foi relativamente chata pela quase total ausência de disputas na pista e pelo duopólio Ferrari-McLaren.

    A temporada de 2010 foi muito boa. 2003 também teve seus momentos. Mas 2012 foi sem dúvida a melhor desde 1986.

    Abraço,

  3. Fernando Marques disse:

    Falando sobre o resultado. Torci pelo Vettel e adorei ver a sua reação em Interlagos mostrando que não tinha perdido a guerra.
    Por que não torci pelo Alonso. Não discuto as suas qualidades (é o melhor piloto da Formula 1 atualmente) mas discuto a politica da Ferrari a meu ver errada em tres pontos:

    1) Não aprovo, apesar da legalizade permitidsa no regulamento, da mechida do lacre no carro do MAssa em Abu Dhabi.

    2) Em momento algum, talvez por isso tenha apelado para decisões anti éticas, deu um carro vencedor ao Alonso

    3) Não deu ao Felipe MAssa um carro no mesmo nivel do Alonso. Isto só veio a acontecer quando a equipe percebeu que era bom ter o MAssa brigando por melhores posições tanto em treino quanto nas corridas. A meu ver um erro claro pois Alonso ficou sozinho brigando contra as Mclarens e as RBR’s. O Massa a meu ver enfrentou muitos problemas por causa disso. Vale lembrar que este ano novamente o radio disse que Alonso estava mais rapido …

    Bem feito para a Ferrari

    Fernando MArques
    Niterói RJ

  4. Fernando Marques disse:

    A temporada de 2012 entra para a historia como sendo uma das melhores já vistas. Se analisarem tudo o que aconteceu durante o seu discorrer entenderão a minha analise sobre o sensacional GP do Brasil que não só fechou o campeonato mas como definiu o seu campeão.
    Para mim tudo o que vimos em Interlagos foi um resumo da melhor qualidade de tudo que aconteceu em 2012. A vitoria de Button, a quase vitoria do Nico Hülkemberg e sua Force India (que seria algo similar as vitorias Rosberg e Pastor Maldonado), a sorte do Alonso, Massa ajudando Alonso, Hamilton mais uma vez sendo albarroado e deixando possivelmente de vencer uma corrida, Vettel guiando como um verdadeiro campeão (algo que fez na 2ª metade do campeonato) e por aí vai … um fechamento de camponato a altura do que realmente foi o campeonato em 2012.
    Com relação ao bom texto do Lucas faço algumas considerações:

    1) A rodada do Vettel “provocada” pelo Bruno Senna foi incidente de corrida. Algo normal de se ver numa largada ainda mais no “S” do Senna. Não houve culpados

    • Fernando Marques disse:

      continuando pois fiz alguma coisa errada no PC …

      2) Não houve culpados e nem o Vettel reclamou. Fora isso havia chuva no momento, a pista estava umida e o Vettel diga-se de passagem largou muito mal atrapalhando quase todo mundo e quem se deu bem nisso foi o Massa que aproveitou bem os espaços e o vacilo do alemão. Não acho justo neste caso culpar o Briuno Senna.

      3) A corrida foi tão boa que até a trinca da Globo deu um show tambem na transmissão. Acho justo criticar o Galvão Bueno quando necessário mas acho que vale um elogio quando ele trabalha bem. Neste GP ele e seu staff trabalharam muito dosando corretamente todas as emoções que a corrida proporcionava. Não gosto GB mas desta vez não tenho o que reclamar. O Rubinho como comentarista tambem foi legal.

      4) Não sabia destas entrevistas no podium. Achei não só legal ver o Piquet dando uma de mestre de cerimonias mas confortando o Massa. Piquet sabe que aquele resulado representou muito para o Felipe.

      Fernando Marques
      Niterói RJ

  5. luis fernando-rio de janeiro disse:

    oi lucas bom dia o massa no final da temporada resolveu acordar,mais ainda acho que ano que vem a história será a mesma alonso sempre andando na frente do felipe não passa.vettel merece ser campeão mais uma vez,lamento pela saída de hamilton da mclaren vou continuar torcendo por ele na mercedes será que finalmente ele terá um carro para disputar o título? e espero muito que o time de woking venha forte o ano que vem.parabéns pelo texto.

  6. Ballista disse:

    Vettel foi campeão na pista, indiscutível. Mas, e a ultrapassagem que fez sob bandeira amarela, ainda na volta 9?

    • Lucas Giavoni disse:

      Oi Ballista!

      Ao que parece, a sinalização de luz amarela que Vettel teria ignorado foi de pista escorregadia, e não de proibição de ultrapassagem. Mas isso é algo que os amigos leitores podem nos ajudar a esclarecer.

      Escreva sempre! Abração!

    • Lucas dos Santos disse:

      Ballista,

      De início eu tive a mesma impressão, mas analisando melhor as imagens notei que seriam apenas luzes indicando pista escorregadia.

      Se você reparar bem, quando há bandeira amarela, as luzes amarelas ficam piscando. No momento em que Vettel ultrapassou Kobayashi, as luzes estavam estáticas, o que poderia indicar apenas luzes de pista escorregadia.

      É claro que o significado das luzes piscantes e estáticas é apenas especulação da minha parte. Seria necessário pesquisar para ter uma resposta definitiva. Mas o fato é que a diferença existe e elas não estavam piscando no momento da ultrapassagem.

    • Ballista disse:

      Lucas, para uma melhor análise do ocorrido, é interessante recuperar o vídeo da câmera on-board de Vettel.

      (http://www1.skysports.com/formula-1/news/12475/8282398/Race-stewards-insist-that-Sebastian-Vettel-overtake-was-made-under-yellow-red-flags)

      Pelas imagens, é possível notar três momentos distintos.

      1) Vettel e Koba fazem o segundo setor sob bandeira amarela com listras vermelhas, caracterizando pista escorregadia. Ao mesmo tempo, a bandeira amarela é mostrada no posto fiscal, e a luz amarela está acesa na lateral da pista, proibindo a ultrapassagem.

      2) Vettel e Koba partem para o mergulho e lhes é dada a luz verde, caracterizando o fim da bandeira amarela do setor 2.

      3) Ambos fazem a subida em ritmo normal de corrida, e quando chegam no topo é possível ver claramente o sinal da luz amarela na lateral da pista, caracterizando uma nova proibição de ultrapassagem. Vettel ignora (ou não vê) o sinal amarelo, e passa Koba. O piloto japonês recua, e entra nos boxes, impossibilitando que Vettel possa “devolver” a posição à Koba.

      À luz do regulamento, a bandeira amarela com listras vermelhas não proibe a ultrapassagem, de forma que a bandeira amarela mostrada em conjunto (e também nos sinais luminosos) é soberana quanto à proibição da ultrapassagem e moderação da velocidade do carro no setor.

      Por fim, uma vez que a prova já estava encerrada quando a questão foi levantada, a punição para ultrapassagem sob bandeira amarela seria a adição de 20s ao tempo de corrida de Vettel, o que o levaria à 8ª colocação – e à derrota no campeonato por um mísero ponto.

      Gostaria de saber a visão dos amigos para esta questão.

      Abraços

    • Lucas dos Santos disse:

      Ballista,

      Esse vídeo mostra claramente o que eu afirmei na minha resposta anterior.

      Observe, aos 4min do vídeo, que quando a bandeira amarela está sendo mostrada, indicando proibição de ultrapassagem, a luz amarela está piscando. Mais adiante, aos 5min do vídeo, vê-se outra luz amarela, também piscando. A luz verde, indicando o fim da proibição de ultrapassagem, que aparece aos 5min09 do vídeo, também está piscando. Até aí concordamos que nessa região as ultrapassagens realmente estavam proibidas.

      Agora observe o que acontece após os 5min40 do vídeo. As luzes amarelas estão acesas desse ponto em diante. OK. Mas elas não estão piscando! Diferente das luzes que apareceram no começo do vídeo; diferente da luz verde, correspondente à bandeira verde e diferente das luzes azuis, correspondentes à bandeira azul que também piscam. As luzes amarelas, naquele ponto, estavam estáticas.

      Aí fica o meu questionamento: Teriam essas luzes amarelas estáticas, um significado diferente das luzes amarelas piscantes? Eu não sei a resposta e não pesquisei ainda sobre isso. Mas se o significado for diferente, essas luzes amarelas estáticas poderiam muito bem estar sinalizando apenas pista escorregadia. Se for isso, a ultrapassagem ocorreu dentro da legalidade. Se não for, resta saber por que a luzes estavam piscando em um local e estáticas em outro.

    • Ballista disse:

      Olá Lucas;

      sua observação quanto ao “movimento” das luzes é bastante pertinente. Isso deve ser avaliado com o significado base da bandeira amarela.

      De acordo com o regulamento geral de competições da FIA (em seu apêndice H, item 2.4.4.1 letra b), a bandeira amarela pode ser mostrada aos pilotos de duas formas distintas, com significados distintos:

      1) Agitada uma vez: reduza a velocidade, não ultrapasse e se prepare para mudança de traçado. Existe perigo próximo à pista ou parcialmente dentro dela.

      2) Agitada duas vezes: reduza a velocidade significativamente, não ultrapasse e esteja pronto para mudança de traçado ou parada total do veículo. Existência de perigo bloqueando parcialmente ou totalmente a pista e/ou comissários trabalhando na pista ou próximo dela.

      Podemos ver que em ambos os casos de bandeira amarela, a ultrapassagem é proibida.

      Relativo à sinalização luminosa, o regulamento se limita à questões construtivas, indicando que as bandeiras devem ser representadas por um par de luzes alternadas ou por um painel de luzes piscantes. Como vimos, Interlagos possui a segunda opção.

      Reitero que, de forma alguma, questiono o título de Vettel. Sua pilotagem foi inteligente em Interlagos (aliada à uma boa dose de sorte no acidente da primeira volta). Mas as evidências precisam ser mostradas para que cada um possa fazer sua própria avaliação!

      Talvez este seja o grande trunfo do GPTOTAL em relação a outros sites e blogs nacionais sobre automobilismo. Aqui, é possível debater diferentes pontos de vista sem a ocorrência de censura prévia.

      Aguardo a impressão dos amigos para a questão.

      Abraços

    • Manuel disse:

      Para que diabos era necessária uma luz para indicar aos pilotos que a pista estava escorregadia ?
      Acaso eles nao o sabiam ?
      Caramba, a pista estava molhada, portanto… escorregadia !
      Cuando era habitual derramar óleo na pista, era lógico e necessário advertir os pilotos de sua precença, mas aqui o que havia era água de chuva !
      Este é o tipo de coisas que me irritam da formula um atual.

    • Lucas dos Santos disse:

      Ainda sobre o assunto de uma suposta ultrapassagem do Vettel sob bandeira amarela, a Ferrari entrou com um “pedido de esclarecimento” à FIA. Mas não foi por causa desse lance mostrado no vídeo mencionado pelo colega Ballista. E sim um outro, ocorrido na volta 4, quando Vettel teria ultrapassado o Vergne antes do fim da zona de bandeiras amarelas.

      Na ocasião, o piloto da Red Bull foi visto ultrapassando o piloto da STR antes de passar pela luz verde da pista. No entanto, na câmera onboard do carro do Vettel, era possível ver um fiscal de pista mostrando a bandeira verde entre o último painel luminoso amarelo e o painel verde.

      A FIA esclareceu que a manobra foi considerada legal, pois, segundo o regulamento, quando há luzes e bandeiras em locais distintos da pista, o piloto deve obedecer o que vier primeiro.

      Não preciso nem dizer que a Ferrari foi duramente criticada por essa atitude.

    • Ballista disse:

      Olá Lucas, creio que a Ferrari deu o tiro errado. Pela análise das imagens, a ultrapassagem na volta 4 acontece claramente em bandeira verde, como você bem observou. Os italianos já foram melhores, tanto dentro quanto fora das pistas.

  7. Mauro Santana disse:

    Belo texto Lucas!

    Mais uma vez Interlagos mostra que é um verdadeiro templo sagrado!

    Temporada fantástica, e parabéns ao Vettel pelo título, apesar da minha torcida estar com Alonso, Vettel fez por merecer!

    Massa parece ter reencontrado o caminho, e vamos aguardar a próxima temporada.

    Kimi é sempre uma figura!

    Ao comentar a respeito do Bruno, faço das palavras do jornalista Flavio Gomes as minhas:

    “Agora, o Bruno… Tenha dó. Fico imaginando se um piloto brasileiro, lutando pelo título, é acertado por outro que não briga por nada numa situação parecida. Iriam imolar o sujeito. É preciso um pouco de inteligência para correr de carro. O primeiro-sobrinho alegou que Vettel quis fazer a tangência e não deixou espaço. Caramba. O cara é protagonista do campeonato. A corrida, evidentemente, não era uma qualquer. Tem hora em que os coadjuvantes devem entender o que são, procurar atrapalhar o mínimo possível. Bruno, com atitudes como essa (minimizando o episódio, inclusive, como se fosse pouco relevante; não era, podia ter decidido o campeonato), consegue uma única coisa: perder o respeito de seus pares.”

    Desde jeito Bruno, fica cada vez mais difícil.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  8. Marcos Godoy disse:

    Achei patético seu comentário sobre Bruno Senna e a “ultrapassagem dupla” de Alonso. Sobre o primeiro, fica clara a sua má vontade sobre o piloto. Você por acaso sabe que durante toda a temporada ele foi prejudicado em ceder o carro para o tal de Bottas durante o primeiro treino livre? Comparando a performance dele como a do Maldonado, percebe-se que seu desempenho durante as corridas foram sempre melhores. É que é difícil concorrer com “caminhões de dinheiro”. Minha torcida para que a Williams seja cada vez menor. Quanto ao acidente em si, deu para perceber que o Vettel fecha a sua frente de repente, sendo impossível para qualquer piloto evitar o choque.
    Quanto à ultrapassagem de Alonso, ficou claro que Massa fez a manobra propositalmente para que ele tivesse vantagem na manobra. É só olhar novamente para se perceber isso.
    Acho que você viu outra corrida.

    • Lucas Giavoni disse:

      Calma lá, caro Godoy! O que eu te fiz para você ser tão ríspido?

      Este é um espaço para discutir construtivamente opiniões baseadas em fatos e evidências, não de atacar uns aos outros. Escrevo textos que são do gênero jornalístico interpretativo, ou seja, que trazem a minha análise sobre os fatos, levando em conta minha bagagem como cientista da comunicação, que tem como missão comprovar, e não de impor uma opinião. Se não concorda, diga simplesmente que não concorda. Patética é a atitude de atacar sem fundamento, seja por recalque, seja por frustração com sabe-se lá o quê. Ademais, não concordar comigo em duas ocasiões não significa que eu tenha visto outra corrida. Apenas denota que temos interpretações diferentes para os mesmos fatos.

      Discorde de mim quando quiser. Mas faça despido de rispidez, OK?

      Escreva sempre! Abração!

    • Arlindo Silva disse:

      Tem gente que fala que o Bruno Senna era sacaneado pela Williams por não poder praticar o primeiro treino livre de sexta feira.

      Na boa gente, alguém já viu esses treinos? Os pilotos geralmente dão, 10, 15 voltas se tanto, com pneus duros (isso quando a Pirelli não inventa de levar pneus experimentais pra essas sessões). Não digo que não há perda, mas ela não é tão grande quanto se propaga.

    • Paulo Morsa disse:

      Realmente os treinos livres de sexta não servem pra nada. O Schumacher participou de todos eles e ainda assim conseguiu bater atras de dois pilotos esse ano…

  9. Eduardo Trevisan disse:

    No final das contas o piloto asturiano preferido-melhor-completo-inteligente tomou pau do Massa nas últimas classificações e correu herdando posições deste. E a “sensacional ultrapassagem dupla” se deu justamente porque Massa o estava blindando.

    Enquanto isso o Sebastian só-ganha-com-o-melhor-carro Vettel corria com o carro danificado e fazendo melhor volta com a pista enlameada e o engenheiro pedindo pelamordedeus para ele se acalmar.

    E dizer que o Fernando merecia o título mas perdeu o campeonato porque não teve um carro para ser campeão não é óbvio? É claro que não teve carro para ser campeão. O Vettel tinha e foi, vai ver não merecia…

    • Lucas Giavoni disse:

      Oi Eduardo!

      Não “parece” óbvio, É obvio! Alonso não teve carro pra ser campeão, ponto. Só que ele erroneamente preferiu botar a culpa no strike de Spa. É politicamente muito mais cômodo do que dizer que o túnel de vento da Ferrari é tão preciso quanto um relógio de areia.

      Quanto a Alonso “tomar pau”, vejo nisso mérito do Massa em finalmente fazer seus pneus aquecerem melhor do que o companheiro nas qualificações, ainda levando em conta que Massa sempre andou bem em Interlagos, enquanto Alonso nunca brilhou por lá. Como eu escrevi, a Ferrari sempre apresentou um carro medíocre de qualify.

      E sobre Vettel, não é a questão de só vencer com o melhor carro. É a de aproveitar os momentos em que ele tem um bom carro em mãos para estabelecer um conjunto hegemônico, com fez em 2011 e nas últimas corridas dessa temporada – o cara é muito, muito rápido. E eu não deixei de ressaltar que ele está cada vez mais hábil em contornar situações desfavoráveis, atributo que Alonso já tem desenvolvido.

      Escreva sempre! Abração!

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