Critério? — Coluna + Vídeo

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Olá amigos

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Uma das reclamações dos últimos tempos na F1 e até mesmo em outras categorias do esporte a motor é a constante intromissão dos comissários de prova em decisões dentro das pistas. Ultrapassagens além da linha branca, limites de pista, toques… tudo isso é levado ao escrutínio dos oficiais e corridas são decididas muitas vezes por ordens da direção de prova. Nessa confusão, os pilotos muitas vezes ficam sem saber o que fazer e clamam por uma palavrinha mágica chamada critério.

No entanto, o critério não foi o forte dos comissários da FIA no final de semana do Grande Prêmio dos Estados Unidos. Situações aparentemente parecidas tiveram decisões bem díspares e no caso desse domingo, podendo modificar o andamento do campeonato.

Lando Norris largou muito bem vindo da pole e se colocou por dentro na primeira curva em Austin, mas Max Verstappen foi ainda mais à esquerda numa manobra bastante agressiva do neerlandês da Red Bull. O movimento de Max o fez espalhar e levar Norris consigo, ambos indo para fora da pista, mas com Verstappen tendo a vantagem, mesmo que significasse que Leclerc assumisse a ponta da corrida rumo à uma vitória enfática, com Sainz completando a dobradinha da Ferrari.

Cinquenta e duas voltas depois, Norris vinha com mais ritmo após colocar pneus duros e tendo parado depois de Verstappen. Após tentativas infrutíferas quando teve o DRS à disposição, Lando se colocou por fora e chegou ao grampo da curva 11 na frente, mas Verstappen freou tarde, fazendo com que os dois saíssem da pista e dessa vez, foi Norris quem teve a vantagem. A diferença entre as duas manobras foi que Max saiu ileso da manobra da primeira curva e Norris tomou 5s por ter completado a ultrapassagem por fora, fazendo Lando sair do pódio. Mais uma polêmica entre os dois com a sensação de julgamentos distintos em situação parecidas, num dia dominado pela Ferrari.

Critério? Ora, para que critério…

O final de semana texano começou com bastante barulho nos bastidores com a FIA investigando uma equipe por um dispositivo irregular, onde era capaz de ajustar o ângulo do front rib no período do parque fechado. Não demorou muito para que a Red Bull assumisse que estava usando esse dispositivo, mas que não poderia ajustar com o carro montado. A McLaren colocou a boca no trombone, principalmente com a melhora da Red Bull em Singapura. A FIA abriu uma investigação que rapidamente foi encerrada, deixando tudo como antes.

Para aumentar o dissabor da McLaren, os vinte dias sem corridas na F1 parece ter feito bem à Red Bull, que viu Max Verstappen ficar com a pole na Sprint Race e dominar a mini-corrida. Verstappen fazia um final de semana até ali que lembrava, como ele mesmo falou, ‘os velhos tempos’, quando dominou com a Red Bull no início de 2024. O neerlandês vinha dominando a classificação da mesma forma como fizera na Sprint, mas Norris surpreendia ao ser o mais rápido após a primeira rodada do Q3. Max estava mais rápido em sua segunda volta, mas Russell bateu forte e a bandeira amarela resultante praticamente terminou o treino ali.

Verstappen nem pareceu muito triste por ter perdido a pole, pois ele sabia que tinha um ritmo superior ao de Norris. E ainda largava na frente do carro que mostrara um ritmo muito forte em corrida: a Ferrari.

O sol apareceu forte em Austin neste domingo e mesmo a pista texana tendo parte do seu traçado recapeado, se falava abertamente em duas paradas para todo mundo, ainda mais com o aumento de temperatura em comparação aos outros dias. Como normalmente acontece na F1 atual, o posicionamento faz toda a diferença e se Max manteve a ponta na largada da Sprint rumo à vitória, Norris tentaria algo semelhante, mesmo a McLaren não sendo tão forte em Austin como fora em outras pistas nos últimos meses.

Lando largou bem, afastando um poucos alguns fantasmas que lhe atormentavam, mas o dilema do inglês é ter que enfrentar um peso-pesado da história da F1 como Max Verstappen. O piloto da Red Bull efetuou uma manobra agressiva, indo ainda mais por dentro do que Lando, que se aproximava do apex da primeira curva já com seu McLaren bem à esquerda. Pela física, a manobra de Max Verstappen o faria ‘embarrigar’ a curva e com Lando ao seu lado, o neerlandês levaria o seu rival consigo para fora da pista. Não houve toque, mas com ambos fora da pista, o quarto colocado do grid Charles Leclerc viu uma avenida se abrir à sua frente para assumir a ponta da corrida. Sainz só não seguiu a mesma avenida, pois se viu preso atrás da dupla que lidera o campeonato, mas o espanhol ainda teve como ultrapassar Lando na entrada da curva dois, deixando o inglês que largara na pole em quarto, sendo seguido por Piastri, que a muito custo segurou a quinta posição dos ataques de Pierre Gasly.

O primeiro safety-car na F1 em dez corridas trazido por um irreconhecível Lewis Hamilton não mudou o panorama da prova, mesmo que Leclerc tenha relargado com Verstappen mais próximo do que o aconselhável. Quando pegou ritmo novamente depois da relargada, Charles abriu uma boa vantagem sobre Max, corroborando com as expectativas de que a Ferrari tinha um ritmo muito forte em Austin. Sainz chegou a relatar problemas e até um cheiro de combustível dentro do cockpit, mas se manteve sempre próximo de Max, enquanto a dupla da McLaren fazia uma corrida para lá de discreta. Enquanto haviam algumas brigas no pelotão intermediário, os primeiros colocados se mantinham estáticos, esperando para a primeira rodada de paradas, onde o undercut em Austin faria muita diferença. Sainz parou já nas proximidades da metade da corrida e como o espanhol saiu dos pits com pneus duros após largar com os médios, a estratégia para todos era clara: uma única parada.

Traumatizado pelas costumeiras bobagens que a Ferrari fez nos últimos tempos em termos estratégicos, Leclerc se preocupou com o momento de sua parada, mas nada pôde impedir a vitória do monegasco, que se igualou à Norris com três vitórias no campeonato e ainda sonha com o vice-campeonato. Na verdade, Charles está mais próximo de Lando, do que Lando está de Max. A parada cedo de Sainz valeu a pena, pois com Verstappen mais preocupado em marcar Norris parando mais tarde, o espanhol emergiu confortavelmente na frente de Max e completou uma bela dobradinha da Ferrari na tarde texana. Porém, o último lugar do pódio ainda teria disputa.

A dupla da McLaren retardou ao máximo sua parada e quando Norris saiu dos pits 6s atrás de Max, essa vantagem evaporou-se rapidamente. Verstappen não tinha o mesmo desempenho com os pneus duros e a aproximação de Norris indicava para uma ultrapassagem tranquila do inglês. Matematicamente, chegar uma posição atrás de Norris não faria tanta diferença para Verstappen, mas assim como acontecera na Áustria, Max queria marcar território na luta contra Norris e transformou as últimas voltas do Grande Prêmio dos Estados Unidos nas mais tensas das últimas semanas. Inicialmente Norris tentou usar o DRS ao seu favor, mas Verstappen se defendia perfeitamente, colocando seu carro no lugar certo e cortando a frente de Lando em defesas fortes, mas longe de serem desleais. Norris tinha mais carro, mas lhe faltava o ‘instinto assassino’ de outros grandes campeões. A chance veio finalmente na volta 52, quando Lando apontou na reta oposta mais próximo.

Se na primeira volta Max não teve pudor em ficar no limite da curva por dentro, Norris preferiu usar a força do motor e do DRS para tomar a posição por fora. Um erro até mesmo juvenil. Verstappen freou tarde por dentro e como na primeira volta, ‘embarrigou’ a curva e ambos saíram da pista. Com mais ação, Norris completou a ultrapassagem, mas ficou a dúvida: Lando deveria ou não devolver a posição? A McLaren resolveu deixar como estava, enquanto a Red Bull contou com uma carta dentro da manga: Norris já tinha excedido os limites de pista mais de três vezes. Antes da bandeirada, sem muito tempo para Norris abrir os 5s suficientes, foi anunciado a punição ao representante da McLaren, que desceu uma posição e perdeu mais alguns pontinhos preciosos no campeonato. Além de criar mais uma polêmica entre Max e Lando. Porém, um ponto fica em aberto: será que Max não poderia ter recebido o mesmo castigo de Lando pela manobra da primeira volta?

No campeonato, Max Verstappen sorri com a sua vantagem aumentando no momento mais agudo do campeonato e o neerlandês não demorará a fazer contas de quando poderá conquistar o Mundial de Pilotos. A Red Bull melhorou, sim, no final de semana em Austin, mas isso não fez com que Sérgio Pérez evoluísse suas atuações apáticas dos últimos meses, com o mexicano perdendo a sexta posição para Russell na última volta. Com a dobradinha da Ferrari e Oscar Piastri chegando logo atrás de Norris, a Red Bull viu sua desvantagem para a McLaren ficar estável, mas tem a Ferrari meros oito pontos atrás.

Com os italianos embalados e contando com uma dupla muito mais homogênea que a Red Bull, literalmente carregada nas costas por Max Verstappen, a Ferrari pode ultrapassar os austríacos nas próximas corridas. Para desespero de Marko e Horner, sem saber o que fazer com a falta de desempenho de Checo. Russell largou dos boxes pelo acidente na classificação e mesmo recebendo uma punição para lá de questionável, o inglês subiu para sexto, num final de semana muito melhor que o de Hamilton, que esteve simplesmente irreconhecível. Será Lewis já com a cabeça em 2025?

Na luta pelo melhor do resto, Nico Hulkenberg garantiu o oitavo lugar e bons pontos para Haas em casa, na semana em que a Toyota anunciou uma parceria técnica com os americanos. Ainda longe do envolvimento da gigante japonesa no começo desse século, não deixa de ser uma volta da Toyota à F1. Depois do veterano alemão, a turma jovem fez a festa. Liam Lawson fez em uma corrida o que Daniel Ricciardo não fez dezoito. Largando em último pela troca de motor, Lawson saiu com pneus duros, escalou o pelotão com galhardia, ultrapassou seu novo desafeto Alonso com maestria e quando colocou pneus médios, voltou à frente de Tsunoda, que ficou incrédulo com o undercut do neozelandês, que em sua primeira corrida em 2024, colocou a Racing Bulls nos pontos, à frente da sensação portenha Franco Colapinto.

O argentino da Williams não teve um sábado auspicioso, caindo logo no Q1 na classificação, mas Colapinto se recuperou muito bem na corrida, mostrando um ótimo ritmo e com uma estratégia parecida com a de Lawson, garantiu o pontinho derradeiro do dia. As boas atuações de Lawson e Colapinto só reforçam a necessidade de uma renovação no plantel da F1. Alonso se viu ultrapassado por dois pilotos com praticamente a metade da sua idade e com a Aston Martin esperando o mago Adrian Newey, se viu completamente perdido em Austin. Com um carro camuflado de McLaren, a Alpine teve esperanças com a boa classificação de Gasly, mas um péssimo pit-stop e a falta de ritmo significou mais uma corrida fora dos pontos. A Sauber… bom, a Sauber fez mais do mesmo.

Em mais uma corrida com polêmicas fora das pistas, a Ferrari surpreendeu a todos com um ritmo dominador e venceu mais uma em 2024, completando a primeira dobradinha nos Estados Unidos em dezoito anos. Apesar de Leclerc ter falado depois da corrida que ainda não perdeu as esperanças pelo título em 2024, o grande objetivo da Ferrari é mesmo o Mundial de Construtores e se manter esse ritmo, o time de Maranello tem todas as chances de pensar seriamente em título, além de receber Hamilton na melhor forma possível.

A McLaren teve um final de semana bem abaixo dos anteriores, onde não brigou pela vitória, fazendo com que Norris perdesse pontos para Verstappen na luta pelo título. Mesmo não vencendo desde junho, Max Verstappen deu mais um passo decisivo rumo ao tetracampeonato.

Abraços!

João Carlos Viana

JC Viana
JC Viana
Engenheiro Mecânico, vê corridas desde que se entende por gente. Escreve sobre F1 no tempo livre e torce pelo Ceará Sporting Club em tempo integral.

1 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    J.C. Viana

    para mim o mais estranho foi a queda de rendimento das Mclarens … acho que todos esperavam mais dela …
    Com relação ao campeonato, Max Verstappen deve estar feliz pois a sua gordura na liderança continua muito boa … pois quando gasta, gasta pouco e quando pode chega na frente de quem precisa chegar …
    Será que a Ferrari tem fôlego pra ganhar o Mundial de Construtores?

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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