Do Japão para 2013.

A Formula 1 pula da noite de Cingapura para a terceira aparição seguida do GP do Japão em Suzuka. Desde 1987 a F1 se encontra no traçado sinuoso de Suzuka, com dois lapsos em 2007 e 2008, para corridas em Fuji. No ano passado falei muito sobre a pista e sua história de consagração de campeões, mas esse ano a disputa do título está muito apertada para uma definição antecipada. Não teremos um piloto campeão, nem uma equipe campeã.

Mesmo em um ano de disputas tão intensas, os bastidores da F1 na última semana é que chamam a atenção. Em uma temporada que se desenhava para um cenário bastante calmo na troca de cadeiras, se mostrou surpreendente e desviou o foco da corrida desse final de semana.

O circuito de Suzuka não passou pelas pranchetas e computadores do senhor Tilke e por conta disso ele fica com o prefixo “clássico” na frente de seu nome. O veloz 8 estreou em 1987 com um vitória de Gerhard Berger. De lá para cá, as curvas de alta velocidade e a alta demanda técnica para os carros viu 6 vitórias de Schumacher, duas de Ayrton Senna, uma de Piquet e uma de Barrichello. Massa tem esperanças esse ano, a sequencia inicial de curvas, sem retas entre elas, não permite o resfriamento do pneus, então aquecer pneus não é desculpa.

Depois dessa sequencia de curvas, onde os motores precisam ser muito delicados e suaves na entrega da potência, a volta segue para trechos de alta velocidade e, até a linha de chegada, é pé embaixo em 90% do tempo. Muitas equipes guardam uma unidade nova para usar nesse momento do campeonato. Antes de chegar na linha final, ainda passam pela R130, uma curva a 300km/h que precisa de um carro bem ajustado para ser feita como seu fosse uma reta. Logo depois, uma grande freada e um carro com boa tração é fundamental para a entrada da reta.

Nas vitórias por equipes, uma vitória de Alonso ou Massa coloca a Ferrari (1987, 1997, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004) empatada com a McLaren (1977, 1988, 1991, 1993, 1998, 1999, 2005, 2011) com 8 conquistas.

Mas toda a beleza de Suzuka e toda a corrida promissora que temos pela frente ficou ofuscada pelas notícias da semana. Hamilton na Mercedes, Perez na McLaren, Schumacher parando. É muita informação que mexe com muito lugares sensíveis. Agora há disponível um lugar na Sauber, cobiçado. E muitas perguntas ficaram no ar. É quase uma loteria tentar adivinhar qualquer resposta. Vamos fazer uma lista?

Por que a Ferrari liberou um piloto da sua academia pra rival? Ele é ruim e a Ferrari sabe disso? Por que ele foi liberado e o contrato de Massa ainda não foi renovado? Na McLaren, por que não promover Paul di Resta que é tratado como queridinho dos prateados da Mercedes? Será que falta dinheiro no time inglês e um mexicano veloz e com bolso recheado são boas justificativas?

Desse monte de perguntas não há muito o que se comentar. Hamilton na Mercedes é uma aposta do inglês e da equipe. Particularmente fico aliviado de terem investido nele, suspeitava que o time iria encerrar o ano de 2013 aposentando Schumacher e fechando a fábrica. Me parece um “voto” de confiança que o time permanecerá mais tempo na F1. O que é bom para todos. Não acho Hamilton um mercenário, nem um playboy em busca de ser showman. Só acredito mesmo que ele vai ganhar mais, terá mais atenção e terá a sua “marca” mais valorizada. Vale lembrar que o time técnico da Mercedes é forte e deve ter no mínimo um carro decente para 2013. Será curioso ver Hamilton levando esse time a posições de destaque. Se conseguir, pode escrever seu nome na lista dos melhores da história, na lista dos grandes.

Como um certo alemão, que saiu de uma equipe bicampeã e foi para uma Ferarri aos pedaços. Infelizmente ele se aposenta mais uma vez. Isso mesmo, infelizmente. Schumacher não fez feio nesse retorno, não acredito no fracasso dele nesse retorno. Ele estava feliz. Sorria para as câmeras, era competitivo, andava no bolo, errava, acertava. É certamente uma pessoa diferente do gênio multi-campeão que liderou um time a números jamais imagináveis. Schummy não venceu, mas fez o que gostaria de fazer. E fechou seu discurso com uma impensável frase/declaração: “Aprendi que a derrota pode ser muito mais difícil e instrutiva que a vitória.” Confesse, você imaginava o Schumacher afirmando isso? Esse cara fará falta, ele deixa uma cadeira vazia que pode ser ocupado por um pé de pano com bolso cheio. Prefiro o ‘velho’ Schumacher na pista, trocando nome de piloto na entrevista e mais parecido com ser humano.

Agora é esperar a Ferrari anunciar Massa para 2013. E torcer para a Sauber ter um bom patrocínio para seguir com um bom carro. A Telmex jura de pé junto que continua com os Suíços, é esperar pra ver. Não devemos ter mais surpresas tão fortes quanto dessas semana. Talvez algum piloto da Force India que se mude por conta dos Petro-Doláres espanhóis de Alguersuari. Grandioso, só mesmo se a Ferrari mandar Massa pra Sauber e aprontar alguma surpresa. Improvável, não?

httpv://www.youtube.com/watch?v=-M1PcivMGu8
Kimi brilhante na sua vitória de 2005

Na sequencia do campeonato a Red Bull volta a preocupar Alonso na sua corrida pelo título. O carro austríaco consegue evoluir prova a prova contra um carro italiano que tem dificuldades de desenvolvimento. Além da competente temporada de Alonso no carro vermelho, a Ferarri agradece a troca de forças entre pistas que tem custado pontos dos adversários.

A McLaren vem, aparentemente, com o melhor carro desse final de ano. Será importante verificar o momento de Hamilton, se o foco continuará na disputa desse ano e se a equipe vai apostar nele ou dar uma sobrevida ao Button.

Finalmente a Lotus vai testar seu duplo DRS que promete resolver as classificações dos carros pretos. Se largarem bem, é possível brigar por um belo pódio. Kimi adora a pista e tem suas melhores exibições ligadas ao Japão.

Na turma do meio, todo mundo vem com atualizações. Sauber, Force India e Williams ainda tem alguma lenha para queimar. É um momento decisivo para essas equipes que brigam pelos pontos e classificações que rendam alguns dólares a mais no ano que vem.

Vale uma nota para as nanicas. Ninguém mais fala dela, ou falam em tom jocoso, de fim-de-feira. Mas alguém notou que elas não brigam mais com a faixa de 107%? Com esses orçamentos minúsculos para os padrões da F1, é uma vitória!

Em final de semana emocionante pela luta do título de 2012, onde tudo conduz para mais uma batalha apertada e cheia de variáveis, as notícias dos bastidores já nos deixam de olho no que teremos pela frente em 2013.

São grandes momentos desse esporte. Uma fase histórica.

Abraços,

Flaviz Guerra – @Flaviz

Informações da Pista
Dimensão: 5.807 km Voltas: 53 Distancia: 307.471 km Volta mais Rápida*: 1:31.540 – K Raikkonen (2005)	*Volta mais rápida em corrida