
12 KIMI ANTONELLI Andrea (ita), Mercedes AMG F1 Team W16, action, 16 LECLERC Charles (mco), Scuderia Ferrari SF-25, action, 04 NORRIS Lando (gbr), McLaren F1 Team MCL39, action during the 2025 Formula 1 Grande Premio de Sao Paulo, 2025 Sao Paulo Grand Prix, 21th round of the 2025 FIA Formula One World Championship from November 7 to 9, 2025 on the Interlagos, in Sao Paulo, Brazil - Photo Antonin Vincent / DPPI
Não foi preciso chuva ou uma overdose de Safety-Car para que Interlagos entregasse uma boa corrida de Formula 1. Sem maiores artificialismos, houve entretenimento e ótimas atuações individuais resultando numa grande corrida em Interlagos nesse domingo. Por mais que se fale de um moderno autódromo no estado do Rio de Janeiro sendo projetado (mais um?), Interlagos tem que ficar no calendário da F1 por decreto. A corrida desse domingo foi mais uma prova disso.
Mesmo que Lando Norris não tenha dado qualquer chance aos seus adversários em uma atuação sem retoques do jovem inglês da McLaren, não faltou emoção atrás da McLaren de número 4, além de outra exibição de gala de Max Verstappen, que vai construindo uma ligação incrível com o circuito de Interlagos, mesmo o neerlandês não sendo capaz de ultrapassar um incrível Andrea Kimi Antonelli nas voltas finais.
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Na Sprint Race de Interlagos Oscar Piastri deu outra mostra que sua imagem de piloto frio derrete na mesma medida de que sua confiança. Depois de perder a primeira fila na
classificação da minicorrida, Piastri era um discreto terceiro colocado quando pegou uma poça d’água na curva do Sol e bateu seu McLaren, levando consigo Hulkenberg e Colapinto. O australiano saiu do seu carro com cara de pouquíssimos amigos, ainda mais com Lando Norris não tendo maiores problemas para vencer a Sprint Race. A classificação horas mais tarde não foi muito diferente, com Piastri não andando no mesmo nível de Norris e se contentando com uma apagada quarta colocação.
Na classificação, a Red Bull fraquejou e após uma Sprint Race bem medíocre, o time austríaco mexeu no acerto do carro de Max Verstappen, mas o carro piorou e pela primeira vez em anos o neerlandês simplesmente não conseguiu passar ao Q2, fazendo companhia ao seu companheiro de equipe Tsunoda, costumaz habitante dos desclassificados no Q1. Parecia que o final de semana de Max Verstappen estava liquidado, mas…
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A saída prematura de Marc Márquez da temporada 2025 da MotoGP, rescaldo de um acidente na Indonésia, fez com que a categoria entrasse numa espécie de fim de feira, com corridas como a desse domingo no espetacular circuito de Portimão, onde Marco Bezzecchi largou da pole e dominou a prova com facilidade. Ninguém parece animado em mostrar algo mais na categoria principal.
Já na Moto2 a situação é bem diferente. Única categoria com o título ainda pendente, a Moto2 está vendo o crescimento de Diogo Moreira no momento certo e sua chegada confirmada na MotoGP ano que vem deixou o brasileiro ainda mais relaxado. Largando da pole em Portimão, Diogo controlou bem os ataques do surpreendente Colin Veijer nas primeiras voltas, mas depois acabou ultrapassado pelo neerlandês. Conhecendo seu equipamento muito bem, Diogo esperou as últimas voltas para dar o bote em Veijer e mesmo tendo a incômoda presença de David Alonso, Moreira partiu para mais uma vitória em 2025 e praticamente colocar uma mão e meia na taça.
Manu González teve azar no sábado quando teve seu melhor tempo deletado e saindo apenas em oitavo, evoluiu apenas duas posições para deixar Diogo Moreira com 24 pontos de vantagem em 25 possíveis. O espanhol claramente está afetado psicologicamente, enquanto Diogo Moreira precisa apenas de uma 14º posição para se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial de motovelocidade.

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A meteorologia chegou a emitir um alerta de tempestade durante o final de semana paulistano, mas ao contrário do ano passado, quando o caos reinou em Interlagos, os três dias de programa em Interlagos não teve maiores sobressaltos com relação ao clima e todas as sessões ocorreram praticamente com pista seca. Isso não significou o fim da apreensão de equipes e pilotos com a estratégia correta a escolher, além dos pneus a serem utilizados nas 71 voltas da corrida. Num final de semana de Sprint, as equipes não tiveram muitas oportunidades de aprender o desgaste de pneus, mesmo que os pneus duros não estivessem muito adequados para Interlagos.
Depois de oito anos sem um piloto brasileiro em Interlagos, a simples presença de Gabriel Bortoleto no grid fez com que a torcida tupiniquim se animasse com o novato, que vinha fazendo uma temporada de estreia até o momento sem maiores senões. Contudo, Gabriel pareceu ter saído um pouco do prumo com toda essa atenção e o acidente grave que sofreu na última volta da Sprint não parecia um bom sinal.
Sempre centrado e raramente envolvido em problemas, Gabriel tentou uma manobra banzai sobre Albon na abertura da última volta, fazendo com que o paulista perdesse o controle do carro na pista úmida e sofresse a maior pancada do ano, destruindo seu carro e o tirando da classificação, apesar de todo o esforço da Sauber. Largando na última fila, Bortoleto entrou na corrida talvez apreensivo demais em mostrar serviço e isso acabou sendo decisivo para o pior final de semana, disparado, de Gabriel em sua estreia na F1.
Ficar lado a lado com Lance Stroll nunca foi um bom negócio e Bortoleto experimentou isso da pior forma ao ficar por fora do canadense no Bico do Pato. Freando na grama, a rodada foi inevitável e Gabriel acabou no muro, terminando sua primeira corrida caseira depois de pouco mais de 2 km. Uma estreia decepcionante e lembrando o quão mal fez à Antonelli seu “dia de recreio” em Ímola, que Gabriel Bortoleto, que sempre pareceu ter uma maturidade maior do que sua idade, se concentre mais na pista do que fora dela em sua próxima apresentação em Interlagos.

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O incidente de Bortoleto trouxe o único Safety-Car do dia e na relargada, Lando Norris mostrou a que veio com uma relargada inteligente e sem disposição a dar chance aos rivais mais próximos. Largando na primeira fila, o novato Andrea Kimi Antonelli ficou numa situação complicada na relargada onde era pressionado por Leclerc por fora e Piastri por dentro.
Precisando mostrar serviço após uma sequência ruim no campeonato, Piastri executou uma manobra audaciosa por dentro, mas Kimi fechou a curva por dentro, com Piastri
comprometido freando na zebra. O toque foi inevitável e quem acabou pagando o pato foi Leclerc, que foi acertado por Antonelli e quebrou a sua suspensão dianteira.
O piloto da Mercedes incrivelmente permaneceu na pista e perdendo apenas a sua posição para Piastri. Por mais que fosse claro que Antonelli tenha feito a curva de forma como se Piastri não estivesse ali, os comissários puniram o australiano da McLaren em 10s, destruindo tanto a corrida como muito provavelmente também o campeonato de Oscar. Já com o mental fragilizado, Piastri sequer andou próximo de Norris, numa tentativa de fazer o australiano recuperar terreno. Lando Norris esteve simplesmente imparável nesse final de semana. O inglês liderou todas as sessões do final de semana e numa corrida sem erros, Norris venceu pela sétima vez em 2025 e pela primeira vez “varrendo” o final de semana, com os pontos da vitória na Sprint. Ninguém tem dúvida da capacidade de Lando Norris em ser rápido, mas fica a pergunta: porque ele não fez isso antes?

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Com Piastri ficando 10s parado no seu pit-stop, a briga pela segunda posição parecia que seria animada entre a dupla da Mercedes, mas lá de trás, saindo do pit-lane, o “craque” do jogo fazia outra corrida monumental. O ritmo de classificação da Red Bull tinha sido tão ruim que o próprio Max Verstappen falou que o título já tinha ido embora, todavia, Max ganhou forças com a chegada de domingo e se a vitória não veio como no ano passado, a exibição de hoje foi tão impressionante como a de 2024.
E o início de Max não foi dos melhores, pois ele teve um pneu furado nas primeiras voltas e com isso ele caiu para último novamente após o fim do SC Virtual. Foi o início de uma saga onde Max Verstappen tinha um ritmo de corrida parecido apenas com o do líder inconteste Lando Norris. Max foi ultrapassando quem via pela frente, não importando se o piloto à frente estava com pneus macios, pneus médios, pneus novos, pneus usados ou no meio de um trem de DRS. Verstappen subverteu a lógica com uma pilotagem sublime e rapidamente já se encontrava na luta pelo pódio, principalmente quando ficou claro que a ordem do dia seria a estratégia de duas paradas. Com a eliminação no Q1 no sábado, Max tinha mais pneus novos à disposição e quando todos pararam à sua frente, o neerlandês, que chegou a liderar poucas voltas saindo do pit-lane, tinha pneus macios novinhos para atacar a dupla da Mercedes. Max não tomou conhecimento de Russell, mas encontrou uma oposição ferrenha de Andrea Kimi Antonelli, um dos grandes destaques do final de semana. O italiano teve uma oscilação em seu ano de estreia, principalmente após o recreio em Ímola, mas Kimi voltou a performar nas últimas etapas e em Interlagos, em particular, Antonelli teve seu primeiro final de semana onde superou com clareza Russell, inclusive com um segundo lugar na Sprint. Porém, Antonelli teria pela frente um Max Verstappen cheio de confiança em seu cangote nas voltas derradeiras e o piloto da Mercedes se comportou de forma magnífica, resistindo aos ataques de Verstappen com pouquíssimos erros, no que pode ter sido seu batismo de fogo na F1.
O terceiro lugar não apagou a corrida estupenda de Max Verstappen, mas sua situação no campeonato ficou bastante complicada, agora 49 pontos atrás de um Lando Norris confiante e “dono” da McLaren, ainda o melhor carro da F1 atual. Após a punição Piastri não fez mais nada e afora uma pressão sobre Russell nas duas voltas finais, o australiano pouco apareceu, terminando em quinto lugar e vendo a diferença que o separa para o companheiro de equipe subir de um para vinte e quatro pontos. Como Max ainda é uma ameaça, não seria surpresa a McLaren pedir a Piastri exercer a função de segundo piloto, algo que Verstappen não usufrui.
Tsunoda vai enterrando sua carreira dentro da Red Bull com outra corrida desastrada, onde bateu em Stroll de forma bisonha, falhou em cumprir a consequente punição e terminou em último, quase um minuto atrás de Verstappen.

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A Ferrari teve um dia para esquecer, com Leclerc sendo vítima do toque entre Piastri e Antonelli e Hamilton fazendo outra corrida horrorosa, onde largou mal, foi tocado na primeira curva e na tentativa de se recuperar rapidamente, Lewis bateu na traseira de Colapinto de forma não condizente para um piloto com experiência dele. Com o carro todo remendado, Hamilton recolheu e a Ferrari zerou em sua passagem pela América do Sul, complicando-se na briga pelo vice-campeonato no Mundial de Construtores.
Se serve de consolo, a Ferrari vê seu piloto Oliver Bearman fazendo provas cada vez mais consistentes pela Haas e se consolidando como um dos destaques da turma dos novatos. Após o quarto lugar no México, Bearman foi sexto em São Paulo, mais uma vez sendo o melhor das equipes intermediárias, contudo, o jovem inglês chegou 23s à frente do próximo carro, de Liam Lawson, sem contar que foi muito mais veloz que o seu já experiente companheiro de equipe, Esteban Ocon, que não pontuou.
A Racing Bulls fez uma corrida consistente, com ambos os pilotos nos pontos e Lawson segurando uma fila de carros atrás de si e o time satélite da Red Bull marcando pontos importantes. Se Bortoleto teve um final de semana problemático, Hulkenberg navegou em mares tranquilos e pela primeira vez no ano avançou ao Q3, terminando a corrida nos pontos, superando o surpreendente Pierre Gasly, que foi capaz de levar a decadente Alpine aos pontos pela segunda vez no final de semana. Mesmo com uma pintura bonita, a Williams mal apareceu e a Aston Martin foi muito bem na Sprint, mas como normalmente acontece nos finais de semana, o time esmeraldino vai perdendo ritmo no sábado e ainda mais no domingo.
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Foi uma bela corrida em Interlagos, como normalmente acontece e se não teve o caos do ano passado, não se pode negar que não faltou entretenimento. E ótimas exibições. Lando Norris deu um belo passo rumo ao seu primeiro título e as defesas de Antonelli podem ter sido decisivos, pois Norris pode tirar Max Verstappen da contenda já na próxima corrida, em Las Vegas.
Piastri está no meio do caminho entre Norris e Verstappen, mas somente uma remontada histórica do australiano o salva nesse campeonato. Mesmo com o campeonato ficando cada vez mais difícil, Max Verstappen mostrou novamente que é o melhor piloto do pelotão atual. E com sobras!
Abraços!
João Carlos Viana
1 Comments
J. C.viana,
Vou um pouco de encontro a sua coluna, quando vc diz que a corrida foi boa … eu não achei a corrida boa … longe de estar a meu ver no top 10 das últimas provas que tivemos em Interlagos nesses últimos 10 anos … em boa parte dela foi aquela corrida chata versão fórmula 1 2025 … tivemos outras corridas mais chatas sim nessa temporada, mas creio que a reação do Verstappen no último quarto da corrida é que seu uma animada.
Quanto ao Bortoleto, nem em seus piores sonhos ele poderia imaginar em ter o final de semana tão trágico, ainda mais em Interlagos. Mas ele é bom e vai dar a volta por cima.
Diogo Moreira está prestes a ser o primeiro brasileiro campeão na moto gp … algo que se acontecer será sensacional … assisti a corrida e ele foi cirúrgico … fiquei emocionado …
É fica a minha pergunta : como achar boa corrida em Interlagos, depois do show que vi o Diogo Moreira dar na pista?
Fernando Marques
Niterói RJ