Entre listas e rankings

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Listas e rankings fascinam. Eles têm a capacidade de ordenar, aclamar, tornar-se referência, ser um norte para determinar, enfim, quem está por cima, quem está por baixo.

Listas e rankings fascinam. Eles têm a capacidade de ordenar, aclamar, tornar-se referência, ser um norte para determinar, enfim, quem está por cima, quem está por baixo. Lembro muito bem as primeiras palavras que usei no primeiro texto de ranking que escrevi. Foi no Top Ten de pilotos que eu e meu irmão Márcio Madeira fizemos sobre os pilotos na temporada 2008: “Algumas pessoas enxergam nas listas um estopim para discórdias”.

Isto é fato. Quebra-se muito pau e arma-se muito barraco diante da impossibilidade de existir consenso mínimo, sejam as discordâncias bem fundamentadas ou não. Mas o parágrafo continua: “Há, porém o outro lado, no qual se deve acreditar, de que as listas, ainda que de um modo subjetivo e muito pessoal, tentam, através de argumentos consistentes, mostrar muito além da frieza de uma reles tabela de classificação”.

Como eu referi, as listas devem apresentar argumentos consistentes. Devem ter profundidade. E devem estar abertas a discórdias.

Meu amigo e colega Thiago Arantes, da grande referência esportiva ESPN, profissional competentíssimo que conheci no mesmo dia em que conheci o Márcio num já longínquo setembro de 2006, criou semana passada um extenso e trabalhoso ranking da Fórmula 1, em que determinou, através de uma fórmula matemática, com pesos para cada item de um cartel (títulos, vitórias, poles etc.), uma ordem entre todos os vencedores de F1.

Os cinco melhores foram: 5º – Vettel (671,4 pontos); 4º – Prost (892,7 pts.); 3º – Senna (923 pts.); 2º – Fangio (1157,8 pts); 1º – Schumacher (1653,6 pts).

O ranking teve imediata repercussão na internet. Claro, muita gente escreveu muita asneira, argumentos “inargumentáveis”, intolerantes. Nesse ponto, claro, estou totalmente ao lado do meu amigo Thiago, que confessou já estar realmente preparado pra ser criticado.

Temos que levar em consideração que o Brasil passou anos e anos difundindo esportes para o público apenas torcer pelos brasileiros, num nacionalismo vazio e idiota que vem desde a ditadura Vargas (se é que não veio antes) e foi turbinado por nossa ditadura militar, como também pelos interesses das emissoras de televisão em manter o futebol como esporte-uno da nação – justamente a modalidade que nos tornou campeão-mundial-de-alguma-coisa e que teria acabado com nosso complexo de vira-latas.

Um cenário desses, claro, faz estrago no inconsciente coletivo. Temos uma cultura futebolística, mas não uma cultura esportiva, num sentido mais abrangente. No geral, a triste realidade é a que muitos brasileiros não sabem apreciar os esportes; só torcem por brasileiros. Vôlei, tênis, judô, atletismo, basquete? Só com brasileiro disputando a vitória. Do contrário, não rola.

Com a Fórmula 1 também foi assim. O interesse geral pela modalidade só começou vinte anos depois de sua criação, com as vitórias do Emerson. E depois ainda tivemos a tremenda sorte de ver despontar dois monstros nas figuras de Piquet e Senna arrasando nos anos 80 e começo de 90. E todos ficaram um tanto “mal-acostumados” com essa história de piloto brasileiro ganhando tudo – como se o país, por isso, fosse melhor que os outros de alguma maneira.

A emissora que tem os direitos de transmissão também ficou mal-acostumada. Sempre apostou nesse nacionalismo oco, sem se importar com a cultura da apreciação da F1. Convenhamos: era moleza, todo mundo assistia. Era só entrar com transmissão 10 minutos antes da largada, narrar torcendo o tempo todo, tocar ao fim da corrida o Tema da Vitória, porque Piquet ou Senna ganhou, e fechar a transmissão com pódio. Mamão com açúcar.

Agora esse modelo anacrônico vem cobrar a conta, em forma de audiências cada vez mais pífias e cobranças ilógicas nos ombros dos pilotos que nos representaram a partir de Imola 1994. Temos em Vettel, Alonso, Hamilton, Button, Räikkönen e Cia. uma geração fantástica disputando vitórias e poucos são os que apreciam esse fato. Preferem tacar pedra no Massa, dizendo que ele é lerdo, ruim, fraco etc. Só posso lamentar por quem faz isso.

Felizmente, escrevo para um site em que a imensa maioria dos leitores soube transcender e se livrar do nacionalismo boboca, para apreciar a Fórmula 1 – e demais modalidades do esporte a motor, como Indy, MotoGP e Endurance. Não importa de qual país o cara veio, pô: importa o que o cara faz na pista. E ponto. Já escrevi que o público do GPTotal tem maturidade para discutir o esporte a motor com discernimento e um respeito muito grande com a opinião alheia. Dediquei minha última coluna de 2012 a este tema.

Uma vez observado o público e o cenário brasileiro em um plano geral, voltemos ao ranking do Arantes. Como mencionado, ele é exclusivamente baseado em números. Ora, por mais “polêmico” que o ranking seja, “os números não mentem”. Eles estão lá, imutáveis, irreversíveis, para todos consultarem. E apontam categoricamente que Michael Schumacher foi o melhor piloto de todos os tempos. Ainda antes do ranking, Arantes já era um defensor que alemão foi o maior de todos, mesmo que não tenha levado em conta sua preferência pessoal neste trabalho.

A lista é dele. A metodologia idem. Ele fez um trabalho sério, com opções próprias. Isso traria um ponto final. Mas não traz. E aqui fica minha discordância.

A pergunta é: qual a importância dos números quando vamos analisar o esporte? Minha resposta é que números devem ser sempre coadjuvantes, jamais podem ser os atores principais.

O próprio Arantes considera seu trabalho como “ranking objetivo”. Mas não é porque é numérico que um ranking pode ser classificado como objetivo. A objetividade fica restrita à equação matemática usada – é aquela e pronto. Mas é um trabalho que estipula pesos e critérios, que ele próprio reconhece serem subjetivos. A individualidade continua preponderante, uma vez que sabemos que mesmo a matemática nos traz algumas aberrações, as aberrações estatísticas. Para quem me conhece, sabe que, a despeito do inegável e abundante talento, considero Schumacher uma aberração estatística, e uma prova cabal de que em análises não devemos nos ater a números em primeiro plano.

É uma ilusão crer que números representam o único modo “seguro” de respaldar afirmações categóricas e de ser “objetivo”. Esse ranking é tão subjetivo quanto todos os outros. Os números existem. Mas sempre teremos que saber como eles são compostos. E a única forma de fazer isso é ir além dos números.

O ranking deu um tremendo trabalho para ser calculado (tiro meu chapéu pelas horas e horas na mesa de trabalho), mas não aprofunda a análise: fica no raso dos números. Se fosse possível resolver tudo em uma fórmula matemática, ninguém precisaria escrever mais nada. Não estou dizendo que o ranking não serve para nada: serve para dizer que, em uma determinada fórmula estritamente matemática, que leva em consideração uma metodologia específica, a ordem de pilotos seria esta. E é só.

Em meu ponto de vista, as listas devem justamente fazer o contrário: nos livrar da frieza das tabelas de campeonato e cartéis, pois nem sempre os números traduzem aquilo que acontece nas pistas. Em meu texto Microcosmo, com o qual tentei explicar com minhas palavras como eu enxergo o automobilismo, escrevi que os números são “uma tentadora, trivial e capciosa forma de comparar competidores”.

Sou categoricamente contra a discussão de “melhor de todos os tempos”, de “ranking de todos os tempos”. Ela é extremamente infrutífera e inconclusiva. Podemos até elencar os pilotos com maior importância histórica. Mas com a consciência de que há muitas variáveis em jogo. Cada temporada apresenta condições específicas e cobra habilidades igualmente específicas. Se eu mesmo proponho que a F1 deve ser dividida em sete eras, de acordo com a engenharia de cada período, como colocar todos num mesmo balaio? Não vejo meios científicos para isso.

A dinâmica de críticas e respostas a partir deste tipo de material cria a desconfortável impressão de que meu amigo Thiago criou essa lista apenas para “causar”, se impor como “dono da verdade”, obter repercussão, fazer seu nome diante do público e depois destilar ironias em quem não concorda com ele. Sabemos que tem muita gente que faz isso – creio que não seja necessário citar nomes.

Mas não se enganem. Antijornalismo e desserviço não é do feitio do meu amigo Thiago. Ele é um apaixonado por números do automobilismo, e queria traduzir isso em seu ranking próprio. Não é do tipo apaixonado por números de clicks, pageviews ou cifras. Felizmente.

Aquele abraço!

 

Lucas Giavoni
Lucas Giavoni
Mestre em Comunicação e Cultura, é jornalista e pesquisador acadêmico do esporte a motor. É entusiasta da Era Turbo da F1, da Indy 500 e de Le Mans.

21 Comments

  1. Moy disse:

    Como diria um antigo professor: Número é a coisa mais manipulável do mundo. Até mais que as pessoas. Basta perguntar a um contador, quanto é 2 + 2. Ele responderá: Quer que dê quanto?.

  2. Lucas disse:

    Em tempo: acabo de reparar como foi que o Arantes fez a “mágica” de colocar Schumacher em primeiro num ranking que leva em conta o número de GPs. É que não apenas ele utiliza pesos completamente arbitrários para os quatro critérios que usa (campeonatos, vitórias, poles e pódios): após fazer a soma inteira e antes de dividir pelo número de GPs, ele simplesmente *multiplica novamente* a soma ponderada por ela própria! Acho que se havia alguma dúvida de que a “fórmula mágica” foi claramente manipulada cuidadosamente de forma a posicionar os pilotos da forma que ele mais gostaria, acho que não há mais espaço para dúvidas.
    Ah, e para quem tiver curiosidade, eis o que aconteceria no topo da tabela se a tal fórmula não tivesse a bizarrice de multiplicar de novo o total por ele mesmo antes de dividir pelo número de GPs para forçar o Schumacher na primeira posição: Fangio, como seria de esperar, venceria disparado, com uma média de 4,7. Em segundo estaria Ascari, com 3,6, e em seguida Jim Clark, com 2,8, Vettel com 2,45 e Senna com 2,39. Só depois de todos esses viria Schumacher, com 2,22.

    Quando um bom cientista vê um modelo que não parece fazer sentido, ou ele abandona o modelo ou procura entender porque o seu modelo não parece reproduzir a realidade (todo fã da história da F1 saberia explicar facinho o porquê do ranking ficar assim). O mau cientista faz uma “gambiarra” no modelo para que ele pareça correto. O péssimo publica a gambiarra e alega se tratar de um modelo objetivo e confiável.

    Que feio, Arantes.

  3. Cassio disse:

    “Lista apenas para “causar”, se impor como “dono da verdade”, obter repercussão, fazer seu nome diante do público e depois destilar ironias em quem não concorda.
    Tá falando de mim, bonitão?” (by Flavio Gomes)

    hehehehe

    abraços

  4. Depois de tudo que já foi dito, fica até difícil acrescentar qualquer coisa de valor.
    Mas, concordando com o que disseram os amigos, eu acho importante salientar também que sob o mesmo conceito de automobilismo existem vários desafios e objetivos específicos.
    Existem, por exemplo, corridas sem repetição, como o Dakar ou o Sertões, e as antigas provas entre cidades. A criação dos autódromos gerou uma nova fórmula de pilotagem que se inicia numa fase instintiva, passa pela experimentação e termina num processo de repetição próximo ao limite encontrado.
    No entanto tudo isso muda conforme as condições do clima, o tipo de asfalto utilizado, ou a quantidade de voltas envolvidas na competição. Trocando a teoria pela prática, nós podemos dizer, por exemplo, que com pneus de classificação, clima variável ou pistas de rua, Ayrton Senna era muito superior a Alain Prost. Já em autódromos estabelecidos, com clima constante, e um acerto ideal dos carros, tanto Prost quanto Nelson Piquet muitas vezes mostravam força superior.
    Tudo isso porque cada um deles apresentava desempenho melhor em cada um dos muitos critérios que determinam a competitividade de um piloto (ou um conjunto, quando consideramos a capacidade para desenvolver e acertar carros). Então, os números não irão flutuar apenas conforme a competitividade de cada carro em cada fase do ano, mas também conforme as condições apresentadas aos pilotos a cada ano.
    Se o calendário tivesse apenas corridas em Mônaco, Senna seria eternamente favorito. E se a F1 corresse apenas em Silverstone, muitos poderiam dizer que Barrichello era mais completo do que Schumacher.
    Digo tudo isso não para defender que um piloto seja melhor que outro, mas apenas para mostrar que pilotos são melhores ou piores em áreas específicas, e que ampliar essa constatação para um veredito geral passa unicamente pela escolha subjetiva a respeito de quais os critérios ou quesitos mais importantes.
    E essa é uma ponte que, de forma frustrante para muitos, a ciência simplesmente não tem como ultrapassar.
    Abraços!

  5. wladimir duarte sales disse:

    Lucas, sobre o nacionalismo idiota tenho algo a acrescentar: Sua análise foi correta, especialmente quanto à F1. Mas mesmo que o representante do Brasil não possa ser vitorioso como era quando foi candidato ao título em 2008 poderia pelo menos ser um pouco mais combativo. E também deveria levar em conta que quando se submete à condição de segundo piloto (pra não dizer escravo) é como atestar que seus compatriotas tem que se submeter à eterna condição de coadjuvantes, servos ou até escravos no cenário mundial. Eu acredito que também existe o jogo de poder numa coisa que muitos consideram banal como esportes. Hegemonias não duram pra sempre, mas lhe pergunto se é justo o representante brasileiro na F1 transformar derrotas em humilhações para seu povo só pra cumprir contrato?

    • Lucas Giavoni disse:

      Caro Wladimir,

      A resposta à sua pergunta é bastante simples e um tanto egoísta: Felipe Massa corre para… Felipe Massa. Não para representar o Brasil. Pilotos não correm para representar seus países – isso morreu na Copa Gordon Benett de 1905 (última corrida em que pilotos e carros eram 100% nacionais, formato que provou ser simplesmente inviável). Eles estão lá como pilotos profissionais de competição, fazendo suas carreiras. Simples assim.

      É fato que vez ou outra eles façam uma apologia ao nacionalismo, especialmente quando correm em seus respectivos países. Senna, por ser uma figura tão forte, chamava para si a responsabilidade de “correr pelo país”. Mas era uma pessoa com personalidade e talento mais que suficientes para abraçar essa “causa” que, num olhar mais crítico, não era sua. E muitos foram em sua “carona”, sendo Barrichello um caso típico.

      Mas daí dizer que a condição de Felipe Massa é ruim para o país, enquanto representação, não tem a mesma intensidade. É ruim principalmente para a reputação do Felipe.

      Claro, num plano mais abrangente, vamos dizer que Felipe subjugado é ruim para os negócios da detentora dos direitos de transmissão e sua audiência capenga que perde pro Pica-Pau. Mas daí vamos lembrar que essa instituição é aquela mesma que exaltou nacionalismo vazio por anos e anos, sem se preocupar em “fidelizar” seu público através da difusão da F1 como cultura automobilística, não como um programa de TV para se torcer pelo Brasil. Deste modo, é azar de Massa, é azar da Platinada – e não do público brasileiro, que não deve se sentir humilhado por isso. Deve, sim, curtir Vettel, Alonso, Hamilton e toda essa galera porreta.

      Abração!

      Lucas Giavoni

  6. Fernando Marques disse:

    Amigos,

    quando alguém se propõem a criar uma formula para definir quais foram os maiores de todos os tempos pode ter certeza não vai conseguir traduzir toda a verdade, por melhor que a formula seja. Isto acontece por que a evolução do esporte não permite ter esta formula perfeita..
    Mas qualquer que seja a formula os numeros vão sempre apresentar resultados semelhantes com Schumacher, Fangio, Senna, Prost no topo …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  7. Lucas disse:

    O grande problema, em se tratando de esporte a motor, é que os números não levam em conta algo extremamente óbvio que distorce a esmagadora maioria das tentativas de ranquear pilotos por fórmulas matemáticas simples: eles não levam em consideração as *condições* que cada piloto tinha ao conseguir tais números. Coloque qualquer um dos atuais campeões (e temos um grid com vários) numa Marussia e eles provavelmente sequer pontuariam. Ao mesmo tempo, um Bianchi numa Red Bull provavelmente conseguiria ótimos resultados. Simples assim. Se Fórmula 1 fosse um esporte em que não houvesse equipes e que antes de cada largada cada piloto recebesse um carro igualzinho ao dos outros competidores, aí sim, daria para avaliar algo com base apenas nos números. Mas não é assim. Schumacher é um bom exemplo disso – ninguém nem de longe chega perto do seu número de vitórias e títulos, mas, não por coincidência, também nenhum piloto na história da fórmula 1 chega perto dele na quantidade de corridas em que tinha o melhor carro do grid, correndo em situação de primeiro piloto. Não bastasse isso, os projetos de Rory Byrne estavam muitíssimo à frente de praticamente todos seus contemporâneos em termos de confiabilidade – não adianta muita coisa ter o carro mais rápido do grid quando ele vive quebrando, que o diga Kimi Räikkönen em 2005 ou Hill em 1995.

    Logo, não faz qualquer sentido chamar de “objetivo” o ranking de Arantes, pois basta verificar os resultados obtidos por Schumacher quando não dispunha de condições ideias para ver que ele fica abaixo não só de outros da lista como Fangio, Senna e Prost, mas também de outros pilotos mais recentes como Alonso (Schumacher jamais foi capaz de fazer algo minimamente próximo do que Alonso fez em 2012, por exemplo).

    E preciso dizer que me incomoda profundamente essa postura de fazer crer que qualquer coisa que contenha “fórmulas matemáticas” tenha mais credibilidade. Veja que não sou nenhum crítico dos números – pelo contrário, trabalho com fórmulas e modelos matemáticos diariamente, e por isso mesmo acho um absurdo a sugestão do Arantes. Qualquer cientista que se preze aprende logo no início da carreira uma noção importantíssima: modelos estatísticos só se aplicam a conjuntos de dados *em condições iguais ou muito similares*. Imagine que uma empresa farmacêutica resolve testar os efeitos de uma nova molécula e, para isso, a administra para um conjunto de dez ratinhos, enquanto outros dez não recebem a mesma, e descobre-se que o primeiro grupo vive o dobro do tempo em média. Parece ótimo, não? Mas e se os primeiros dez ratinhos viviam em excelentes condições, com comida e água farta, ambiente com temperatura bem controlada, enquanto os outros dez só se alimentavam a cada dois dias, as gaiolas nunca eram limpas, e ficavam 24h por dia ao lado de um motor barulhentíssimo. Nesse caso, faria sentido que foi a nova molécula que causou a diferença de longevidade entre os dois grupos? Pois então, trata-se exatamente da mesma coisa. Basta aplicar os critérios do Arantes para a temporada de 92 por exemplo para ver o quanto o critério é furado – alguém em sã consciência considera Mansell e Patrese pilotos melhores que Senna e Schumacher?

    Isso não significa que seja impossível comparar resultados provenientes de condições diferentes. Pelo contrário, cientistas muitas vezes dedicam muitíssimo trabalho para obter boas fórmulas de “normalização”, justamente para levar em conta outras variáveis envolvidas. Mas francamente, é sério que o Arantes acha que para normalizar os dados basta multiplicar o número de títulos por quinze, o de vitórias por 3, o de poles e pódios por 1,5, somar tudo e dividir pelo número de GPs que “milagrosamente” vai conseguir ordenar todos os pilotos da fórmula 1? É tão grotesco que me admira que alguém tenha dado bola pra isso. Vejam que a única coisa que ele fez para sua “objetiva” fórmula matemática foi escolher alguns pesos completamente arbitrários – ou talvez não, pois me causa estranhamento quanto aos números escolhidos – qual o critério para usar números como 15, 3 e 1,5? Por que não 10, 2 e 1, 20, 5 e 3 ou qualquer outra combinação? Custo a acreditar que não tenham rolado alguns testes com valores diferentes pra tentar botar alguém mais pra frente ou mais pra trás – infelizmente isso é prática comum entre as pessoas que tentam “provar” teses usando equações completamente arbitrárias como é o caso dessa. Arrisco até um palpite: provavelmente esses números foram escolhidos a dedo só para colocar Schumacher acima de Fangio, pois, como se sabe, o argentino está na frente do alemão em todas as estatísticas percentuais: Fangio ganhou 47% de suas corridas (Schumacher 29%), fez 56% de poles (contra 22% de Schumacher), foi ao pódio em 68% das corridas (Schumacher em 50%) e foi campeão em cinco temporadas de sete disputadas completamente (Schumacher sete em dezessete), o que é ainda mais impressionante quando se lembra da absurda diferença de confiabilidade dos carros guiados por Fangio e aqueles que Schumacher teve à sua disposição. Isto é, pra colocar Schumacher acima de Fangio num ranking que leva em conta o número de GPs, é necessário, como dizem as más línguas “torturar os números até que eles digam a verdade”.

    E, obviamente, não preciso nem dizer que absolutamente nada na “fórmula” utilizada leva em conta as condições que cada piloto tinha, o que obviamente interfere muito mais que qualquer outro dos números utilizados. E vejo com tristeza ele querer fazer crer que as críticas ao seu modelo (que obviamente é completamente falho) seriam fruto simplesmente de preferências nacionais.

    O que eu acho uma pena (mas enfim, é um reflexo da falta de cultura científica da maioria da população) é que muita gente acha que basta colocar qualquer coisa na forma de uma “equação matemática” para que ela deva ser respeitada e não possa ser questionada. Ou que baste usar jargão científico para tornar algo respeitável (vide esses livros que vemos por aí sobre “cura através da quântica”, “poderes dos cristais”, etc.). Peço até desculpas por ser tão crítico, não conheço o Arantes e sei que ele pode inclusive ser uma excelente pessoa, mas a forma com que ele apresenta seus dados e, principalmente, seu texto ao defender seu ranking parece muitíssimo com o que se vê de pior em pseudo-ciência. Por conta disso, e pelos outros problemas que apontei aqui, eu não tenho como concordar quanto ao ranking ser “fruto de um trabalho sério”. O que pode muito bem não ser intencional, é verdade, e nesse caso, peço até desculpas. Mas se o Arantes de fato age de boa fé e realmente tem interesse em como utilizar critérios objetivos para comparar pilotos, acho que ele precisa se informar melhor. Isso está longe de ser fácil. Pra quem tiver curiosidade sobre o assunto, um sujeito chamado David Stadelmann dedicou um mestrado inteiro só para isso, e depois de utilizar rankings com os mais variados critérios, modelos muitíssimo mais rigorosos (nada de ficar atribuindo pesos completamente arbitrários) ainda assim a única conclusão que o autor afirmou com segurança era quanto a Fangio dever estar na primeira posição, pois a ordenação dos demais pilotos variava muito dependendo dos modelos utilizados. E olha que ele nem chegou a analisar profundamente modelos que levassem em conta o desempenho dos carros que, como falei no começo do texto, ainda é de longe o maior viés existente em qualquer comparação entre pilotos de fórmula 1. Por aí se vê o quanto o negócio não é simples.

    • Luigi Carlo disse:

      Depois dessa, só uma coisa a dizer: Lucas Epic Win !

    • Ballista disse:

      Caro Lucas;

      Concordo 100% com sua análise. Os modelos matemáticos sérios (criados e utilizados para fins de engenharia e pesquisa científica) são muito mais complexos e criteriosos do que um simples ranking elaborado com matemática de ensino médio. E como você bem observou, não duvido que os números tenham sido “torturados” para dizer a verdade que convém para o autor do ranking.

      Ainda assim, vale ressalva feita pelo Lucas Giavoni nos dois últimos parágrafos do texto. Muitas pessoas, apesar de estarem erradas, fazem um trabalho sério. Enquanto outros querem apenas criar polêmica, aparecer e gerar e page-views.

      Finalmente, entrando na onda do Luigi Carlo: Lucas wins! Flawless victory!

    • Lucas Giavoni disse:

      Sim, xará Bleicher. Brilhante comentário. Brilhante.

      Como relatei no texto, é necessário saber como esses números se formam, e a única maneira de saber isso é ir além dos números. Logo, os números devem ser coadjuvantes, não os atores principais.

      Também sou da ciência, e também me incomoda quando a metodologia tenta passar uma credibilidade que não sustenta. Números ficam no raso.

      É fato que muita gente escreveu muita asneira pro Thiago a respeito da lista – a maioria caindo no nacionalismo deletério meu mencionei. Mas é igualmente fato que há argumentos – e você foi excelente nisso – para contestar a lista, seus resultados e sua metodologia.

      Sempre tento escrever minhas colunas levando em conta minha formação: um entusiasta de automobilismo desde que me entendo por gente, um jornalista e um cientista da comunicação e da cultura.

      Essa fórmula eu certamente não vou abandonar.

      Abração!

      Lucas Giavoni

    • Bruno Wenson disse:

      O negócio não é simples, mas o autor do ranking não quis fazer nada complicado. Querer levar em conta o desempenho dos carros usados é querer que expliquem a influencia de Deus no cenário da História. Faça VOCÊ esse ranking, já que se deu ao trabalho de escrever tanto pra comentar o trabalho do Arantes. Sobre seu Fangio ter ganho 5 campeonatos em sete sugiro dividir os campeonatos de Schumacher em torneios de seis, sete ou oito corridas. Só em 2002 e 2004 ele teria ganho cinco ou seis. Schumacher disputou campeonatos de 16 e 17 e 18 corridas, e até um de 14, em 1994. Se Fangio tem 68% de pódios, é porque o carro era durável e confiável. Se ganhou metade do que disputou, é porque o carro era bom também.
      Faça a SUA relação com seus critérios e “condições que cada piloto tinha”. Vamos gostar muito de vê-la e apreciar seu trabalho. Não esqueça de colocar nisso a competência, genialidade e capacidade de trabalho das equipes que deram aos pilotos os carros e condições que cada um tinha.
      Aguardamos seu trabalho.

      Ate!!

      • Lucas disse:

        Bom, Bruno, o que dá pra extrair da sua mensagem é que você, também, precisa se informar melhor. É no mínimo estranho que você tenha se ofendido tanto por uma simples sugestão de que Fangio foi um piloto melhor e mais completo que Schumacher. Schumacher nunca foi uma unanimidade, nem mesmo no seu próprio país. E não é por pura “implicância”, é simplesmente porque apesar dele ser bom em muitos critérios, em outros é mediano e em alguns critérios chega a ser abaixo da média. Pra dar dois exemplos: quando lidou com carros de baixa qualidade ele fica muito abaixo não só de um Senna mas até de um Alonso, no que se refere a lidar com a pressão de decisões, ele chega a ser sofrível – em quase todas as vezes em que a decisão de um campeonato só aconteceu na última corrida do ano, Schumacher cometeu um ou mais erros graves. Já Fangio é praticamente unanimidade – tente achar um “ponto fraco” nele como piloto e eu só posso te desejar boa sorte na busca. Fangio fez “poucas corridas”? Elas parecem poucas só porque costuma-se registrar apenas as que contavam pontos para o campeonato mundial. Na verdade ele fazia várias corridas por ano, enfrentando os mesmos pilotos e carros que enfrentava nas corridas que valiam pontos. Nessas corridas, cujos rivais tinham a mesma determinação para vencer (se não valiam pontos, davam prêmios em dinheiro, o que era crucial para o sustento dos pilotos e manutenção das equipes numa época pré-patrocínios), adivinhe só – Fangio era tão brilhante como nas poucas que figuram como corridas “oficiais”. O que significa que, se os campeonatos de Fórmula 1 da década de 50 tivessem um número de corridas próximos aos da época de Schumacher, isso só comprovaria a superioridade de Fangio.

        Alegar que “se Fangio tem 68% de pódios, é porque o carro era durável e confiável” mostra um sério problema em relacionar causa e consequência. Não é o percentual de pódios ou de vitórias que indica se um carro é durável ou confiável, é o percentual de abandonos por falha mecânica. E veja só que curioso: a taxa de abandonos de Fangio na verdade é *maior* que a de Schumacher (Fangio abandonou 26% das corridas que disputou, Schumacher 22%). E não é só isso: sugiro que você visite qualquer um desses sites que armazenam dados sobre fórmula 1, veja a lista de abandonos de Fangio e procure por palavras como “collision”, “accident”, “spin”. Quantas encontrou? Pois é. Não bastasse a taxa de abandonos de Fangio ser maior que a de Schumacher, ele praticamente só abandonou por falhas mecânicas, enquanto uma parcela bem razoável dos abandonos de Schumacher foram por rodadas, choques com outros pilotos (alguns propositais), acidentes, etc – Schumacher é um piloto que sempre cometeu muitos erros, e ao contrário de outros pilotos que melhoraram com a experiência, aparentemente não foi o seu caso: ele se manteve assim desde o começo da carreira até 2006, e continuou cometendo erros graves na segunda carreira.

        Resumo da ópera: Percentualmente, Fangio foi mais prejudicado por problemas mecânicos que Schumacher, e ainda assim tem um percentual de vitórias e pódios significamente maior. Precisa dizer mais alguma coisa?

        • Leonardo disse:

          Lucas
          Discordo, Schumacher sempre se notabilizou por cometer poucos erros, quem acompanhou sabe.
          Sobre cometer erros em momentos decisivos, ele pode ter cometido, mas nos momentos em que ele não tinha o melhor carro.
          Porem se olharmos a carreira dele como um todo foram poucos erros e muita consistência.

        • Bruno Wenson disse:

          Sim, muita coisa! Sempre. Muito boas suas informações e considerações. Aprendo mais com coisas bem escritas assim. Acompanho F1 desde 94, e o material em português não é tão extenso. Raros livros e poucas revistas. O que aprendo mais vem de sites como esse. Não contesto suas colocações, apenas provoco para especificar mais a afirmação feita.
          As circunstâncias das quebras de Schumacher e Fangio dariam uma bela discussão. As trocas de carro em meio a corridas também. Imagine Barrichello ou Massa dando o carro pro companheiro no meio de uma corrida?…
          A quantidade de corridas de cada campeonato é um fator que sempre me incomodou.
          Assuntos pra um outro tópico, talvez.

          Valeu, Bleicher!

        • Lucas disse:

          Bom, Leonardo, eu acho meio complicado afirmar que Schumacher “sempre se notabilizou por cometer poucos erros”. Talvez estejamos confundindo a capacidade de fazer “voltas voadoras” seguidamente (esse sim um grande talento do alemão) com infalibilidade. Em pista limpa Schumacher realmente era muito bom. Mas nem só de pista limpa vive um piloto de fórmula 1 (e nem sempre se tem o melhor carro de forma a não precisar ultrapassar – Schumacher sempre foi meio “estabanado” pra fazer ultrapassagens, o que comumente levava a choques), e se formos analisar a carreira dele não é difícil perceber que ele era, sim, um piloto que errava muito – eu diria até que mais que a média entre os campeões do mundo (não vou nem voltar a comparar com Fangio porque é covardia, mas basta compará-lo, por exemplo, com um Alain Prost pra ver que tem gente bem melhor que ele nesse sentido).

          Também não faz muito sentido dizer que ele só errava quando não tinha o melhor carro. Primeiro porque achar que um piloto tem o direito de cometer erros graves se não tiver o melhor carro é o tipo do absurdo que só mesmo uma aberração estatística como a carreira de Schumacher explica – não há absolutamente nada na história da F1 que se compare à enorme quantidade de corridas em condições perfeitas – melhor carro e hierarquia de primeiro/segundo piloto, o que deixa alguns de seus admiradores tão, digamos, “mal acostumados”, que sugere que um piloto só pode ter sua qualidade discutida quando ele tem o melhor carro do grid, sendo que para a esmagadora maioria dos pilotos da história da F1 ter condições perfeitas é exceção e não regra. Segundo porque mesmo em carros excelentes Schumacher não deixou de cometer erros graves. Alguns exemplos clássicos, se restringindo só às temporadas em que tinha um carro excepcional: na Austrália em 94 errou sozinho e acertou o carro no muro (antes do famoso acidente que definiu aquele campeonato). Em San Marino 95 resolveu usar colocar pneu slick em pista úmida e não durou nem duas voltas na pista. No Canadá em 99 errou sozinho e se estabacou no “muro dos campeões”, abandonando ali mesmo. 2003 foi um festival de erros – tinha carro pra vencer a primeira corrida mas um erro danificou o carro, obrigando-o a ir pros pits, na Malásia acertou o Trulli e quebrou a asa dianteira, rodou e foi pro muro em Interlagos, bateu no Montoya na Alemanha, e no Japão a corrida foi um verdadeiro show de horrores, com direito a escapadas, asas quebradas (dele e de quem ele acertou), etc. Essa temporada é marcante porque mostra o quanto a superioridade dos carros pode compensar a qualidade: mesmo com todos os erros que cometeu ao longo do ano, Schumacher foi campeão em cima de um piloto que provavelmente só teve o carro com o melhor desempenho em uma única corrida (Nurburgring – e justo lá o motor dele estourou) e ainda assim ficou só dois pontos atrás na classificação final. Se o carro não era uma maravilha em 2005, o mesmo não se pode dizer de 2006, mas na Hungria o vimos cortando chicane para manter posição e finalmente enchendo a traseira do Heidfeld para abandonar a corrida.

          É óbvio que quando Schumacher tinha carros excepcionais sua taxa de erros foi menor, afinal é bem mais fácil evitar erros quando se pode ser mais rápido que todo mundo sem grande esforço. Mas pelos exemplos acima dá pra ver que ter bons carros nunca foi motivo para que Schumacher não cometesse erros. E mesmo que isso fosse verdade, não sei se seria mérito – na minha opinião, é nos momentos de dificuldade que vemos as qualidades de um piloto. Talvez por me guiar por esse critério que não considero Schumacher proporcional aos seus números.

        • Lucas disse:

          Pois é, Bruno, acho que essa é a grande maravilha do GPTotal, posso dizer ser medo de errar que aqui foi o lugar onde mais aprendi sobre história da F1, acompanho desde os tempos das “cartas” entre Eduardo e Panda, confesso que fiquei um tempinho afastado, mas agora continuo tendo gosto de ver as coisas por aqui.

          Sim, de fato informação nunca é demais, e seria interessante saber mais sobre as circunstâncias das quebras de Schumacher e Fangio. O que existe de mais notável é isso que comentei: praticamente inexiste abandono do Fangio causado por erro do piloto. Schumacher abandonou por uma variedade bem maior de abandonos e, como comentei, ele tem uma taxa de erros muito alta pra um multi-campeão.

          Quanto a essa questão de trocar carro, uma coisa que muita gente esquece é que as regras permitiam que um piloto cedesse seu carro a outro, mas a posição que valia é a do carro, não do piloto. Isso significa que quase sempre, nesses casos, o Fangio tinha um problema mecânico em boa posição, o companheiro cedia enquanto estava bem atrás, e ele tinha que remar desde a posição em que estava o companheiro, e não ele próprio na hora do abandono. O que obviamente significava quase sempre uma posição baixíssima – acho que o caso mais emblemático é o da Bélgica em 53, em que o Fangio teve um motor estourado enquanto liderava e seu companheiro Claes estava só em nono com o mesmo carro, o Fangio foi para os pits, pegou o carro dele, e levou o carro de nono para terceiro. Ou França 51, com Fangio perseguindo o líder Ascari no início da corrida, os dois abandonando e pegando o carro dos companheiros, e Fangio vencendo por um minuto de vantagem. Ou ainda Argentina em 56, Musso cedendo o carro ao Fangio quando estava em sexto, Fangio pegando o carro e vencendo a corrida, meio minuto à frente do segundo colocado. Por conta desses desempenhos (e também obviamente por ser um sujeito de caráter irretocável) é que mesmo seus rivais tinham respeito absoluto por ele.

          É algo completamente diferente de, por exemplo, o que aconteceu na Áustria em 2002: nessa corrida o Barrichello foi claramente melhor que Schumacher desde os treinos até o final da corrida e teve que abrir mão de uma vitória que à qual tinha total merecimento. No caso dessas trocas de carro, tratava-se em geral de um piloto que estava andando bem atrás, às vezes em posições que sequer davam pontos. A exceção foi Monza em 56, a famosa corrida em que o Collins tinha até chance de título, mas quando viu o Fangio desolado nos boxes enquanto os mecânicos tentavam inutilmente consertar o seu carro, não pensou duas vezes e falou pro Fangio pegar o carro dele. Por aí se vê o quanto ele era respeitado pelos seus pares.

      • Lucas Giavoni disse:

        Oi Bruno!

        Acabei sem saber para qual Lucas (se eu, Giavoni, ou meu xará Bleicher) suas reivindicações foram endereçadas, de modo que, se disser que foi pra mim, pensarei em uma resposta.

        Abração!

        Lucas Giavoni

        • Bruno Wenson disse:

          Era pro Bleicher, e ele respondeu bem. Esse assunto todo dá muito o que falar e escrever. Sobre Fangio, não há tanto escrito em português como de Senna e Schumacher e outros dos anos 70 até aqui. Assim, é difícil analisar todos os fatores e variáveis.
          Valeu, Giovani.

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