Olá Espanha! Tanto se esperava de Imola como o primeiro tradicional circuito da temporada europeia mas coube a você, Barcelona, a honraria de avaliarmos as forças da temporada!
Apesar de ter ainda mais um caminhão de provas pela frente, chegamos quase ao meio do ano.
Significa que times tem que começar a desenhar os carros do ano que vem e dividir os recursos internos.
Chegar em Barcelona, nessa altura do campeonato (belissimo e apropriado cliché), nos dará esperanças ou sono?
Importante é que temos a esperança repousando em vários personagens nesse proximo final de semana.
Do lado sonífero, mil perdões ao Sr. Sergio Perez. Um dia dizer que é concorrente ao título e no outro bater o carro na primeira parte do treino de classificação de Monaco? Não, não merece nem o vice-campeonato.
Era pra ter feito o Q1 tranquilamente, o Q2 um pouco mais agressivo, uma volta ok no Q3 e na última volta do Q3 arriscar tudo. Se você bate o carro nessa situação, até seu time entende. Afinal de contas, tá ali passando do limite pra tentar bater o bicampeão do mundo.
Mas bater depois de ter garantido o vigésimo lugar do grid, olha, só voltando para cama para dormir.
Perdeu-se uma chance de uma prova honesta. Bons pontos e uma chance de vencer num dia “menos bom” do Max.
Esperança mesmo é voltar a ver Barcelona sem aquela horrorosa chicane final antes da reta. Com o peito cheio de esperança é de se esperar que esses novos carros sigam seus competidores pelas duas curvas finais em uma perseguição alucinante até a freada no final da reta. Um clássico que mexe com a imaginação dos mais saudosistas.
Historicamente a corrida espanhola não é a das mais movimentas e com mais ultrapassagens, nos acostumamos a ver verdadeiras procissões em Barcelona. Depois de Monaco, a esperança é que isso mude um pouco.
Deixando de lado a tristeza, como o Sr Perez vai reagir nessa corrida? Nada melhor que uma prova seguida da outra pra não deixar espaço para especulações. Essa benesse tem seu preço: precisa da entrega correspondente.
Perez tem uma chance única. Improvável vencer Max? Em um circuito tradicional que deve cair como uma luva pra Red Bull, sim, é bem improvável. Mas um final de semana sem erros, andando próximo, já está de bom tamanho.
Nossos olhos esperançosos também pousaram na Mercedes e seu novo veículo. Altamente revisado e fielmente retratado (por todos os ângulos, literalmente) em Mônaco, carrega nas suas engrenagens a esperança de um povo. A teimosia da jornada ególatra da Mercedes pode ter custado um campeonato a mais aos prateados e Barcelona vem apontar os novos rumos da equipe.
Seria um milagre (não esperado) a equipe chegar à luta por vitória. Milagre não por dúvida da competência do time, somente pelo tamanho da distância que a separa das demais. Mais importante de tudo é coletar as informações nesse “restinho” de ano pra não construir outro carro “não-vencedor” para o ano da graça de 2024
Esperança é a última mesmo que morre, certo?
Na questão de atualizações há ainda uma outra via. Manter um ritmo mais constante e cadenciado de atualização, sem grandes rupturas para o desenvolvimento dos carros de 2024. Algo que a Red Bull fez do ano passado pra esse.
O raciocínio é simples: se essa é a direção certa, posso manter uma linha de evolução constante porque poderei usar tudo isso no carro do ano que vem.
Tem dois tipos de equipe que podem fazer isso atualmente. Obviamente a equipe que tem mantido mais de meio segundo de frente pro resto do pelotão e um grupo que já abandonou 2023 e só está pensando em testar na pista o carro para 2024.
Nesse segundo grupo temos a Mclaren. Assim que o carro entrou na pista para a primeira prova, o time descobriu que não atingiu nenhuma de suas metas propostas de performance. O time passa por uma grande reestruturação técnica e já em Baku trouxe um carro revisado. Para essa prova, mais algumas atualizações específicas para pista e mais uma extensa revisão prevista para estrear entre Áustria e Inglaterra. Se tudo caminha bem, mais uma atualização será preparada para o segundo semestre já pensando no carro de 2024.
A estabilidade do regulamento e o teto orçamentário são os dois fatores que promovem esse cenário. Certamente, sem o teto de gastos, a Mercedes já teria aparecido com um carro novinho em folha. Gastando todos os milhões necessários na empreitada.
Pra turma da Ferrari, o quadro de esperança a ser pintado é uma grande tela em branco. Começando pelos pilotos.
Não seria mágico um único final de semana sem batidas, rodadas, quebras de aerofólios? O que esses dois erram em treinos e corridas é digno de fazer Mick Schumacher parecer um veterano.
Passado esse ponto, as atualizações para o carro ficaram finalmente prontas. Vem suspensão nova para a traseira devoradora de pneus por aí! Se em volta lançada há algum brilho de competitividade, nas corridas a Ferrari “anda pra trás” por conta desse consumo excessivo de pneus e por estratégias bastante peculiares de parada nos pits.
Se o problema de ritmo de corrida for corrigido, há uma boa chance de termos alguma competição constante com a….. Aston Martin.
Aston Martin, empresa automobilística tradicional de propriedade de um pai esperançoso. Esperança não em melhora de vendas, esse pai sim espera alguma evolução de seu filho humano mesmo. Barcelona é a pista perfeita para Lance Stroll mostrar tudo que sabe e andar um pouco perto de Alonso. Que o jovem está na F1 por conta do dinheiro parental, ninguém duvida. Só que a diferença para Alonso é um abismo pouco justificável nas pretensões vencedoras da AMR.
Ninguém está pedindo para o Stroll se concentrar e ser um postulante ao título. Esperança demais é loucura. Só que ele precisa entrar num ritmo de execução de corridas mais próximo de Fernando e constantemente.
Até o momento, Lance tem sido a melhor plataforma publicitária do Alonso 2023. Está levando o carro ao pódio constantemente, ali na briga pelo vice-campeonato, dando dicas e instruções pro jovem menino e tudo isso com um humor finíssimo. Esperem só, nada é por acaso: Alonso vai cobrar caro na renovação ou numa briga por uma vaga em alguma outra equipe quando esse contrato acabar.
Se a RBR não tinha um carro que mostraria todo seu potencial nas ruas de Monaco, não há a menor esperança de disputa pela vitória numa pista que a própria Red Bull acha perfeita para seu carro.
Sim, num fato raro, a Red Bull soltou comunicado e falou em entrevistas que em Barcelona a turma do paddock poderia esperar ver um carro que se sente a vontade na pista. Seria prudente já começar as apostas de quantos carros irão terminar na mesma volta do líder.
A maior preocupação da RBR nesta semana foram as fotos do seu lindo assoalho nos céus de Monaco. O pessoal da Mercedes abriu o jogo e disse que sim, estão olhando no detalhe para cada centímetro de fibra de carbono ali disponível. Só pediu pra nós – fãs – não tentar fazer o mesmo pelas imagens da TV. Segundo ele essas imagens têm baixa qualidade e profundidade, a Mercedes (e demais equipes) tem alguns fotógrafos contratados e espalhados pelo circuito para trazer imagens melhores e mais detalhadas. A Mercedes chega a afirmar categoricamente que a caixa postal deles ficou lotada minutos após do voo da Red Bull graças ao excelente trabalho desses profissionais. Só não foi nota 10 de 10, ainda segundo eles, porque os competidores também receberam fotos do assoalho da Mercedes.
Será que alguém quer copiar o da Mercedes? Williams talvez?
Mesmo Barcelona não sendo um primor em criação de corridas espetaculares, há ainda muitas perguntas que nossos corações esperançosos aguardam respostas.
Talvez não sobre o futuro campeão, mas que ao menos a gente tenha grandes disputas para acompanhar na pista!
Abraços
Flaviz Guerra
1 Comments
Flavis,
a RBR está num outro patamar … as demais equipes podem até evoluir … mas chegar perto do Verstappen … não vejo esse cenário para a Formula 1 nesta temporada. Se chegarem perto do Perez vai ser em razão disso tudo que vc falou sobre ele na coluna …
Eu particularmente, não espero nada de Perez na RBR além de ser um bom escudeiro pro Verstappen … foi assim com Barrichello na Ferrari, Bottas na Mercedes …
Falando em Merceedes, me remete ao passado quando ela voltou oficialmente como umaequipe na Formula 1 no inicio da década de 2010 … mesmo tendo um motor campeão (seja na Mclaren ou na Brawn … ela penava com seus projetos e custou a vencer … vale dizer que Schumacher só conseguiu um podio na sua passagem na equipe (um 3º lugar), o que demosntrava que o carro era ruim … tenho a sensação que o mesmo acontece agora sob esse novo regulamento … até então as forças motrizes garantiam a sua hegemonia, a partir do momento que RBR (que sempre fez bons carros) conseguiu um motor a altura …
Poderemos ter em 2023 um campeonato onde uma equipe irá vencer todas as corridas … até por que nem Alonso e nem Hamilton me parecem dispostos a trazer alguma dificuldade pro Verstappen caso ele esteja atrás deles numa corrida … o holandes não precisa nem abrir a asa traseira para ultrapassa-los … a unica chance disso não acontecer seria em Monaco mas verstappen não deu chances …
Fernando Marques
Niterói RJ