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Esquadrão Lado B – Parte 1
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O esquadrão que lotou o grid com 39 carros em 1989

Retomando nossa viagem à temporada 1989 (confira a primeira parte clicando aqui) e sua grande diversidade de equipes, vamos mencionar os grandes desempenhos.

Logo no primeiro GP, no Brasil, tivemos o histórico e único pódio do brasileiro Maurício Gugelmin na F1, com seu March-Judd, após grande briga com a McLaren de Alain Prost, que tinha problemas de embreagem.

Podemos dizer que após um ótimo 1988, o pódio em casa logo no começo da temporada foi o ápice da carreira de Gugelmin na F1 que a partir daí, só decaiu, assim como sua equipe March. Tirando a corrida de Paul Ricard em 1990, o time entrou em uma decadência sem volta.

Mônaco foi outra corrida sensacional para as equipes pequenas e médias, com os Brabham saindo da pré-qualificação para conquistar uma sensacional terceira colocação com Modena (sempre brilhante em Mônaco) e um sexto com Brundle. Alboreto, que na segunda metade foi para a Larrousse, conseguiu um bom quinto lugar com o novo Tyrrell 018 e o fantástico Alex Caffi levou o Dallara até a quinta posição.

No México, Alboreto deu à Tyrrell o primeiro pódio em 92 GPs, sendo que o último havia sido dele mesmo em 1983, na vitória de Detroit. Devemos lembrar que a equipe Tyrrell teve seus resultados de 1984, incluindo um pódio em Detroit, excluídos por irregularidades nos carros…

Mas o melhor ainda estava por vir. Na corrida seguinte, o GP dos EUA, Eddie Cheever conseguiu um memorável terceiro lugar com seu Arrows, não só em seu país natal como também na cidade natal, Phoenix. Com Christian Danner levando seu raquítico Rial até a quarta posição (e com isso livrando a equipe alemã das pré-qualificações) o dia deveria ser de festa total para a galera do fundão. Mas o rei inconteste do Lado B, Andrea De Cesaris, acabou jogando nos muros de proteção seu pobre companheiro de Dallara, Alex Caffi, que provavelmente conseguiria um lugar no pódio. Detalhe: Caffi ia dar uma volta em Andrea quando foi fechado…

De Cesaris poderia ser execrado, mas se recuperou de forma incrível, com um sensacional terceiro lugar no GP do Canadá, sob forte chuva. A cena de Andrea no pódio de Montreal é mítica e impagável, simbolizando bem a alegria que um time médio/pequeno sentia ao conseguir furar o bloqueio das grandes equipes.

Realmente foi uma pena Alboreto não poder continuar na Tyrrell, após problemas de acordo entre os patrocinadores. O italiano fazia uma bela temporada e nunca mais conseguiu se estabilizar até um melancólico fim de carreira na categoria em 1994.

Entretanto, seu substituto na Tyrrell, o novato Jean Alesi, impressionou a todos com sua velocidade e segurança, conseguindo um quarto lugar logo em sua estreia, no GP da França.

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Os velozes circuitos europeus da metade da temporada acabaram um pouco com as surpresas constantes do Esquadrão Lado B, mas eles continuavam aparecendo de alguma forma. Como na histórica capotagem de Maurício Gugelmin na largada do GP da França.

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httpv://youtu.be/TYHZ8-7oJ2k

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A Lotus parecia cada vez mais em casa com seu presente Lado B, ficando de fora do GP da Bélgica, com até Nelson Piquet não conseguindo a qualificação para a corrida. Rodou na qualificação, após ser atrapalhado por Olivier Grouillard, novato francês da Ligier, equipe que há muito figurava no Lado B, longe de pódios e pontos da época de Jacques Laffite.

Os GPs finais do campeonato trouxeram boas novidades para as equipes pequenas e médias. No GP de Portugal, em Estoril, o brasileiro Roberto Pupo Moreno não só conseguiu passar das pré-qualificações, como conseguiu também um excelente décimo quinto lugar no grid com seu fraco Coloni. Infelizmente o brasileiro teve seu carro completamente destruído nos treinos após um violento acidente com a Arrows de Cheever, largando com o carro reserva, que estava longe de entregar a mesma performance. Moreno acabou abandonando a corrida, por quebra.

A sempre querida equipe Minardi, que já havia conseguido quinto e sexto lugares em Silverstone, agora conseguia outro quinto, com Martini, que chegou a liderar o GP por uma volta, quando os líderes trocavam seus pneus. Mérito do bom chassi 189, projetado por Aldo Costa, atual projetista da Mercedes, dos pneus Pirelli, que apresentaram boa performance em alguns circuitos, e claro, da boa pilotagem do competente piloto italiano.

Mais feliz que Martini apenas o experiente Stefan Johansson que, após o estúpido acidente entre Senna e Mansell, conseguiu levar seu Onyx-Ford ao pódio com a terceira colocação logo no ano de estréia do time, resultado que livraria a Onyx das pré-qualificações para a primeira metade da temporada seguinte.

Para fechar um ano tão prolífico para o Lado B, nada melhor que um GP muito chuvoso na Austrália, recheado de acidentes e incidentes estranhos com os grandes nomes. O Rei da Chuva Senna, que já tinha realizado uma incrível rodada de 900 graus (duas voltas e meia completas!), acabou logo depois enchendo a traseira de Brundle, com tal força que arrancou a roda dianteira da McLaren.

O já campeão Prost abandonou ainda na primeira volta, se recusando a correr, e Nelson Piquet acabou repetindo o acidente de Senna, ao colidir ainda com mais violência na traseira do carro de Piercarlo Ghinzani, da Osella, outra simpática e sempre presente equipe do Lado B.

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httpv://youtu.be/tiEUXaA8Jks

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Nigel Mansell também escapou e bateu sozinho, dando seus famosos socos no volante. E para encerrar uma corrida tão incomum, um show de pilotagem de ninguém menos que Satoru Nakajima (!), que após rodar na primeira volta, chegou na quarta posição, muito próximo do pódio, e ainda fez a melhor volta da corrida com seu Lotus.

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Ao final da temporada, muito se discutia sobre a desclassificação de Senna no GP do Japão, a postura defensiva de Alain Prost, as grandes vitórias de Mansell ou os incríveis acidentes e intermináveis abandonos de Berger durante o ano.

Porém, esquecido entre esses assuntos, tivemos uma temporada muito rica em competição e material humano no meio e fundo do pelotão. No final do ano, tivemos o incrível número de 29 pilotos e 16 equipes conseguindo pontuar. Em uma época de 26 carros largando e apenas 6 marcando pontos, esse fato é muito significativo.

Uma pena que muitos brasileiros jamais tiveram a chance de acompanhar esse lado da competição de forma mais profunda, já que a emissora que transmite as corridas no país focou sua cobertura quase que em sua totalidade no nosso maior ídolo e seu duelo com o arqui-rival Alain Prost, sobrando uma pequena parcela destinada aos nossos outros representantes. Pré-Qualificação, De Cesaris aprontando, manobras absurdas de Arnoux em seu último ano de F1? Pode esquecer.

Para quem quiser saber mais do Lado B dessa temporada (e das seguintes), vale a pena pesquisar na internet os vídeos oficiais de Review dessas temporadas. O de 1989, “How to Win a Championship”, conta com três (!) horas de duração, com uma grande cobertura das equipes menores e de eventos pouco lembrados da temporada.

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httpv://youtu.be/zJx3st8QX0M

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Um abraço e até a próxima!

Júlio Oliveira Slayer
Júlio Oliveira Slayer
Músico profissional e professor de bateria, acompanha Fórmula 1 desde o GP da Áustria de 87. Sua grande paixão é a história da categoria.

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