Festa alemã

Nunca serão
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Soberania alemã
20/07/2014

O clima favorável para um grande evento do esporte está montado.

A Copa do Mundo acabou. A Alemanha é Tetra no mundo da bola. A F1 chega na Alemanha com uma equipe alemã na ponta da tabela e com um piloto alemão na liderança da classificação. Sorte, acaso ou competência, não é o ponto de avaliação agora. Fato, a Alemanha está em uma fase de glória no esporte e no meio dessa onda de otimismo causado pelos resultados o circo da F1 chega ao circuito de Hockenheim para mais uma prova do Mundial.

Um mundial de fórmula 1 muito particular, mas extremamente disputado e feliz para os fãs, mas será que a prova alemã vai manter a onda de otimismo crescente?

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Nem tudo são glórias nas terras tedescas. A economia vai bem, os esportes vão bem. Mas desde 2008 o GP da Alemanha tem que fazer um revezamento entre o lendário Nurburgring e um mutilado Hockenheim.

O primeiro circuito vive sob gestões fracassadas. É um parque de diversões para amantes da velocidade. Dois hotéis na reta dos boxes, um parque de diversões, restaurantes, uma pista de kart e um a mais desafiadora e cultuada pista de todos os tempos disponíveis para uso de todos e casa das montadoras alemãs para desenvolvimento de seus esportivos. Tinha tudo para dar certo, e não dá. Sempre estão procurando compradores e investidores.

Hockenheim não tinha mais condições de bancar uma corrida todo ano. Depois disso os ambientalistas achavam um absurdo aquelas retas cortarem um floresta. Tilke veio, refez um pedaço, tirou as retas e agora temos um pequeno autódromo.

Mesmo com 60 participações na F1, espalhadas desde 1951 até hoje, mesmo sendo o país com maior quantidade de títulos de pilotos da F1 (11), a Alemanha não sustenta duas provas em seu calendário por falta de condições financeiras.

Não é uma questão de amor incondicional ao país. Mas quem aqui não trocaria uma provinha no shopping center de Abu Dhabi por uma prova em Nurburgring?

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A corrida em casa não é tão generosa assim para os pilotos alemães. Tirando Michael Schumacher com suas 4 vitórias, Vettel e Ralf Schumacher só tem uma vitória cada na Alemanha. São 6 vitórias para 11 títulos mundiais dessa turma. Até o Brasil anda melhor, com 7 (três na conta de Senna, mais 3 na conta do Piquet e uma no bolso de Barrichello).

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httpv://youtu.be/1vmsrglpjC8

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A pista alemã passou de uma configuração de downforce mínimo que existia nos seus tempos áureos para uma pista que necessita de alto grau de pressão aerodinâmica.

Apesar de grande trechos de aceleração você tem freadas fortes e a parte final do circuito precisa ser contornada com boa velocidade. Antigamente as longas retas com aceleração plena garantiam tempo suficiente para uma configuração que sacrificava o piloto nessa parte de baixa velocidade. Hoje esse equilíbrio precisa ser encontrado de uma forma muito mais precisa.

Já que há o rodizio entre circuitos, obviamente a Pirelli tem um buraco no desenvolvimento dos seus compostos com as informações dessa pista. Estarão disponíveis os pneus macios e super macios. Mas a empresa italiana não consegue dizer qual será a tática mais adequada. Só depois dos treinos de sexta que teremos uma visão mais clara.

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Durante esse intervalo de duas semanas a F1 andou em Silverstone para dois dias de testes com pneus e novas soluções. Na mídia, até o começo dessa semana, só foi falado dos novos compostos montados em rodas de 18 polegadas. Um visual completamente novo, muito parecido com os carros de Le Mans e os bólidos da Formula-E. Apesar de todo o apelo estético e promocional, tudo era cortina de fumaça para um teste muito mais importante para o desenrolar da temporada.

A FIA considerou o FRIC “passível de investigação”. O FRIC é a sofisticada suspensão que interligava hidraulicamente os quatro extremos do carro. Falamos algumas vezes dela em colunas passadas. A Mercedes trouxe esse conceito mais bem desenvolvido nas últimas temporadas e agora todas as equipes tem o seu sistema em algum nível.

O problema é a bagunça que a FIA faz. “Passível de investigação” significa que não foi proibido. A FIA declarou que se algum time resolver reclamar do seu oponente, ela vai investigar. E vai investigar sob a ótica de um componente aerodinâmico móvel que altera a posição do carro em relação ao solo. Portanto, seu sistema de suspensão não é proibido desde que fique provado que você não use para mudar a altura do carro.

Nenhuma equipe vai correr o risco e usaram os testes de Silverstone para já ajustar os carros para configurações sem o sistema. Monisha Kaltenborn, a chefe da Sauber, reclamou em alto e bom som. Por que não decidiram isso antes do campeonato começar? Por que no meio da temporada? Adicionou ao discurso: ou é incompetência ou falta de capacidade para elaborar as regras.

Todas as equipes serão afetadas. Mas será que todas no mesmo grau? Isso só será descoberto ao final da prova de domingo. No geral as equipes só afirmam que seus carros perdem alguns décimos de segundo por volta. Nada que afete comportamento dinâmico dos bólidos.

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Teremos corridas na Rússia, certo?

Ótimo.

Um país em tensão com a Ucrânia onde “alguém” derrubou um avião nessa quinta feira. Um avião civil. “Alguém” com algum equipamento fornecido por alguma potência militar. Ninguém sabe de nada.

Só Bernie Ecclestone sabe. E acha que é um excelente lugar para expandir seus negócios.

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Mercedes está preocupada com seus carros para a corrida. São os mais rápidos, mas tem quebrado com facilidade. Uma facilidade maior que o esperado e tem custado pontos preciosos. Por mérito deles isso não afeta uma briga com outras equipes. O FRIC também é um problema, por sua complexidade no projeto alemão. Rosberg que vencer em casa como fez seu companheiro na Inglaterra e Hamilton quer virar o jogo no campeonato. Internamente fica cada dia mais legal essa briga.

Alonso arrasta sua Ferrari para os pontos em todas as corridas do ano. Todas. O carro não entrega mais desempenho e já está na hora de pensar em 2015. E pensar em um novo companheiro de equipe, já que Kimi desistiu mais uma vez.

A Williams parece que realmente se achou no desenvolvimento do carro. Ele funciona em diferentes tipos de circuito e provou ser veloz. Precisa se encontrar agora dentro de casa e fazer funcionar suas estratégias durante um final de semana inteiro. Além disso, precisa que Massa vire o jogo. Bo77as não pode se distanciar mais.

Ricciardo e Vettel estão colocando a RBR nos trilhos novamente. E aqui Vettel também precisa equilibrar o jogo com seu companheiro de equipe. As coisas não andam boas para o Alemão. A história do banimento do FRIC no meio da temporada deve ser só mais uma chateação – na imensa lista de chateações – na vida de Newey. Depois ninguém entende porque ele quer sair do time.

McLaren e Force India agora disputam ponto-a-ponto a posição no campeonato. Seus carros são similares em termos de performance e ainda sofrem de constância entre pistas do calendário. Há chances de ficarem assim até o final do campeonato.

Na turma de trás, mesmo se destacando dos demais, a Toro Rosso não converte muitos pontos. São só 15 até agora, suficientes para ficar a frente da Lotus e Marussia. É pouco pelo que tem apresentado em classificações. O resto do pelotão? Não há muitas esperanças. Nem a Sauber se entende com seu carro mais e parece que não há dinheiro para desenvolvimento.

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No meio desse belo campeonato cheio de variáveis a audiência brasileira sofre um golpe de realidade. A Globo deixa de transmitir os treinos classificatórios na integra. Agora será só o Q3, para a disputa da pole. Será que por conta das férias da criançada vale mais passar desenho animado? Vamos todos para tv por assinatura.
Para quem tem.

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Circuito: Hockenheimring
Voltas: 67
Comprimento: 4.574 km
Distância: 306.458 km
Recorde da Pista: 1:13.780 – K Raikkonen (2004)

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Programação
Sexta-Feira: 05h – 1º treino livre e 9h – 2º treino livre
Sábado: 06h – 3º treino livre e 09h – Classificação
Domingo: 09h – Corrida

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Um campeonato de dois pilotos e uma equipe. Um país em festa pelo seus esporte vencedor. O clima favorável para um grande evento do esporte está montado.

Mas será que a F1 sobrevive aos seus desmandos políticos?

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

1 Comments

  1. Mauro Santana disse:

    Belo texto Flaviz

    E uma excelente GP a todos.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

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