GP da Inglaterra

A TAÇA DO MUNDO É NOSSA
01/07/2002
O SENHOR DOS RECORDES
07/07/2002

Panda

Choveu pacas em Silverstone, Rubinho não se acanhou e mandou ver. Foi o mais rápido na 1a sessão de treinos para o GP da Inglaterra. Enquanto isso, Schumacher só deu uma volta e rodou, ficando sem tempo na sessão.

Na 2a sessão, a chuva diminuiu (não se prevê chuvas para amanhã e domingo) e Rubinho foi mais rápido de novo. Desta vez, Schumacher treinou normalmente e terminou em 2º. Veja a classificação completa dos treinos desta sexta mais as últimas de Silverstone no www.grandepremio.com.br, com link aqui ao lado.

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O GP da Inglaterra do ano passado foi uma salada de táticas.

A Ferrari fez Schumacher (2o na corrida) e Rubinho (3o) pararem apenas uma vez enquanto o McLaren vencedor de Mika Hakkinen (lembra dele?) parou duas vezes, assim como Montoya, que chegou em 4o lugar. Ralf, que acabou ficando pelo caminho, ia para uma única parada. Coulthard cara-de-paralelepípedo dançou logo na 1a curva.

No ano passado, o Ferrari agüentou correr 42 voltas (caso de Rubinho) sem abastecer. Qual será a estratégia desta vez? O carro vermelho deste ano aparentemente tem o tanque um pouco menor do que o do ano passado. Mesmo assim, poderia tranqüilamente fazer uma corrida – são 60 voltas – de um único pit stop.

Enquanto isso, do lado da Williams, tomando como base as últimas duas corridas, pode-se arriscar que Montoya adotará uma estratégia de corrida mais agressiva enquanto Ralf privilegiará a prudência, já que o motor BMW adquiriu o péssimo hábito de abrir o bico na fase final da corrida.

Assim, a mesma prudência recomenda à Ferrari preparar Rubinho para combater Montoya na fase inicial da corrida enquanto Schumacher partiria numa configuração mais conservadora visando o 2o lugar na prova e não necessariamente a vitória.

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É que Schumacher e seus amigos já estão fazendo conta.

Com oito provas para o final do campeonato e inacreditáveis 46 pontos de vantagem sobre o 2o no campeonato basta ao alemão abrir mais quatro pontinhos sobre o vice-líder até o final do GP da Alemanha para garantir em casa o penta.

Se ele abrir 15 pontos sobre o vice-líder do campeonato (seja ele quem for) ao final do GP da França, ele liquida a fatura de 2002 daqui a uma semana. E não venham me dizer que isso é muito difícil, seja pela lama em que anda a Williams seja pela exuberância atual da Ferrari e Bridgestone.

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No momento em que escrevo, a Arrows está fora da corrida e ummilagre talvez não baste para vermos Bernoldi e Frentzen correr no domingo.

Ninguém na face da Terra tem motivos para nutrir simpatias por Tom Walkinshaw, dono ou algo parecido da Arrows. Digo “algo parecido” porque a propriedade destas equipes é um nó de acordos de gaveta e contratos em paraísos fiscais. Claro que Tom controla a equipe mas a coisa, do ponto de vista legal, pode ser um pouco diferente.

É bom lembrar que Walkinshaw é um homem riquíssimo, certamente um dos cinco mais ricos da Fórmula 1. Não que ele seja obrigado a pôr dinheiro do próprio bolso na equipe (da mesma forma que eu não venderia meu carro para cobrir eventuais prejuízos aqui do GPTotal). Mas a situação atual da equipe, acumulando supostos US$ 12 milhões em dívidas, e passando pelo ridículo de ver recusado pela Cosworth a cessão de motores para a corrida de domingo, na deixa de refletir a mediocridade geral da passagem de Walkinshaw pela Fórmula 1, começando pela Benetton em 95. Aliás, o inglês disputa pau-a-pau o título de o mais escroto (desculpe o termo) da Fórmula 1 com Flavio Briattore.

Pena que sobre para Frentzen, que com essa provavelmente encerre a sua carreira na Fórmula 1, e Bernoldi, mais um brasileiro que não teve a oportunidade de desenvolver todo o seu potencial na Fórmula 1.

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O que teria acontecido com as finanças da Minardi, que há um mês ameaçava abandonar o campeonato por falta de grana? Teria feito acordo com Ecclestone e recebido sua parcela nos direitos de TV?

A resposta verdadeira, meu amigo, ninguém sabe mas não se espante se já nas próximas corridas vermos os boxes da valente Minardi também vazios.

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Enquanto isso, a McLaren, depois de gastar não sei quantos milhões de dólares num novo motor home, investe agora num sistema de refrigeração das roupas dos mecânicos.

Sim senhor. Você leu certo: sistema de refrigeração das roupas dos mecânicos.

Poderia tentar tecer alguns comentários irônicos sobre mais esta contribuição de Ron Dennis para a modernidade mas ainda estou meio de ressaca de ontem, de forma que cruzo a bola pra você cabecear…

(Já já ponho no ar, no álbum de fotos do GP da Inglaterra, fotos dos palhaços, digo mecânicos da McLaren, com o novo traje. Só faltam as anteninhas nos capacetes…)

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Os amigos do grandepremio vão me permitir encerrar a coluna de hoje reproduzindo notícia publicada por eles:

“Quem não gostou da saída da Compaq para a entrada da HP na Williams foram os radialistas colombianos da Rádio Caracol. Explica-se: na Colômbia, diz-se “HP” como corruptela de “hijo de puta”, que dispensa tradução. Eles vêm fazendo um verdadeiro contorcionismo verbal para noticiar a mudança de visual no carro do ídolo Juan Pablo Montoya.”

 

Boa sorte aos colombianos e ao Rubinho

Eduardo Correa


WITH A LITTLE HELP
FROM OUR FRIENDS
03/07/2002

Edu e Panda,

Parabéns, pelo especial sobre esporte-protótipos. Ficou bem legal. Só pra registrar, li na Folha de S. Paulo que um Mercedes fórmula, acho que de 1939, foi restaurado e avaliado em 12 milhões de dólares…

O mercado de automóveis clássicos (aí incluídos Carros Esporte, Esporte-Protótipos, GTs, Can Am, Turismo e Fórmulas) é uma coisa muito séria. Prometo um artigo detalhado para depois. Mas basicamente o negócio funciona assim. Se o automóvel estiver original, sem ser restaurado, tem um valor enorme. Se for restaurado, vale muito também. E lá dão valor ao pedigree do carro. Isso mesmo: pelo número do chassi, sabem se o carro tem um bom passado ou não. Por exemplo: vocês acham para vender dois Ferraris iguais (ano e modelo “xis”), sendo um imaculado e o outro em estado de quase sucata. Pasmem: valerá mais aquele que tiver melhor história. Se o carro baleado é o vencedor de alguma corrida importante, podem apostar que valerá mais do que o outro, prontinho.

Os carros de Fórmula 1, têm um valor médio de mercado bem mais baixo do que os GTs e etc. Sabem por quê? Porque, segundo dizem, 99% dos potenciais compradores não tem braço para conseguir mais do que 50% da performance dos carros. Sim, porque esses tarados que investem milhões nessas relíquias não titubeiam em usa-los em corridas de carros clássicos, que lá (Inglaterra, Estados Unidos e Itália, entre outros países) são realizadas com bastante freqüência. E saibam que conta muito também saber que carro tal foi da atriz X que ganhou do namorado Y ou foi de um playboy internacional manjadíssimo, ou ainda de membros da realeza, políticos, esportistas, etc e tal… Em geral são vendidos em leilões na Inglaterra, onde as cifras milionárias, não espantam a galera.

Nos anos 50, os carros não eram chamados de sport protótipos. Este termo apareceu mais tarde, acho que nos anos 60. Era o tempo do campeonato mundial de marcas. Havia também um consenso para os italianos. Carro aberto era spyder (antes disso usavam o termo barchetta, “barquinha” em italiano). Fechado, dependendo do desenho da carroceria, era berlinetta. O ¨S¨ que aparecia em alguns modelos indicava sport, mas no sentido mais amplo, ou seja, um carro na verdade de pista. Outra coisa: se você olhar de perto a foto da Ferrari 531 que está no site (o do Portago), vai ver que os carros de fábrica tinham um acabamento horrível, a lataria toda cheia de ondas. Assim eram os carros oficiais. E cada amassado que recebiam era consertado às pressas. Olhando as fotos das duas Testa-Rossa restauradas, você vai ver como não eram as Ferraris da época. Nem os carros de rua, para clientes, tinham na época o acabamento que hoje, numa restauração, os caras conseguem.

Pra finalizar, nos anos 50, os Ferrari de fábrica geralmente tinham o estofamento dos bancos em (argh) azul, um azul horroroso. Todos, até muito tempo depois dessa época, usavam volantes de alumínio e com o arco em madeira. E em geral eram de três raios – exceto os carros para Mike Hawthorn, que exigia quatro raios. É mole? Também,o cara guiava F1 usando gravata borboleta… E Felice Bonetto pilotava nos GPs fumando cachimbo!

Grande abraço,

Alexandre Zamilkhowsky Filho – São Paulo-SP

 

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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