Panda
Valeu, Rubens!
Grande vitória, de lavar a alma.
Grande largada, belas e corajosas ultrapassagens na primeira volta, sangue frio, velocidade, cabeça e talento na hora de passar retardatários, evitar os erros, fazer os pit stops e resistir às pressões no final da corrida.
Hoje, você foi o Schumacher e o Schumacher, desculpe dizer, foi o Rubinho.
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Eu já havia dito aqui que o GP da Áustria provavelmente tinha reposicionado a carreira de Rubinho.
Naquele dia fatídico, ele jantou o Schumacher na sexta, sábado e domingo. Perdeu a corrida que mais merecia ganhar em toda a sua carreira, desde os tempos em que pulava o muro do kartódromo de Interlagos. Mas a carteirada da equipe em cima dele, a pressão da opinião pública mundial e a descoberta de que podia, enfim, ser melhor que seu companheiro de equipe talvez tenha colocado o tijolo que faltava na carreira de Rubinho. Talvez, no momento em que deixava Schumacher passar por ele, Rubinho tenha quebrado a barreira da vitória.
É verdade que a corrida dele em Mônaco não foi grande coisa mas Mônaco, por vários motivos, não conta. No Canadá, Rubinho foi muito bem e poderia ter até vencido não fossem fatores totalmente alheios à sua corrida.
E aí vem este GP da Europa e Rubinho, apesar de ter perdido na classificação para Schumacher, arrebenta durante todo o domingo, sendo o mais rápido, inclusive no warm-up. Faz uma primeira volta à altura do melhor Senna (vou falar demoradamente sobre ela mais tarde) e começa a abrir diferença, como se Schumacher tivesse na frente.
Enquanto isso, seu querido companheiro se demora atrás dos Williams – provavelmente Schumacher perdeu suas chances de vitória nestas primeiras voltas. É claro que ele rodou depois mas foi especialmente veloz e descontou a diferença, aparentemente sem que Rubinho tivesse aliviado.
Desta vez, a equipe não interferiu, não mudando a estratégia de paradas (deu a Rubinho inclusive o privilégio de parar depois de Schumacher), muito menos determinando trocas de posição.
É, meus caros Panda, Alessandra, Tales, Bob, Chiesa – além das centenas de leitores que escreveram para a gente aqui no GPTotal -, com quem me demorei debatendo e dando voltas em torno do GP da Áustria: às vezes, a opinião pública mundial serve para alguma coisa…
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O banho de Rubinho em Nurburgring restitui a ele o direito moral de ganhar também os pontos perdidos no GP da Áustria.
Disse aqui, dias atrás, que considerava esta hipótese especialmente humilhante para Rubinho. Hoje, torço para que a Fia recoloque as coisas em seus lugares.
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A largada e primeira volta do GP da Europa foram sensacionais.
Com luz verde, Montoya jogou seu carro para a parte de dentro da pista mas freiou muito cedo permitindo que Ralf o passa-se por fora no primeiro grampo, numa manobra bela e arrojada. Os dois tocaram rodas de leve. Talvez por isso, Ralf tracionou um pouco melhor e conseguiu manter-se a frente até a segunda curva.
Mas o verdadeiro balé estava acontecendo alguns metros atrás.
Rubinho engatou na traseira do Ferrari de Schumacher logo após a largada tendo, para isso, de quase jogar Coulthard para fora da pista.
Pouco antes da freada para a primeira curva, Rubinho foi para a direita, buscando a parte interna da pista. Neste momento, Coulthard e Button, com grande coragem e muito senso de oportunismo, se lançam um de cada lado do brasileiro, retardando a freada ao máximo, de forma que os três mais Schumacher se aproximam rapidamente do ponto de tangência da curva, onde só cabe um. Rubinho leva a melhor.
No final das contas, o arrojo de Coulthard e Button não lhe renderam muita coisa mas esta manobra acabou com as chances de Schumacher ganhar posições na largada. Só por sorte o alemão conseguiu sair em 4o desta confusão toda.
Rubinho continuou se dando bem por um provável erro de Montoya na tomada da terceira curva. Ele ficou muito por fora na curva e Rubinho veio fácil por dentro, ganhando o 2o lugar. Logo depois, passa Ralf, sem lhe dar muita bola. Senna, lá em cima, deve ter esfregado as mãos de satisfação.
Enquanto isso, lá atrás, Montoya tenta segurar Schumacher de todas as formas, fechando-lhe a porta de forma selvagem. Toma Schumacher!
Mas na chicane Schumacher faz valer a força do seu motor, passa Montoya mas se atrapalha na saída. Aí, é ele quem tem de fechar violentamente Montoya. Nesta altura do campeonato, Rubinho já escapava na frente.
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Final da corrida chegando, Rubinho e Schumacher disparados na frente e o mundo começa a se perguntar: os italianos terão a coragem de mandar Rubinho encostar?
A lógica dos fatos indicava que nem Enzo Ferrari em pessoa teria culhões para desafiar a opinião pública mundial mas nunca se sabe.
Hilariante a TV mostrando Jean Todt atrapalhado com os botões de seus 50 rádios enquanto Ross Brown degustava uma prosaica banana como a dizer: estou de boca cheio, não posso falar agora, fala você com eles…
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A vitória de Rubinho também foi a vitória da Ferrari – fabricante de carros e motores – em cima da Williams BMW e McLaren Mercedes, que não deram nem para a saída, e também um banho da Bridgestone em cima da Michelin. Deu para notar o estado dos pneus de Kimi “Geladeira” Raikonenn quando do seu pit stop?
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Será que isso justifica a péssima corrida de Ralf Schumacher e a latrinária corrida de Montoya? O colombiano marcou uma pole sensacional ontem e Ralf foi igualmente bem. Como podem ter ido tão mal na corrida, hoje?
Talvez porque a BMW ande meio perdidona, não conseguindo fazer um motor resistente o bastante para agüentar 300 km de corrida. Rápido nos treinos, sim mas, na corrida, os pilotos têm de se controlar para não quebrá-lo.
Montoya, menos paciente e experiente que Ralf, torrou seus motores em Mônaco e no Canadá enquanto Ralf teve de reduzir seu desempenho para chegar ao fim (no Canadá, rarararará, quebrou o motor na volta de desaceleração…).
Montoya ainda tem a desculpa de poder ter sido prejudicado pelo toque na largada com Ralf – mas não sei não. Talvez ele tenha pensado que a estratégia de uma parada podia ser a vencedora e simplesmente preferiu ficar para trás. Depois, a deterioração dos pneus Michelin o fez cometer aquele erro meio tolo e acabar com a própria corrida e a do Coulthard, que achava que ia descobrir a pólvora tentando passar pelo colombiano naquele ponto da pista.
Ali, nem se Montoya deixasse. Quer saber? Que se danem os dois…
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Grande Massa!
Vinha mal nas últimas corridas, tomando tempo de Heidfeld mas, na corrida, virou o jogo, ainda que tenha sido atacado o tempo todo.
Massa ganhou a posição de Heidfeld logo na primeira curva, tomando-a totalmente por fora enquanto o caro coleguinha se enroscava no tráfego. Depois, brigou o tempo todo, estando no lugar certo no momento certo, sem erros, sem hesitações.
Valeu Massa.
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e grande Bernoldi também.
Largou em 21o e terminou a primeira volta em 15º ganhando inclusive a posição de Frentzen, especialmente beneficiado pela batida entre os Jordan.
Depois, não caiu na lama de sempre. Mesmo correndo sem o sistema hidráulico de direção e tendo de deixar HH Frentzen passá-lo duas vezes, Bernoldi levou aquela cadeira elétrica até o final, chegando em 11o
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Corrida especialmente “brilhante” a de Alex Yoong.
Queimou a largada mas continuou em último, rodou profusamente, inclusive na entrada dos boxes. Um vexame. Alex Yoong, em matéria de erros, é assim uma espécie de seleção italiana. A Minardi merece o piloto que tem.
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Ok. Eddie Irvine também rodou na entrada dos boxes. Mas isso não absolve Yoong; antes, condena Irvine!
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Quanto humilhação pode suportar Eddie Jordan?
Vê seus dois carros baterem um contra o outro logo na largada, oque já aconteceu não sei quantas vezes. Mais tarde, um deles perde um pedaço no meio da reta, Fisichella roda e Sato, quem diria, termina em 15º. E que se dane também este mercenário metido a esportista.
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Humilhação e vergonha igualmente para a Jaguar, Bar, Heidfeld, Villeneuve e Trulli, que tomaram poeira dos seus companheiros de equipe.
Boa semana para todos
Eduardo Correa