Obrigado Fórmula 1!
Que fim de semana, não? Tantas emoções, novidades e informações que é difícil traçar uma linha temporal coerente. Uma mistura de expectativas, ansiedades e frustrações.
Temos um campeonato claramente favorável ao conjunto Verstappen-RedBull e a chance única de um piloto amadurecer com os ensinamentos desse fim de semana.
Se esse formato novo de fim-de-semana vai ser adotado, é cedo para afirmar. Começamos o final de semana de “braços abertos” e “cabeça livre” para experimentar essa mudança. Um treino livre, uma classificação na sexta, parece promissor de verdade! Um pouco mais de ação com competição, agitaria as sextas sempre tão criticadas.
O Treino Livre 1 mostrou uma RedBull dominante demais e um Hamilton desconhecendo de onde toda essa diferença havia surgido. Fato é que o novo formato bagunçou a nossa percepção do que cada time busca nesse primeiro treino livre. A presença de Norris em segundo, as Ferraris no top 10, reforçam o ponto que cada time estava buscando respostas diferentes nesse momento do fim de semana.
Com um pequeno intervalo, todos para pista novamente para uma classificação no formato usual. Mesmo carregando todo o público presente ao autódromo ao delírio, não vale uma pole position. Vale simplesmente a posição de largada para a corrida de classificação. Um certo anticlímax no ar….
E o público estava mesmo com motivos para aplaudir de pé. Não só pelo fato de poder estar num evento esportivo, foi um excelente treino. De cara, no Q1, nenhuma surpresa: Haas, uma Williams, uma Alfa Romeo e (sempre no rodizio com Alpine e Aston Martin) uma Alpha Tauri. Os tempos que levaram a turma par ao Q2 começavam a mostrar uma competitividade maior da Mercedes e supressas no meio do pelotão!
O Q2 virou uma festa pra torcida local. Hamilton na frente. Norris também passando com facilidade e, a cereja do bolo, um temporal de Russel para garantir um lugar no Q1 com folgas! Algo impressionante acontecia em Silverstone e a torcida aplaudia de pé! Não avançaram as Alpines, a Alfa de Giovinazzi, a Aston Martin de Stroll (que vem levando uma aula de direção de um animado Vettel) e a Alpha Tauri restante de Gasly.
Para o Q3, Max não conseguiu segurar o ‘leão’ dentro de Hamilton que só precisou de sua primeira volta para fazer o tempo mais rápido da sessão. A segunda volta do inglês foi perdida, na conta da traseira nervosa e configurada para pouco downforce de sua Mercedes. Mesmo com um tempo inferior ao feito no Q2, Hamilton foi capaz de fazer a pole. Ops. Não…não fez a pole. Larga na frente de uma corrida de classificação do dia seguinte….
Um treino surpreendente, Russel em oitavo nesse grid, Ricciardo 0.002 atrás de Norris. Coisas que não acontecem com costume nessa temporada de 2021!
Nenhuma surpresa em formatos desastrosos de classificação da F1. Quem lembra do formato de 2003 e 2004? E aquela coisa bizarra de 2005 (que durou poucas corridas) de somar tempo de sexta (com carro leve) e sábado (com combustível para fazer a prova toda) e dividir por 2?
Mesmo de cabeça aberta para tantas novidades, como não ficar com ódio da bagunça de horários que virou o final-de-semana? Sexta às 14:00. Corridinha no sábado? 12:30. Grande Prêmio da Inglaterra às 10:30. Caramba, nenhum horário tradicional mantido. Felizmente os celulares atuais aceitam múltiplos alarmes programados.
Esse carrinho de 2022 pode ser a “salvação” das corridas sem disputa, mas parece cada vez mais uma chance perdida de fazer algo realmente decente pela competição. Não custava nada ele ser mais leve (absurdos 790 kg) e ter, no mínimo, meio metro a menos. Continuamos com um “Landau” de competição que vai continuar sendo um estorvo nos circuitos tradicionais.
Na verdade, também não foi alterado a formato de “endurance” que as corridas de F1 adotaram com seus 3 ridículos motores para se cumprir um ano de calendário esportivo.
Mas o que mais impõe medo é o tempo que as equipes estão tendo para achar soluções “criativas” em cima dessa plataforma que foi apresentada. Vocês lembram os carros horríveis (como a Catherhan, lembram?) quando o regulamento tentou colocar o bico dos carros para baixo? Nada impede de a gente ter a geração mais feia da história da Formula 1.
Para o sábado de estudos, Corrida Sprint!
Pela primeira vez em década, a Mercedes começa a corrida dividindo suas fichas em duas estratégias diferentes. Bottas vai largar de macio (vermelho) para tentar algo diferente e, quem sabe, dar algum tipo de trabalho no começo da prova para a Red Bull de Verstappen.
Um fracasso completo. Hamilton larga muito mal e obriga Bottas a tirar o pé. Mesmo partindo para cima nas primeiras voltas com manobras agressivas, é impossível superar a tração na saída de curva da Red Bull e logo se vê uma Mercedes obrigada a se conformar com o resultado.
Fora isso, a única tensão proeminente é a queda de Sainz para último, tocado pelo jovem George Russel. Obviamente não seria digno de nota dizer que Mazepin rodou, mas hoje, novamente, ele cometeu a proeza de tocar seu companheiro de equipe.
Fora da cena principal o destaque da Sprint Race foi mostrado nos replays: Alonso ocupava a quinta posição na primeira volta, depois de uma largada inesquecível. Obrigado Formula 1 pela quantidade de câmeras que documentaram uma Monalisa pintada ao vivo.
Como de costume, depois da quarta volta….a mesmice de sempre. Nada deveria chamar atenção até que na sexta volta Perez roda sozinho para a desgraça do seu ano. Impressionante. Depois, no domingo, todo mundo foi informado que o Max é o único a ter o carro 100% atualizado para essa prova.
Um pouquinho mais adiante, na volta 10, Alonso e Riccardo travam bela batalha pra animar o grid, material fino para televisão. E, perto do fim, Vettel, Alonso e Sainz ainda garantem alguma emoção. Mas com os carros espalhados, começaram as acomodações.
No fim, um gosto estranho. Quem ganhou, ganhou o que? Uma pole? Mas a pole não foi na classificação de sexta?
Por falta de costume, todo mundo não sabia o que aconteceu. No fundo, o que importava é que Verstappen havia superado Hamilton na largada e invertido as posições de largada para a prova de domingo.
Para o grid da prova de Domingo, o Grande Prêmio, Perez larga em último. Trocou a asa traseira por uma versão de menos arrasto que lhe aumentaria as chances de ultrapassagem.
Maior expectativa da corrida? Com quais pneus os pilotos vão pra pista? Somente na tirada dos cobertores é que ficamos sabendo… Por conta do novo formato do fim de semana não é necessário largar com o pneu da classificação (ou da Sprint Race). Mas…..TODOS largaram com o mesmo pneu, menos o Perez. Parece que há esperanças de uma prova diferente pro mexicano.
Na largada, Verstappen pula na frente e não cede espaço desde a primeira curva. No meio da volta, Max fecha Hamilton que recolhe o carro para não haver contato. Mas 4 curvas depois, é a vez de Lewis não tirar o pé (diferente do que fez em Imola e na Espanha) e Max bate forte após um toque no carro do inglês!
Obviamente, bandeira vermelha. Um show de choradeira no rádio e a lentidão irritante da F1 para resolver se era caso de uma punição.
Para relargada, temos alinhados Leclerc, Hamilton e Bottas nas 3 primeiras posições. Foram 40 minutos de espera e com largada no grid (sem safety-car), tudo começaria do zero.
No grid novamente formado, Leclerc manteve a ponta e Bottas perdia mais uma posição enquanto a F1 divulgava a punição de Hamilton: 10 segundos.
Por volta do 16º giro, Leclerc começa a ter cortes de potência e Hamilton parte para o ataque. Mas com bolhas nos pneus, está muito difícil para Hamilton passar.
Mais 3 voltas, e começam pits. Perez (estranhamente cedo), Raikkonen, Russel e Vettel. Ricciardo na 21 é o primeiro dos top-5 a parar. E aí acontece mais um drama da corrida: no pit de Norris a McLaren estraga tudo e ele cai pra trás de Bottas. Seria muito interessante pra prova ver Lando na frente do apagado finlandês.
Depois dos pits, Hamilton vem escalando o pelotão, como previsto! Passou Norris com autoridade, na mesma curva que Christina Horner disse que não se pode ultrapassar. Ironias do destino.
Fato da prova é que o carro da Mercedes perde muito tempo quando fica a menos de 2 segundos do carro da frente. Os tempos de volta do Hamilton sobem 1.5s quando entram nessa faixa. É impossível competir se não houver uma diferença muito grande no estados dos pneus ou na velocidade dos carros.
Na sequência da corrida, acontece na volta 40 o esperado por todos: troca de posições entre Bottas e Hamilton. Duas ou três mensagens de rádio são suficientes para resolver o problemas. Agora são 12 voltas pra Hamilton caçar Leclerc!
Hamilton começa a tirar uma média de um segundo por volta, pilotando com maestria, em cima do pneu mais duro do final de semana. Na volta 50, faltando duas para o final, Hamilton ultrapassa Charles para caminhar solenemente para vitória.
As polemicas todas da corrida escondem um fato: o último stint de Lewis Hamilton com pneus duros foi assombroso. Foram 25 voltas seguidas sendo o piloto mais rápido da pista. Sua volta mais rapida só foi apagada por um (não menos apagado) Sergio Perez que parou para pneus macios faltando 6 voltas para o final.
E sim, a Red Bull de Perez só chegou na frente de duas Haas.
A ultrapassagem de Hamilton sobre Leclerc foi na Copse. Na mesma Copse do incidente de corrida da primeira volta.
Mesma famosa curva onde Christian Horner quer que sejam proibidas as tentativas de ultrapassagem sobe sua cria.
O resultado da corrida parece pequeno por conta do tamanho diminuto que a turma da Red Bull se colocou nos comentários.
Horner quer que pilotos não tentem ultrapassagens em certas curvas do circuito. Max acha que pilotos não podem comemorar sua vitória em casa enquanto ele não receber um SMS com pedido de desculpas. Helmut Mako acredita que só um piloto está autorizado a dividir curvas com os demais pilotos do grid.
Os três cavalheiros, de curta memória, esquecem de fatos recentes da carreira de Max Verstappen e dos elogios que lhe fizeram por não dar espaço e dividir curvas. Custa lembrar de Imola e Espanha 2021 onde não deixou nenhum milímetro de pista para Hamilton? Nenhum segundinho de punição para Max naquela situação! E Bahrein 2020 que houve comemoração no Pódio com Grosjean no hospital?
Esse clima de pais mimados de uma criança mimada criado pelo time da Red bull é verdadeira vergonha do final de semana.
Max não entendeu que, liderando o campeonato por mais de 30 pontos, com o melhor carro do grid, é ele que precisa usar o cérebro pra manter a vantagem durante as 13 corridas que restavam. De showman, franco-atirador, ele é o alvo de um heptacampeão. Ele, Max, que tem tudo a perder.
Sua falta de inteligência (pra não dizer burrice) em dividir uma curva na primeira volta, é impressionante. Com o carro que tinha em mãos e 51 voltas restando pela frente, dificilmente terminaria atrás de Lewis Hamilton.
Pela primeira vez Max enfrentou um pilotou que tem menos a perder do que ele.
Agora não adianta chorar.
O campeonato caminha para a última prova antes das férias para um difícil desafio na Hungria. A Red Bull segue como favorita, mas do outro lado temos Lewis Hamilton mas disposto que nunca.
Certamente uma prova que Hamilton e Mercedes devem sofrer e o clima entre os líderes não vai ser nenhum pouco amistoso.
Também vale observar esse campeonato brilhante feito pelo dono da terceira posição da tabela: Lando Norris!
Serão duas longas e atribuladas semanas de espera!
Abraços
Flaviz Guerra
1 Comments
Flávis,
1) Pra variar, sua análise está perfeita … mas vale mesmo assim, uma resenha (pequena) pra quem quiser concordar ou não …
2) Primeira resenha … o acidente entre Hamilton e Verstappen, foi a meu ver semelhante ao que aconteceu recentemente entre Raikkonen e Vettel, pra mim não houve culpados … e sim que dois carros não pode dividir o mesmo espaço … ou seja acidente de corrida … faz parte …
3) Segunda resenha. Por tabela achei injusto a punição de 10 segundos que deram ao Hamilton … está mais que na hora da Formula 1 num todo questionar as decisões destes comissários de pista … o que estes caras devem ganhar ($$$) não justificam as decisões deles … está feio e chato …
4) Com exceção do Peres (obvio), nenhum outro piloto do grid achou que houve culpados ou que o Hamilton tenha sido intencional no toque com Verstappen … Alonso foi o mais sucinto e claro na sua opinião …
Fernando Marques
Niterói RJ