Infelizmente, Bahrein

Sangue do meu Sangue
18/04/2012
The Wall
23/04/2012

É inacreditável. Realmente não temos aqui no GPTotal nenhuma explicação convincente para essa corrida acontecer.

É inacreditável. “Olha, é inacreditável.”. diria Cleber Machado como na narração do papelão austríaco onde Rubens cedeu a posição pra Schumacher. Realmente não temos aqui no GPTotal nenhuma explicação convincente para essa corrida acontecer. Aliás, já havia até pauta sugerida para substituir o tradicional “preview de corrida”. Talvez fosse só um ato rebelde (nosso) para não acreditar no inevitável. Bernie Ecclestone não iria contrariar, por 2 anos seguidos, os ávidos investidores. A conta é alta pra manter esse autódromo, tem que ter alguma festa no raciocínio “humanitário” dos políticos locais.

O grande chefe do circuito, senhor Zayed Alzayani, declarou a CNN “Eu não consigo ver a relação entre a F1 e as demandas deles. Quero dizer que somos um evento esportivo, um evento social. Isso não tem nada a ver com a reforma política no país.”. Nesse rumo a FIA veio a público dizer que “está satisfeita com todas as medidas de seguranças tomadas”. E ambos concluem que não ter o evento não vai fazer ninguém parar os protestos.

Me sinto na Disney, ouvindo o discurso sobre a segurança do parque, abraçado ao Pateta.

Do ponto de vista político, nenhum clima pra prova. Do ponto de vista esportivo, sugiro uma reflexão: fez falta esse circuito no seu calendário de 2011? Ninguém mais aguenta bater na orelha do senhor Tilke, mas sim, é outro circuito shopping center do arquiteto alemão. Sem graça, sem tempero, feito para encantar pelo poderio econômico e opulência construtiva e não pelo desafio máximo do esporte.

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Bahrein estreou na F1 em 2004, com uma vitória dele, Michael Schumacher. Depois disso, 3 vitórias de Alonso (2005, 2006, 2010), duas de Massa (2007, 2008) e uma de Button em 2009. Em 2010 (ano da última prova) alguém teve a genial ideia de usar o circuito mais longo. Chamando de Endurance (deve ser pelo fato de testar a paciência do público), possuía 24 curvas e 6.299m de asfalto lisinho.

Para esse ano, volta o circuito mais curto com 5.412 m distribuídos elegantemente em 15 curvas. Para os engenheiros o grande problema fica por conta da temperatura que, sempre elevada, obriga uma revisão nos sistemas de arrefecimento e prejudicam a eficiência aerodinâmica dos carros.

Os pneus também sofrem com o calor e com o excesso de areia na pista no começo de cada sessão. A Pirelli não correu nessa pista em 2011, mas garante que dois testes feitos na pista asseguram dados suficientes para uma boa performance da borracha. Do ponto de vista dos motores, tudo muito parecido com a China. 50% da volta com o pé embaixo, mas um miolo lento garante pouco esforço do motor.

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Alguma surpresa desse circuito ser muito parecido com o da China?

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Massa costuma andar bem nessa pista. Um desempenho ruim aqui garante a ele um passaporte VIP para saída pelos fundos da Ferrari. Raikkonen também tem resultados sólidos, mas a falta de champanhe no podium (proibido pelas leis locais) pode afetar o ‘apetite’ do finlandês.

Sem nenhum intervalo entre as provas a corrida caminha para um cenário parecido com o da China. Não devemos ter a supremacia em retas da Mercedes, mas o resto deve se manter dentro do que vimos domingo passado. Com retas menores até é possível imaginar uma Ferrari um pouco melhor. Só que é só imaginação, o próprio Alonso já avisou que o carro sofre com falta de velocidade final e retomada, características fundamentais nessa pista. Só faltou ele dizer que o carro não freia bem também.

Para nossos devaneios podemos reservar um safety car pra bagunçar as coisas. Chuva? Nem pensar. Só sonho mesmo.

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Informações da Pista

Circuito: Bahrain International Circuit
Voltas: 57
Comprimento: 5.412 km
Distância: 308.238 km
Recorde da Pista:
1:30.252 – M Schumacher (2004)

Programação

Sexta-Feira
4h – 1º treino livre
8h – 2º treino livre

Sábado
5h – 3º treino livre
8h – Classificação

Domingo
9h – Corrida

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Acostumados a presenciar feitos grandiosos dos esportes em nossa geração (Schumacher, Lance Armstrong, Sébastien Loeb, Roger Federer, Valetino Rossi, etc etc), a F1 vai nos presentear com um dos fatos mais patéticos do esporte. Uma corrida em um país em crise, sem cultura automobilística, em um traçado de parque de diversões, e com equipes preocupadas somente com o início da temporada europeia.

Agora é torcer para no apagar das luzes vermelhas os pilotos proporcionem um grande show.

Boa Corrida!

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

4 Comments

  1. Mauro disse:

    A F1 deixou de ser um esporte há muito tempo e essa pista, assim como outras tantas que estão no calendário são o que a F1 é hoje em dia. Quanto a questão da crise no país, acho que tanto faz ter ou não ter corrida, a F1 de hoje e nada é a mesma coisa, não passa de um evento sem graça promovido por corrúptos. É só lixo.

  2. Fabiano Bastos disse:

    É Flaviz,
    pelo lado esportivo, suas previsões mais otimistas foram confirmadas, os pilotos deram um show na corrida. Adoraria que os carros fossem “congelados” como estão, pois acompanho a F1 há uns 28 anos e nunca havia visto um grid tão apertado como foi até aqui neste ano.
    Já no lado político, também acreditava que a corrida não deveria acontecer, mas, pensando bem, será que alguma notícia sobre os problemas do Bahrain teria sido veiculada na imprensa mundial se a F1 não tivesse passado pelo país. Claro que eu gostaria que os pilotos e equipes tivessem aproveitado a oportunidade que lhes foi dada para usar seu poder de influência para lutar contra as injustiças existentes no Bahrain. Seria pedir demais ?!
    Acho que isto nunca aconteceu na F1, e talvez nunca aconteça, mas teria sido muito lega ver algum protesto velado contra a ditadura no Bahrain, assim como teria sido se Alain Prost, o último vencedor do GP da África do Sul, ainda sob o regime do Apartheid, tivesse subido no pódio, por exemplo, com o rosto pintado de preto (sujo de graxa ou fuligem) em protesto contra regime vigente, aposto que sua quantidade de fãs cresceria exponencialmente.
    Seria bom ver este homens com tanto poder de influenciar mentes preocupados com mais coisas além de seus próprios umbigos, mas deu para notar no tom das declarações publicadas que a única preocupação dos pilotos e membros de equipes era com sua própria segurança, não estavam nem aí para a população do país por onde estavam passando e de onde estavam arrancando algun$ trocado$.
    Mas… a corrida foi boa!

    • Flaviz disse:

      Também achei a corrida interessante, Fabiano! A diferença entre os 10 primeiros está muito pequena.
      Não tem mais definição da corrida antes da metade da prova, e isso é ótimo!

  3. Fernando Marques disse:

    Será que conseguiram vender ingressos para esta corrida?

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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