Levantando o astral

Schumy em crise
20/09/2001
2002
24/09/2001

Caro Edu,

Não, eu não quero fazer sites sobre velórios. Por isso, atendendo a pedidos (principalmente o seu), estou deixando de lado temas tristes e pesados. Mas não posso ignorar um fato que foi divulgado hoje em alguns sites: Mohammed Bin Laden, o pai de Osama Bin Laden, foi patrocinador da Williams entre 1978 e 1983. O nome de sua rede de hotéis, a Albilad, podia ser visto com destaque na carenagem dos Williams no período citado acima. É até capaz que Frank Williams tenha conhecido pessoalmente o ainda jovem Osama Bin Laden e tido uma impressão do tipo “Mas que moleque pentelho!…”

Já que você pediu histórias divertidas, seguem duas delas:

1) Outro dia achei em casa uma Autosport inglesa de 1976. Havia nela uma coluna assinada por Jody Scheckter. Desconfio que essas colunas eram a base dos depoimentos dele que a Quatro Rodas publicava aqui no Brasil. Eu gostava muito de lê-los porque sempre tinham alguma historinha de bastidores. Tenho certeza de que foi graças a esses depoimentos que eu simpatizei com o Scheckter e não fiquei tão chateado quando ele derrotou Gilles Villeneuve na briga pelo título em 1979.

Mas voltemos ao Jody. Na coluna que li, ele analisava o GP da França de 1976, que naquele ano foi disputado em Paul Ricard. E a história que ele contou ilustra como devia ser mais agradável o ambiente da F 1 nos anos 70. Em um dia qualquer, antes da corrida, ele estava andando à toa pela área dos boxes quando um sujeito se aproximou dele e falou que dali a poucos minutos haveria uma corrida de bicicletas para pilotos, mecânicos e outros convidados.

Jody respondeu que não ia participar porque estava de calças compridas. Sem problemas: um espectador ofereceu-lhe o calção que estava vestindo. Os dois trocaram de roupa ali mesmo, na frente de todo mundo, e o sul-africano foi para sua bicicleta – apenas para descobrir que um dos pneus estava vazio. A largada foi dada enquanto ele estava acabando de inflar o pneu. Mesmo assim, ele alcançou alguns pilotos e não teve dúvidas: simplesmente dava um agarrão nas bicicletas dos outros e passava à frente. “Emerson Fittipaldi me disse alguma coisa em português. Não entendi, mas não me pareceu ser muito educado”, conta ele no depoimento. Depois de ouvir insultos nos mais variados idiomas, Scheckter terminou a tal corrida de bicicletas em 3º lugar. O vencedor foi Jacky Ickx.

Sempre é bom lembrar que Jody Scheckter merece um lugar na história do automobilismo: ele foi o único piloto a vencer um GP de F 1 com um carro de seis rodas – no caso, o Tyrrell 008, no GP da Suécia de 1976.

2) Muitas pessoas acham que na F 1 tudo é feito milimetricamente e que um piloto esquece de tudo quando está no meio de uma corrida. Não é bem assim. Em 1997, Michael Schumacher e Eddie Irvine corriam juntos na Ferrari. O GP do Brasil teve duas largadas e na segunda Irvine usou o carro reserva, que – claro – estava regulado para o alemão. Os mecânicos regularam o que foi possível, mas os cintos ficaram apertados demais – especialmente no meio das pernas. Nas curvas, o deslocamento provocava pressão nas partes mais sensíveis do corpo de Irvine.

Não preciso dizer como o irlandês sofreu naquela corrida. Dizem que ele mal conseguia falar depois da bandeirada, tamanha era a dor.

Amanhã tem GP de moto em Valencia, na Espanha. Para mim, estas corridas têm proporcionado tanta emoção quanto a F 1 dos velhos tempos. Muito equiíbrio, belas disputas, muitos pilotos com carisma. Exatamente o que está faltando hoje na F 1…

Abraços e bom final de semana,

Panda

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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