Massa na Toyota

DUAS HOMENAGENS
09/09/2002
REVELAÇÕES DO CAMPEÃO
13/09/2002

Panda

Perdoem-me, você e os leitores, mas simplesmente não sei o que dizer neste um ano pós-atentados.

Coube a mim escrever a coluna no dia 12 de setembro de 2001, o site apenas iniciando a sua trajetória. Na noite do dia 10, havia comunicado oficialmente aos amigos, via e-mail, a existência deste GPTotal e, 24 horas depois, me vi na condição de ter de escrever sobre Fórmula 1 em meio àquela tragédia pavorosa.

Optei por citar Conrad e o seu O Coração da Treva, uma das mais assustadoras histórias jamais criadas. Espero nunca ter de repetir aquela terrível coluna.

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Escrevo nesta manhã de quarta com um olho no www.grandepremio.com.br, esperando por boas notícias vindas da Itália. Flávio Gomes, que já deve estar chegando a Monza, pode anunciar a qualquer momento a contratação de Massa pela Toyota.

Seria esta a melhor opção disponível para o jovem brasileiro, principalmente porque se trata de uma equipe que está pequena mas não é pequena. Torço para que seja anunciado um contrato de longa duração, no mínimo dois anos, e que Gustav Brunner acerte a mão no carro novo, de forma que Massa possa ter aquele período de amadurecimento que reclamei em minha última coluna.

É hora de cruzar os dedos.

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A edição de Autosprint recebida por mim ontem traz um dossiê bastante completo sobre a demissão de Massa, pelo menos mais completo do que vimos na imprensa brasileira.

A revista italiana, minha leitura preferida desde 1972, foi a primeira a trombetear as possibilidades de Massa vir a se tornar um megaastro da Fórmula 1, mais ou menos um ano atrás.

Agora, Autosprint reafirma sua crença no piloto, considerando-o culpado apenas de ter o pé pesado. “Massa, na apática Fórmula 1 de hoje”, diz editorial da revista, “é um fenômeno raro: um atacante puro, um que pisa fundo em qualquer circunstância, custe o que custar. Um piloto que corre com a faca entre os dentes e viaja sempre no limite”.

Dito isso, a revista lista uma longa série de mancada de Massa, que teriam resultado na perda pela equipe de seis chassis. Perda, aqui, deve ser visto com ressalvas mas, vá lá, é um bocado de erros (exemplos: Mônaco e Inglaterra) ou azares (Austrália), entre batidas, saídas de pista e infrações.

Mas isso, segundo a revista, teria pesado menos na decisão da equipe do que a percepção, com a qual inclusive concordou em parte o manager italiano de Massa, de que o piloto brasileiro não melhorou seu desempenho de forma consistente a partir da 3a corrida do ano. É uma questão discutível até que ponto se possa cobrar “melhora consistente de desempenho” de um estreante de 21 anos que entre erros e acertos tem o mesmo número de pontos que Jarno Trulli. Peter Sauber, vendo tudo bem de perto, pode mesmo considerar que Massa não está com está com a bola toda e que a equipe conseguirá melhores resultados com um macaco velho como Frentzen.

Outro fator que, segundo Autosprint, teria pesado na decisão de Sauber: o fato de Massa não ter se mostrado propriamente um piloto dócil às ordens de equipe. A revista lembra que um engenheiro de Pedro Paulo Diniz foi demitido imediatamente por Sauber quando tergiversou em comunicar a Diniz que ele deveria ceder a sua posição ao outro piloto da equipe.

Sabe-se que Massa não concordou de imediato quando recebeu a ordem de ceder a posição a Heidfeld na Alemanha, já no Brasil, teria feito o mesmo.

Enfim, posto os pratos da balança, vê-se que a Sauber, por vias tortas ou não, teve suas razões para trocar Massa por Frentzen. Eu temia que isso significasse um duro golpe para a carreira de Massa mas, neste momento, tudo indica que ele vai se sair bem da refrega.

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Outra nota interessante na mesma edição de Autosprint: o consumo médio dos Ferrari de Schumacher e Barrichello é de 1,37 km/l em configuração de corrida, aproximadamente a mesma coisa dos demais motores. Mas com a superioridade atual dos carrso italianos, descobriu-se que, quando eles podem aliviar o ritmo, como fizeram na Hungria, são capazes de percorrer até 1,74 km/l, uma marca especialmente alta para um motor de Fórmula 1;

Lembra-se quando, no começo da temporada, se falava que os pequenos tanques de combustíveis da F2002 levaria a equipe a tentar estratégias exóticas de corrida? Pois é. Tudo isso virou letra morta. Até em consumo de combustível os italianos deram um banho na oposição

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A revista Motorsport de setembro considera o Eagle o mais belo Fórmula 1 jamais construído. Nós aqui no GPTotal indicamos de fato este carro entre os mais belos da década de 60 mas ele não foi particularmente votado pelos leitores.

Será que eles não querem reconsiderar? Para saber mais sobre a máquina de Dan Gurney, clique aqui.

Abraço a todos

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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