Edu,
Não vou enrolar. Tenho muito pouco a dizer sobre o GP de Mônaco, e pode ser resumido da seguinte maneira: P… CORRIDA CHATA! Os oito primeiros colocados no grid foram os oito primeiros colocados na bandeirada e, apesar de a ordem final não ter sido a mesma do começo, as trocas de posição aconteceram unicamente na largada e nas paradas de box. Um tédio.
OK, vão me lembrar que as últimas voltas criaram alguma expectativa, com Räikkönen andando colado a Montoya e Schumacher se aproximando dos dois. Mas quem conhece automobilismo não tinha a menor ilusão de uma disputa real. As posições só mudariam se alguém errasse ou quebrasse. Como nada disso aconteceu, só restou assistir àquele desfile veloz, mas pouco emocionante.
De qualquer maneira, fiquei contente com a vitória de Montoya – praticamente qualquer esportista latino-americano tem minha torcida. Estava na hora de Montoya conseguir voltar ao alto do pódio. Para quem, como eu, preferia uma vitória de Schumacher e a conseqüente subida à liderança do campeonato, ficou o consolo de que a vitória de Montoya tirou pontos de Räikkönen.
E os brasileiros? Da Matta foi o melhor, mas tudo o que pôde fazer foi manter sua posição na pista. Chegou a perdê-la para Villeneuve e recuperou-a quando o canadense abandonou. Pizzonia, mais uma vez, abandonou por causa de problemas do Jaguar. E Barrichello… Bem, Barrichello largou mal, perdeu uma posição e não conseguiu recuperá-la. Ficou navegando pelo oitavo lugar até o final da corrida, subindo de posição somente quando os da frente faziam suas paradas.
De qualquer maneira, chamou minha atenção o desempenho discreto da Ferrari em Mônaco. Schumacher andou rápido, mas perdeu tempo demais nas voltas entre o primeiro e o segundo pit stop. Isso enterrou de vez a possibilidade de disputar a vitória – ela já ficara bastante abalada com o 5º lugar no grid. Também fiquei espantado com a maneira como Ralf Schumacher perdeu posições em seu pit stop.
Como ainda não tenho as informações à mão, fico à espera das notícias dos nossos amigos do Grande Prêmio (www.grandepremio.com.br).
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Fato histórico em Mônaco aconteceu na corrida Fórmula 3000. Nunca, em toda a história do automobilismo no mundo, foi vista uma maneira tão ridícula e idiota de se perder uma corrida. Passo a palavra ao amigo Flávio Gomes, que colocou o seguinte texto no www.grandepremio.com.br:
“Kiesa vence corrida ‘pastelão’”
“A temporada da F-3000 Internacional conheceu hoje seu mais novo candidato à espécie Equus asinus, tratado comumente por Bjorn Wirdheim. O piloto sueco da Arden fez uma das maiores burradas da história. Largou na pole, liderou a corrida toda em Mônaco, quarta etapa do campeonato, e na reta final, a poucos metros da bandeirada, foi fazer graça devagarzinho junto à equipe, na mureta.
“Resultado: Nicolas Kiesa, que vinha em segundo, apontou na reta, viu o bobão quase parado, passou por ele e venceu a corrida. Wirdheim ficou com cara de tacho no pódio, mas o prejuízo foi de apenas dois pontos, além do vexame em praça pública. Pior poderia ter acontecido. Ao notar Kiesa passando, acelerou feito um doido e quase perdeu também o segundo lugar para Raffaele Giammaria, o terceiro — que por sua vez quase bateu nele na volta de desaceleração.
“A prova teve apenas 17 carros, dez chegando ao final. Ricardo Sperafico, único brasileiro na categoria, manteve o segundo lugar que tinha no grid por boa parte da prova, mas acabou tendo problemas e despencou. Já como retardatário, bateu em Giorgio Pantano, que estava em segundo, e acabou desclassificado com bandeira preta.”
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Para aqueles que ainda acreditam no poder das novas e ridículas regras de tornar a F 1 “mais equilibrada e emocionante, dando mais chances a um maior número de equipes”: em Mônaco, tanto o grid de largada quanto o resultado final teve nos oito primeiros lugares os carros das quatro equipes mais fortes (Ferrari, McLaren, Williams e Renault). E, se deixaram de ocupar essas oito primeiras posições em algum momento, foi por causa das paradas de box.
Só para deixar bem claro que não mudei de idéia a respeito: o atual regulamento da Fórmula 1 é uma merda.
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Flash-back inspirado pelo GP da Áustria. Schumacher não foi o primeiro piloto a terminar uma corrida depois de ter um princípio de incêndio num pit stop. Em 1983, Keke Rosberg passou por um momento idêntico no GP do Brasil. Só que Schumacher não esboçou a menor reação ao fogo, enquanto Rosberg, tão logo surgiram as labaredas, desatou o cinto e caiu fora de seu Williams. Em seguida, com o fogo debelado, Patrick Head berrou: “Volte para lá!”. Keke voltou em 5º ou 6º lugar (estava em 2º antes de parar), recuperou-se e recebeu a bandeirada em 2º, atrás de Nelson Piquet e à frente de Niki Lauda.
Keke subiu ao pódio, mas horas depois os comissários desportivos divulgaram um comunicado anulando o 2º lugar de Rosberg porque ele havia sido empurrado para voltar à corrida. Até aí, tudo bem. Só que, ainda segundo a decisão dos comissários, os pilotos que terminaram permaneceriam nas mesmas posições. Eles (os comissários) consideraram que a infração de Rosberg não teve influência no resultado final da corrida. Graças a essa decisão esquisita, o GP do Brasil de 1983 ficou sem 2º colocado. Lauda, o 3º, recebeu os quatro pontos originais e assim por diante.
Abraços,
LAP