Sobrenome às vezes ajuda, mas também pode ser um problemão! Melhor aliviar a carga e deixar Bruno, Pietro e outros jovens filhos e netos de campeões correrem e provarem na pista quem são.
Os quinze anos de antes, realmente não são como os de agora. A velocidade da informação, o acesso a possibilidades antes inatingíveis, o leque enorme de opções tecnológicas e meios de se obter conteúdo e aprendizagem, vêm mudando a própria velocidade do tempo. Bom, sei que parece uma tese de Einstein – tipo quebrar a barreira da velocidade no espaço – mas se até ele está sendo posto à prova neste momento, por que eu não posso criar a minha própria tese?
Discorro sobre isso porque, olhando os campeonatos de automobilismo e suas marcas mais recentes, vemos cada vez mais cedo alguém ser campeão. Na Fórmula 1, o recorde de Emerson Fittipaldi, como o mais jovem campeão, demorou a cair, mas depois vieram de Fernando Alonso e Sebastian Vettel, que agora pode se tornar o mais jovem bicampeão da categoria. Não precisa nem ir para fora do país; na Fórmula Futuro, do Racing Festival, encabeçado por Felipe Massa, logo na primeira prova desta segunda temporada, Victor Franzoni tornou-se o mais jovem piloto a conquistar uma vitória no automobilismo brasileiro, com 15 anos.
Isso só foi possível pela mudança na regulamentação introduzida pela CBA no ano passado, que reduziu a idade mínima para participação em campeonatos. Digo mais: não foi a regulamentação que mudou a cabeça dos mais jovens; foram eles que impulsionaram a mudança. Se não provassem ser possível fazê-la valer, dificilmente a mudança viria de graça.
Também com 15 anos, veja só, o neto de Emerson Fittipaldi acaba de abrir as portas da conquista de campeonatos na Nascar americana. Pietro Fittipaldi, não só é o primeiro brasileiro a se tornar campeão de uma categoria da Nascar mas também é o primeiro latino-americano a vencer um campeonato em qualquer uma das divisões da categoria norte-americana. Isso tudo aconteceu na Limited Late Model, uma das divisões da All American Series da Nascar, que serve como uma espécie de acesso para a Sprint Cup. Nela, pilotos de diferentes idades – há competidores com mais de 40 anos – disputam provas no circuito oval de Hickory, na Carolina do Norte – todas as etapas do campeonato são disputadas na mesma pista. Nascido em Miami, Pietro é filho de Juliana Fittipaldi. Como se não bastasse a influência do avô, a tia Tatiana é casada com Massimiliano Papis, ou Mad Max, que já correu em várias categorias da Nascar e na F1. Ou seja, é influência demais da conta e não daria para ser diferente. O avô bicampeão mundial de Fórmula 1, campeão da Indy e das 500 milhas de Indianápolis, deve estar feliz da vida.
Foi até bom Pietro morar longe, fora do Brasil. Aqui realmente a pressão que sofreria por ser neto de quem é, seria enorme. Veja outros exemplos: Cacá Bueno não é filho de nenhum campeão de nada na pista mas mesmo assim tem gente que não gosta dele só por ser filho do Galvão Bueno. Gosto do Cacá, acho boa pessoa, gente boa e bom piloto. Gosta de verdade do que faz mas tem que carregar o peso de às vezes ser odiado só porque é filho de quem é. Nelsinho Piquet, outro exemplo, não teve tempo de se desenvolver. Chegou cru na Fórmula 1, carregando o sobrenome Piquet, carga pesadíssima nas costas e não suportou a pressão. Teve que ceder e deu no que deu.
Rubens Barrichello, herdou sem querer o cargo de substituto de Ayrton Senna, como herói do povo brasileiro. Contudo, o peso enorme que lhe foi posto sobre a cabeça era muito grande. Tentou abraçar a causa mas os anos provaram que não era a hora. E agora, na abertura do GP de Cingapura pelo canal brasileiro que transmite a Fórmula 1, vejo uma outra transferência de carga. Dizia o texto da matéria: “há muito tempo uma Lotus preta com alguém guiando um capacete com as cores do Brasil fazia o país parar. Agora em novembro mais uma vez a emoção vai voltar, uma Lotus preta e um piloto com o capacete com as cores do Brasil estarão em Interlagos”. Foi mais ou menos isso.
Caramba! Que baita pressão Bruno vai ter de suportar uma vez mais. Não bastou sua primeira passagem pela Fórmula 1 para ver que se precisa de tempo para trabalhar com essas questões para se dar bem na pista? Será que precisa de toda essa pressão? Será que só o fato da última prova de um campeonato de Fórmula 1 ser no Brasil já não é o bastante para ser um destaque bem prazeroso para que Interlagos encha? Enfim, eu, particularmente – e essa opinião é exclusivamente minha -, acho que não precisa. Aliviem a carga! Deixem eles correram e provarem na pista quem são. Sobrenome às vezes ajuda, mas também pode ser um problemão!
Abraços
Tiago Toricelli | tiagotoricelli@hotmail.com
4 Comments
Achei uma judiação esse moleque aí,neto do Emerson,franzino,miudo,estar guiando essas barcas da Nascar.Podem me criticar,mas é um absurdo.Estão tirando o resto da infancia desse menino e jogando nas costas dele uma pressão enorme.Ele no máximo,deveria estar no kart.Tomara que nada dê errado,pq se der muita gente vai se sentir culpada.Deixem o moleque em paz!Que bando de egoistas!Que falta de responsabilidade fazer isso!Pai,mãe,e avô do menino:Voces são malucos!
No Brasil existe um preconceito danado com sobrenome. A primeira coisa que se diz é “só está lá por conta do nome”…..
Fazer o que…. Brasileiro é assim mesmo e não vai mudar nunca.
Acho dificil o Bruno Senna chegar a algum lugar tendo um pé frio danado como seu maior torcedor chamado Galvão Bueno … já a familia Fittipaldi (certamente o sobrenome é o mais nobre do automobilismo brasileiro) vai certamente gerar varios pilotos de tão grande é a prole do Emerson, assim como a do Piquet, e mais na frente um vai se dar bem …
Fernando Marques
Niterói RJ
Infelizmente Tiago, as coisas no Brasil são assim mesmo!
Sorte ao Bruno, pois ele vai precisar!
Abraço a todos!
Mauro Santana
Curitiba-PR