Quando a Williams e Michelin vão virar o jogo?

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Panda

Eu e o resto da humanidade previmos antes do Campeonato começar que Schumacher ganharia as cinco ou seis primeiras provas e depois administraria os pontos acumulados rumando para o penta sob forte ataque da Williams.

Até agora, eu e seis bilhões de viventes acertamos quase que na mosca. Schumacher só perdeu na Malásia onde – ah! A sorte dos campeões – conseguiu um 3o lugar por pura sorte. Resultado: ele tem hoje muito mais vantagem sobre o segundo colocado do que no campeonato do ano passado, além de ser favorito destacado para os GPs da Áustria e Mônaco.

Pergunta: e depois? A Williams vai reagir?

Vai, mas não tão rápido. Áustria e Mônaco já estão no bolso vermelho do alemão. Canadá é sempre uma incógnita pois é uma das pistas que mais exigem de carros e motores. A seguir vem o “verão europeu”: Nurburgring, Silverstone, Magny-Course, Hockenheim, Hungria, Spa, Monza, umas mais outras menos favoráveis a Williams e Michelin.

Uma virada anglo-francesa virá, com certeza, em algum momento do verão europeu. Não acho que isso vá impedir o penta italo-germânico mas certamente tornará o campeonato mais interessante.

A Williams não pára de testar seus carros, está trabalhando num novo câmbio, semelhante ao da Ferrari, e numa aerodinâmica traseira totalmente renovada. A Michelin, por sua vez, já foi capaz de fazer um pneu melhor do que o Bridgestone. Tem tudo para repetir a dose quem sabe já nas próximas corridas.

Há, porém, um temor generalizado: o de que a Ferrari ainda tenha cartas escondidas na manga e possa tornar o F2002 ainda mais rápido e confiável.

Aí, mem amigo, não será só a Williams que terá de melhorar para virar o jogo; será preciso também que a Ferrari piore.

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Mas, afinal de contas, por que o novo Ferrari é tão bom assim? Pelo jeito, não é apenas porque tem Schumacher ao volante. Os analistas e engenheiros rivais vão aos poucos decifrando a criatura de Rory Birne e vão entendendo os seus segredos. Alguns deles:

– o carro foi projetado de forma que toda a sua carroçaria conduza um fluxo de ar “acelerado” e mais limpo para o aerofólio traseiro. Isso exigiu alterações em várias partes mecânicas do carro, principalmente o câmbio, que teve de ser miniaturizado ao máximo.
– O peso sobre o eixo traseiro foi consideravelmente reduzido em relação ao carro do ano passado (avalia-se que em cerca de 26 kg em relação aos carros da Jordan, por exemplo). Com isso, Birne e os projetistas da Ferrari conseguiram resolver o principal problema do Ferrari do ano passado: o gasto excessivo dos pneus traseiros em corrida. (É por isso que as demais equipes que usam pneus Bridgestone não estão fazendo nada de especial no campeonato)
– O peso deslocado em direção ao centro do novo Ferrari tornou mais flexível a distribuição dos lastros pelo carro, facilitando o acerto pista a pista.

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Deliciosa história colhida nas páginas de AutoSprint.

Por questões complexas de aerodinâmica, o Ferrari 2002 é um carro que privilegia e tende a sair de frente – ou seja: ele perde ou tem menos aderência sobre as rodas dianteiras do que sobre as traseiras.

Pois um certo senhor Schumacher sempre preferiu que o seu carro saísse mais de traseira (com todo o respeito) do que de dianteira.
Pergunta de Mauro Coppini, o “engenheiro das 2as-feiras” de AutoSprint: teria sido por isso que o alemão copio o acerto do carro de Rubinho para os treinos de sábado na Espanha?

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Paciência, Rubinho. Tenha paciência. Uma hora dessas você acerta a mão e vai fazer como o Damon Hill em 93: ganhar duas ou três corridas seguidas e acabar com esta uruca que está te cercando este ano.

Mantenha a cabeça fria também na hora de negociar o contrato para 2003 e feche com a Ferrari. Você precisa ter o melhor carro em mãos e não o melhor contrato, que te dê mais tranqüilidade e grana.

Se quiser sossego, abra um hotel. Um piloto tem de se arriscar e se superar, mesmo que no carro ao lado esteja este alemão desgraçadamente rápido – mas que nas duas últimas corridas teve de suar para bater os seus tempos.

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Um abraço a você, Panda e, em especial, a todos os leitores e nossos parceiros do www.grandepremio.com.br que nos ajudaram a bater todos os recordes de visita ao site neste mês de abril.

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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