RIDÍCULO!!!

GP da Malásia
15/03/2002
GP da Malásia
20/03/2002

Edu,

Ridícula. Simplesmente ridícula a decisão da FIA em punir Juan Pablo Montoya pelo acidente na Malásia, acusando-o de “não ter evitado” o acidente na largada. Foi um acontecimento típico de largadas, mas os velhotes não entenderam assim e estragaram a corrida do colombiano aplicando-lhe um stop and go.

Acho que foi a primeira vez que vi um piloto que estava à frente de outro levar a culpa por um acidente. Pelas imagens da TV, ficou nítido que Montoya nada mais fez do que procurar seu traçado – o que é muito justo, já que ele estava à frente dos outros. Schumacher, também naturalmente, não quis facilitar e manteve-se em sua linha. Parece ter calculado mal a manobra ou derrapado um pouquinho, e aí aconteceu o choque entre os dois. Culpa? Só se foi por eles terem nascido. Tudo o que pode ser dito contra qualquer um dos dois é aquele velho chavão de que eles quiseram decidir a parada logo na primeira curva. Mas o que esperar de dois pilotos de ponta, adversários diretos na luta pelo título, em uma largada de GP?

Durante uns 40 anos, a Fórmula 1 existiu muito bem sem precisar de velhotes engravatados decidindo se os pilotos erraram ou não em suas disputas na pista. Poderia ter continuado assim.

+++

Dos brasileiros, Rubens Barrichello tem boas razões para lamentar a quebra de motor que tirou-lhe o 2º lugar, enquanto Felipe Massa saiu de Sepang comemorando seu primeiro ponto na F 1. Não chegou a ser um desempenho que chamasse a atenção como o dos treinos do GP da Austrália, mas ele deu conta do recado e está confirmando o que se esperava dele.

Seria injusto não comentar a corrida de Enrique Bernoldi. No ano passado, houve quem o criticasse (inclusive jornalistas brasileiros) por não ter facilitado a ultrapassagem de David Coulthard no GP de Mônaco, argumentando que ele prejudicou um piloto que tinha um carro muito superior e que lutava pelo título. É o tipo de argumento que nega a própria essência das corridas de automóvel. Se fosse assim, seria melhor entregar reservar todos os troféus deste ano aos pilotos da Ferrari e da Williams. Mônaco é uma pista onde as ultrapassagens são quase impossíveis, mas Coulthard, justamente por ter um carro muito superior ao medíocre Arrows do brasileiro, tinha obrigação de ultrapassá-lo na pista. Não conseguiu porque foi frouxo.

Em Sepang, Bernoldi andou durante muito tempo em colocações entre o 10º e o 12º lugares, à frente de pilotos bem mais badalados do que ele. Durante duas voltas, foi um páreo duro para a Ferrari de Schumacher. Concordo com o que você escreveu no ano passado: com um carro decente nas mãos, Bernoldi poderia dar bons espetáculos.

+++

O resultado da Malásia deixou o campeonato bastante equilibrado: Michael Schumacher 14 pontos, Montoya 12, Ralf 10. Barrichello, apesar de ainda estar sem pontos, parece ter boas chances de se aproximar desse grupo. O mesmo não pode ser dito (ainda) da McLaren: os dois carros ficaram muito abaixo das Ferrari e Williams em Sepang.

+++

Durante a transmissão, minha mulher, Alessandra, lembrou-se de um de nossos comediantes preferidos (Jerry Seinfeld, quem mais poderia ser?). Certa vez, fez o seguinte comentário: “As pessoas podem avaliar a distância pelo tempo, mas não o tempo pela distância”. E deu os exemplos: é comum dizer que tal lugar está “a uns 20 minutos de carro”, mas não que “você demora três quilômetros” para chegar até ele.

Lembrei-me disso porque muitos narradores e comentaristas de F 1 adotaram o tempo para mensurar a quantidade de combustível que os pilotos colocam durante suas paradas. Já virou lugar-comum ouvir que “fulano colocou 10 segundos de combustível”. Para facilitar as contas: a cada segundo, a máquina usada na F 1 pode despejar de 12 a 13 litros de combustível no tanque.

+++

Detesto fazer isso, mas em nome da exatidão histórica e da veracidade dos fatos eu não posso me omitir perante algumas coisas que foram ditas na transmissão de TV:

1) “Felipe Massa está fazendo sua primeira corrida na F 1” (Galvão Bueno). Não, não estava. Estatisticamente e oficialmente, o GP da Malásia foi a segunda corrida de Massa na F 1. O fato de ele não ter passado da primeira curva no GP da Austrália não invalida sua participação naquela corrida.

2) “Emerson Fittipaldi estreou na F 1 em 1969” (dito mais de uma vez por Reginaldo Leme). Não sei de onde Reginaldo tirou esta. Todo mundo sabe que Emerson estreou na F 1 no GP da Inglaterra de 1970. A informação pode ser conferida em qualquer media guide, site ou reportagem sobre o assunto.

Já que estou comentando essas coisas, gostaria de saber por que Galvão insiste em chamar Jenson Button de “Jason” Button e Heinz (pronuncia-se Ráins) Harald Frentzen de “Hans” Harald Frentzen…

Abraços,

LAP

GPTotal
GPTotal
A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *