De novo: Rubinho talvez tenha quebrado a barreira da vitória, que tanto perseguiu nos últimos anos.
Enfatizo o talvez.
Até os muros dos boxes de Interlagos sabem que Rubinho, apesar da calvice que cresce a cada pódio, é um espírito jovem, ainda em formação. Nenhum problema: milhares de jovens são assim hoje em dia: chegam à vida adulta sem um caráter perfeitamente definido, sem o amadurecimento próprio que separa os homens dos garotões. Montoya, por exemplo, é três anos mais moço do que Rubinho. Alguém diria isto sem olhar as certidões de nascimento de um e outro?
O que quero dizer é que muito poucos contestam os dotes de pilotagem de Rubinho; contestam, isso sim – e com toda a razão -, a capacidade do jovem brasileiro em ver todo o quadro e escolher a melhor opção. Isto vale desde a escolha do setup do carro até o momento de chorar no pódio ou se expor com suas tétricas “sambadinhas”. Um espírito mais maduro, mais consciente das próprias capacidades e limitações estaria mais habilitado a trafegar neste ninho de víboras mortíferas que é a Fórmula 1 em geral e a Ferrari em especial.
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Voltando ao ponto inicial, o GP da Áustria e, na seqüência, Canadá e Nurburgring talvez tenham ensinado a Rubinho como dosar suas forças, habilidades e ansiedades de forma a converte-las em boas largadas, voltas rápidas, conservação de pneus etc., levando-o a chegar bem colocado e eventualmente à vitória em todas as corridas e não apenas uma ou outra. Cada curva encerra uma lição. Parece que Rubinho as entendeu.
De minha parte, otimista radical que sou, acredito que Rubinho de fato quebrou a barreira da vitória nas últimas semanas.
Isso não quer dizer que ele será campeão mundial em 2002, sequer em 2003. Não quer dizer que ele se tornou melhor que o alemão ou Montoya. Significa apenas que Rubinho saberá cada vez mais evitar aqueles erros e azares pueris que tanto empalideceram e ridicularizaram sua carreira na Fórmula 1. Azares, você sabe, são muito seletivos. Geralmente não acontecem para gente grande…
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Se ele não vai ser campeão mundial, pelo menos por enquanto, qual a vantagem para Rubinho de ter quebrado a barreira da vitória?
Em primeiro lugar, ele será um ser humano mais feliz, nos poupando de partilhar com ele suas pontuais crises de depressão.
Em segundo, estará apto a ganhar mais corridas, o que sempre é um grande barato para nós, brasileiros. Creio que Rubinho nunca terá a massa de torcedores que Emerson, Piquet, Senna e mesmo Pace tiveram mas, que diabo, é um brasileiro, paulista e paulistano lá em cima, fazendo ingleses e outros bichos morderem o pó da derrota (hahahá).
E quebrar a barreira da vitória significa para Rubinho a probabilidade de ganhar mais três ou quatro corridas este ano, inclusive o GP da Inglaterra, para o qual o considero favorito.
Pronto. Está feita a minha aposta. E agora vamos parar de bancar o psicólogo e falar de carros e corridas, que é o que interessa – além das mulheres, é claro.
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Repasso aos leitores mais duas fotos do novíssimo Ferrari Enzo Ferrari, nome definitivo do que, até agora, era conhecido como modelo FX.
A jóia tem um motorzinho V12 de 5.998 cc que promete uma potência de 650 cavalos e uma velocidade máximo superior a 350 Km/h, mais ou menos a mesma coisa que um Fórmula 1 entrega nas retas de Monza.
O Enzo Ferrari seráapresentado oficialmente em setembro, no Salão de Paris. Se você ou o leitor estiver interessado em adquirir um, é bom se apressar pois a Ferrari só vai fabricar 349 exemplares do carro.
Infelizmente, GPTotal, apesar de ter se empenhado em desvendar os mistérios de Maranello, não está apto a revelar o preço do carro.
Diríamos que deve girar em torno de uns US$ 800 mil e sabe lá Deus quanto na revenda. Sim, porque não basta ter o dinheiro para comprar um carro destes. É preciso ser clientes tradicional Ferrari. Depois, discretamente, você pode revendê-lo e obter lucros cavalares. Nigel Mansell fez isso com um Ferrari F40 (para mim o mais belo Ferrari de rua de todos os tempos). Os italianos espumaram de raiva mas Mansell não estava nem aí: comprou o carro por uns US$ 450 mil e o vendeu por US$ 1,2 milhão…
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Nossa eleição dos mais belos Sport-Protótipos vai repetindo o sucesso da escolha dos mais belos Fórmula 1.
Não tive tempo e paciência para contar e contabilizar os votos de um e outro, coisa que prometo fazer em breve, mas acho que os campeões de uma e outra categoria (nota dez para o bom gosto dos nossos leitores) são as duas Lotus JPS negras e douradas pilotadas por Ayrton Senna em 85 e 86 e o Ford GT40.
É minha segunda aposta do dia e é bom ficar por aqui, porque já já vou prever que o Brasil ganha o penta domingo pela manhã e, todo mundo sabe, Panda não gosta que a gente fale de futebol…
Boa sorte Rubinho, boa sorte Brasil
Eduardo Correa