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Rubinho está por baixo, o bota baixo nisso.
A gente – e incluo a imprensa nacional e estrangeira – nem tem falado muito nisso porque chega a pegar mal. Eu, particularmente, que disse aqui neste espaço que Rubinho talvez tivesse quebrado a barreira da vitória depois de Áustria e Europa 2002, sou obrigado agora a comer o pão amargo do erro e constatar que, com o Ferrari 2003 GA, Rubinho, quando muito, consegue disputar o 5o lugar de uma corrida contra Fernando Alonso e um Renault que começa a abrigar o bico diante da escassez de testes a que foi condenado pela opção da equipe.
Sim, porque Rubinho não tem carro e muito menos força física e moral para enfrentar o duo da Williams, Kimi e Schumacher.
Creio que falamos aqui durante o ano passado sobre uma tese corrente na Europa, de que o equilíbrio extremo do Ferrari 2002 o fazia ter um comportamento em curva sob medida para o estilo de pilotagem de Rubinho ainda que fosse um pouco fora do estilo do alemão, que prefere carros que saem de frente, um acerto exótico para os padrões da Fórmula 1.
O carro deste ano não repetiu – não saberia explicar por que – este acerto básico, de forma que Rubinho voltou a ter em mãos um carro empacotado de um jeito que ele não gosta. E vai tentar mudar algo que seja do gosto do Schumacher…
Outro problema apontado no Ferrari deste ano: sua propriedade de mudar de comportamento rapidamente, seja pelas condições de temperatura da pista, seja por outros parâmetros, como quantidade de combustível e condições dos pneus.
Assim, Schumacher e Rubinho são desafiados a readaptar seus estilos de pilotagem a cada nova sessão de treinos ou estágios da corrida, coisa que o alemão tira de letra, Rubinho não.
Não sei se estas são explicações válidas para os problemas de Rubinho nesta temporada mas tenho certeza que a questão mais importante está mesmo na cabeça do nosso garoto.
Todos sabemos que Rubinho convive com altos e baixos de motivação que as minhas pobres luzes em psicologia não me permitem antever mas, saindo de frente ou de traseira, este é o problema principal. E só Rubinho pode enfrentá-lo.
De nossa parte, creio que o melhor mesmo é economizar nos comentários e torcer por uma virada.
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Os problemas dos pneus Bridgestone, os vilões do mau momento Ferrari são a incapacidade de se estabilizarem quando muito aquecidos. Isso significa uma perda progressiva de eficiência, o que torna mais difícil a pilotagem quanto mais próximo o carro está do pitstop.
Corridas em pista quente, como as que se anunciam em Silverstone, Hockenheim, Hungria e Monza são mais ou menos como o segundo jogo da Libertadores para o Santos: os Ferrari vão ter de descontar uma vantagem de dois a zero para o adversário.
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Seguinte: Inglaterra e Alemanha já estão no bolso da Williams, talvez uma vitória para cada piloto, bastante provável que façam pelo menos uma dobradinha.
Tomando estas previsões como ponto de partida, chegaremos na Hungria com Schumacher com uns 77 pontos (um 2o e um 4o ou dois 3os), Ralf com 71, Kimi com 67 (um 3o e um 4o) e Montoya com 63.
Aposto o que você e os leitores quiserem que Schumacher não perde na Hungria por nada e marca no mínimo um 2o na Itália (se bem que não sei dizer como ele conseguirá tal façanha, pois Monza é uma pista sob encomenda para a potência dos Williams…), chegando a uns 95 pontos. Aí ele terá que administrar uma diferença entre seis e dez pontos em relação ao 2o colocado no campeonato que, nesta altura poderá ser tanto seu irmão quanto Kimi, que me parecem mais do que suficientes para ele levar o título pela 6a vez, tanto mais que no Japão, terra da Bridgestone, a vitória é questão de honra com direito a harakiri em caso de fracasso.
O risco para Schumacher é a McLaren, por algum milagre, fazer o carro velho voltar a ser competitivo (note que nas últimas sete corridas, Kimi só ficou à frente de Schumacher uma vez) ou então Ralf disparar a vencer corridas. Mas veja como o novo regulamento de pontuações é injusto. Como Ralf está 11 pontos atrás do irmão, ele precisa vencer todas as corridas até o Japão com Michael chegando em 2o para assumir a liderança do campeonato.
Bom final de semana
Eduardo Correa